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As trabalhadoras de limpeza nas empresas e instituições públicas muitas vezes não são lembradas, mas elas estão na linha de frente em toda área de saúde. São elas, às vezes, as primeiras a passar em salas e outros ambientes para fazer a limpeza e higienização destes locais em hospitais, clínicas ou órgãos de saúde pública.
Na área de limpeza e asseio na área de saúde, 90% das pessoas contratadas são mulheres. A presidente do Sindicato dos Empregados nas Empresas de Asseio e Conservação (Siemaco), de Francisco Beltrão, Jussara Britto Gonçavles, diz que a maioria das contratadas são serventes de limpeza, recepcionistas, portarias e alguns na limpeza pública.
As mulheres trabalham no Hospital regional, UPAs, postos de saúde, 8ª Regional de Saúde, Hemonúcleo Regional. “Mas há outras cidades que também têm trabalhadores na área de saúde, representadas pelo Siemaco”, ressalta Jussara.
O trabalho em ambientes de saúde requer o acompanhamento pelo sindicato de trabalhadores. Jussara destaca que “desde do início da pandemia o Siemaco esteve visitando os trabalhadores, e em todo Paraná foi feito um trabalho em conjunto e todos os siemacos e com apoio da nossa federação, com distribuição de máscaras, álcool em gel, distribuição de informativos sobre cuidados, além de estarmos verificando as condições de trabalho dos nossos trabalhadores”.
A presidente do sindicato participou de reuniões, em Francisco Beltrão e região, de visitas nas regiões de Maringá, Londrina, Ponta Grossa, Cascavel e Foz do Iguaçu. O aprendizado que tivemos durante o ano foi muito grande, pois sabíamos do risco que estávamos correndo, mas se nosso trabalhador estava lá trabalhando, precisávamos estar do lado dele, esta foi uma forma que encontramos, de poder, de alguma forma, estar presente”.
Estas visitas aos locais de trabalho ao pessoal que está na linha de frente foi muito importante para o sindicato e os trabalhadores. “Quanta história [ouvimos por] estarmos ali com eles, receber aquela atenção, aquele carinho de cada um deles; isso não tem dinheiro que pague, enfrentamos chuva , sol, frio, calor, e visitamos cada local de trabalho”, ressalta a presidente.
Apesar da pandemia, foram poucos os contaminados até agora, diz Jussara. “Com a graça de Deus, fomos abençoados e tivemos poucos casos de Covid em nossos mutirões de visitas; na nossa última visita do ano, em Foz do Iguaçu, retornamos com 14 pessoas infectadas, entre eles, duas das meninas que trabalham no Siemaco de Francisco Beltrão, que contraíram o vírus e eu estava junto e só agradeço a Deus que mais uma vez fui abençoada e não fui infectada. Em todas as viagens, quando retornávamos, nós fazíamos os exames por questão de segurança nossa e de nossos familiares, colaboradores”.
O trabalho na linha de frente é desafiador não apenas para os trabalhadores do setor. Jussara comenta que para os diretores dos siemacos também as visitas se tornam desafiadoras. “Quantas vezes chegávamos ao posto de trabalho, se apresentava e a primeira pergunta que o trabalhador fazia era: você não tem medo? Hoje, a gente pensando e analisando tudo, lágrimas correm no rosto, mas não é de tristeza, é de felicidade, de missão cumprida, e saber que a nossa parte estamos fazendo. Tínhamos medo sim, pois estamos lidando com o desconhecido, com muitas dúvidas, mas precisávamos estar junto com nosso trabalhador, esse é o trabalho do sindicato, não é ficar atrás de uma mesa, é estar junto com o trabalhador, orientando, auxiliando, verificando as condições de trabalho. Tenho orgulho de vestir uma camisa e representar esses trabalhadores, orgulho de ser Siemaco, família essa que aprendemos todos os dias e cuidamos uns dos outros como fazem as verdadeiras famílias.”
Os trabalhadores com comorbidades e as que estavam grávidas foram afastados dos locais de trabalho como medida preventiva. “Desde o início foi feito o afastamento pelas empresas desses trabalhadores, com a suspensão de contratos, o Siemaco Francisco Beltrão fez uma média de mais de 200 suspensões de contrato. Era feita a orientação ao trabalhador de como preceder e em seguida também era dada essa orientação com as empresa.”
Nos casos de funcionários que se contaminaram com o coronavírus, o sindicato prestou orientações a eles e este trabalho continua sendo feito. Nos últimos anos, o governo federal editou uma série de normas regulamentadoras visando a prevenção de acidentes de trabalho. A fundação do asseio e conservação promove cursos, palestras e treinamentos para trabalhadores e empresas com vistas à prevenção.
As empresas e instituições de saúde têm repassado todos os procedimentos e normas aos trabalhadores, que estão seguido corretamente. O resultado é o baixo índice de contaminados.
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