Policiais

A Polícia Civil de Santa Catarina anunciou ontem pela manhã, em Chapecó, a conclusão do inquérito policial que apurou as mortes em uma creche municipal em Saudades. O autor do crime, Fabiano Kipper Mai, 18 anos, que deu alta hospitalar nesta semana e está preso, foi indiciado por cinco homicídios triplamente qualificados e uma tentativa de homicídio qualificada. O inquérito segue agora para o Judiciário e o Ministério Público de Santa Catarina.
O delegado-geral Paulo Koerich destacou a interlocução com as agências de inteligência de Santa Catarina, do Brasil e internacionais, além das forças de segurança estaduais, federais e internacionais. Uma delas foi a Homeland Security Investigations (ICE-HSI) na Embaixada dos Estados Unidos em Brasília. O delegado-geral citou ainda que na investigação outras situações suspeitas foram identificadas e repassadas a outros Estados para evitar novos crimes.
De acordo com o delegado Jerônimo Maçal, responsável pelo inquérito, o homem preso agiu para matar o máximo número de pessoas na creche. “Ele agiu sozinho e consciente do que fez o tempo todo e planejou o crime desde o ano passado”, pontuou o delegado Jerônimo.“Ele agiu com esse intuito e estava com pressa. Ele queria atingir o máximo possível. Ele tentava entrar numa sala e não conseguia, já ia correndo para outra porque estava com pressa para atingir o objetivo dele”, complementou o delegado.
Ódio das pessoas
Sobre a motivação do crime, o delegado Jerônimo reafirmou que o autor era uma pessoa bastante isolada, com um nível muito alto de isolamento e nos últimos tempos foi se isolando cada vez mais. “Ele também entrou em um mundo que começou a ter contato com muito material violento, ideias violentas e começou a alimentar ódio ao ponto de ele resolver descarregar tudo isso em alguém. Ele não tinha um ódio contra um grupo específico, contra alguém especificamente. Ele criou esse ódio generalizado.”
Contra crianças, um ataque covarde
Quando começou a planejar os crimes, Fabiano queria executar pessoas da sua escola. “A intenção dele, num primeiro momento, quando ele começou a querer executar todos esses pensamentos, foi contra pessoas que tinham um certo convívio com ele, na escola e tal. Esse era o objetivo principal dele, no início”, comentou o delegado.
Fabiano queria comprar uma arma de fogo, mas como não conseguiu, mudou seu alvo. “Ele tentou adquirir a arma de fogo de várias formas e em várias oportunidades e não conseguiu. Como ele não conseguiu, achou que não daria conta de enfrentar esses rapazes com uma arma branca. E isso mostra que o ato dele — que por si só já seria covarde porque foi contra crianças e mulheres que não tinham condições de se defender — mostra que ele foi ainda mais covarde. Porque ele não se garantia contra aquelas outras pessoas e ele pensou: eu vou descontar essa minha raiva em pessoas que não têm nada a ver comigo, em pessoas inocentes que nunca fizeram nada para ninguém. Então, mostra que é um ato ainda mais covarde”, declarou Jerônimo.