Artista desenvolveu sua habilidade e faz pinturas realistas dos bichinhos.

Os retratos são uma forma muito antiga de eternizar memórias e a mestranda Gleicy Tumelini, 28 anos, de Francisco Beltrão, vem desenvolvendo uma maneira diferente de registrar um público bem específico — e muito fofo! Por meio de retratos realistas em aquarela, Gleicy desenha os pets captando as expressões e características que encantam os donos.
A técnica de pintura surgiu na vida da artista quando ainda era criança, através de um estojo que ganhou dos pais. Mas os desenhos eram feitos em papel sulfite, que não é o ideal, e sempre rasgavam, por isso Gleicy abandonou a ideia. Até 2017, quando se deparou com vídeos da vlogueira canadense Shayda Campbell explicando a arte da tinta misturada com a água e a vontade de pintar reacendeu.

“No começo, além de usar meus pincéis de maquiagem para pintar, olhava muitos vídeos, procurava aquarelas prontas na internet e tentava reproduzir. Com o tempo, passei a observar como a luz se comporta, como poderia desenvolver melhor a técnica. Passei até a observar as coisas ao meu redor de forma diferente, dando mais atenção aos detalhes das plantas, dos objetos”, conta Gleicy.
Nesse processo de aprender sozinha, reproduzindo as imagens, no ano passado, já durante a pandemia, ela encontrou um curso direcionado a retratos de pet desenvolvido pela artista Ana Wilhelm e resolveu investir no aprendizado, unindo ao seu amor pelos animais. “Eu sou apaixonada por cachorros e gatos, tenho uma cachorrinha e um gatinho. Passo a mão e converso com todos os animais que vejo na rua, essas coisas. Foi essa paixão e carinho pelos animais que me motivou a pintá-los.”
A magia da aquarela
Lançar tinta e água sobre papel e formar com isso cada detalhe, cada pelinho e pose dos pets realmente requer muita habilidade. Gleicy diz que seu processo de criação parte, geralmente, de uma foto, que pode ser mandada pelo cliente — quanto melhor a resolução, melhor o desenho.
“Definida a foto, faço um estudo dela para definir as cores que serão utilizadas, analisar onde a luz e a sombra se apresentam e, a partir disso, desenvolvo o desenho. A aquarela é uma técnica desafiadora, pois a tinta, em contato com a água, se movimenta no papel, criando formas naturais que, aliadas à técnica, embora imprevisível, têm um resultado muito bonito.” Hoje, ela usa papel e tinta específicos para a pintura em aquarela.
Por que as pessoas querem desenhar seus pets?
Gleicy destaca que muitas pessoas consideram os animais como parte da família e os motivos para pedir um retrato deles vão desde representar um trejeito ou uma pose fofinha até eternizar um companheirinho que já morreu.
“Me sinto muito agraciada e feliz por poder reproduzir um serzinho que é fundamental na vida das pessoas. Eu entendo o quão significativo é ter uma pintura de seu animal de estimação. Há clientes que me procuram para pintar um animal que já morreu e eu sinto o tamanho da responsabilidade ao tentar reproduzir essa memória afetiva. O retrato de pet é um tipo de arte que toca as pessoas e que materializa as memórias de um jeito único e é muito bacana poder fazer parte disso.”
Os desenhos de Gleicy estão no Instagram @agtum.art, com outros desenhos feitos por ela, incluindo outras temáticas.

Uma homenagem para Gregorovitch
Gustavo Navarini Valandro, 26 anos, é de Renascença e seu pedido para a amiga Gleicy Tumelini foi muito especial: um retrato do gato Gregorovitch, que por cinco anos foi o companheiro da família.
“Quando eu estava na faculdade, minha mãe adotou um gatinho, porque aqui em casa temos um tio com síndrome de Down que gosta muito de gatos. É terapêutico, porque o convívio e a interação com gatos faz o dia a dia dele mais feliz, principalmente agora, em época de pandemia, em que ele não pode sair de casa”, conta Gustavo.
Gregorovitch era um gato preto clássico — “igual o Salem do filme da Sabrina” — e, dentre suas particularidades, gostava de abóbora e ovos. Sempre recebia Gustavo na chegada do trabalho, no fim da tarde, e da faculdade, às 23h30, e oferecia seu carinho.
No primeiro semestre de 2020, Gregorovitch não resistiu a uma doença viral e ficou na lembrança, principalmente do tio de Gustavo. “Foi de cortar o coração. Desde então, meu tio pergunta pra gente ‘e o gato preto, aonde foi?’.” Isso motivou o pedido para que Gleicy desenhasse o gatinho, que agora faz presença na sala da família.

“Quando vi o perfil que ela fez no Instagram para divulgar seus desenhos e pinturas no estilo aquarela, achei incrível como os animais de estimação ficam bonitos ao serem retratados nesse estilo de arte. O resultado ficou melhor do que eu imaginava e estamos muito satisfeitos por termos um retrato que, além de embelezar a nossa sala, nos faz recordar desse amiguinho que foi tão especial para nós”, afirma Gustavo.