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quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

É urgente o desenvolvimento turístico que Nova Prata do Iguaçu precisa fazer

Mesmo após 22 anos desde a criação do lago da Usina de Salto Caxias, o turismo ainda está tímido.

A praia artificial de Nova Prata do Iguaçu é uma grande atração.

Por João Carlos Lindner 
O município de Nova Prata do Iguaçu, banhado pelo Lago da Usina Hidrelétrica de Salto Caxias, que inundou 141 km² em nove municípios, vive ainda a expectativa de um turismo forte, que traga benefícios para a região, com a geração de empregos e o fortalecimento do comércio local, através da oferta de produtos e serviços para os visitantes.

Ainda tímido, mesmo com quase 22 anos do início da operação da hidrelétrica, o município carece de planos de desenvolvimento do turismo e de fortes investimentos em infraestrutura, formação de mão de obra e empreendedorismo no setor, acolhendo melhor o proprietário de casas nos loteamentos ribeirinhos, os locatários de casas de fins de semana, os frequentadores de locais públicos como praias artificiais, campings e os amantes de beiras de rios que visitam o município o ano inteiro.

É reconhecido, no entanto, que alguns investimentos foram realizados em pavimentação asfáltica, pedras irregulares, reforço em cascalhamentos e melhoras da praia municipal com a construção de estruturas para o esporte, cultura e lazer. Muito pouco, porém, segundo os usuários que querem a prestação de serviços melhorada nas lanchonetes, restaurantes, panificadoras, supermercados, entre outros. 

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Mais atrações e opções
Outro ponto que é ainda mais crítico são as atrações para esses turistas. As lojas fecham sábado ao meio-dia, a feira livre é pequena demais e trabalha em horários inadequados e as associações de moradores não promovem nenhum evento de importância que cative o turista, para fazer com que eles saiam de suas casas, cabanas, tendas ou barracas para uma interação maior, movimentando o setor.

O presidente do Sindicato da Agricultura Familiar, Neveraldo Oliboni, quer oferecer suporte técnico para o produtor que tem seus produtos expostos na feira e ampliar o horário de atendimento para sexta-feira, à noite, e durante o sábado. Além de ampliar e diversificar a oferta de produtos, levar a feira para a rua. Oliboni acredita que é preciso ampliar ou mudar o local da feira.Para piorar, o município teve duas eleições para prefeito nos últimos oito meses. Ari Gallert (PTB), eleito em novembro de 2020, com 19 votos de diferença, foi barrado pela justiça e não assumiu. A nova eleição ocorreu no dia 13 de junho elegendo Sérgio Faust (PL), que já interinamente respondia pelo município.

A diferença pequena de votos (316 votos), num universo de pouco mais de seis mil eleitores que foram às urnas, mostra um município dividido e a espera de que, a partir de amanhã, 25, quando Sérgio Faust assumir definitivamente o cargo de prefeito, tenha a habilidade política para anular os resquícios da disputa, mantendo o foco e energia para buscar esse novo tempo que a população quer que aconteça. 

Propostas do prefeito
“A eleição acabou e vamos trabalhar para todos”, disse o prefeito eleito em seu primeiro pronunciamento após vencer a eleição. Sérgio Faust, que está em Curitiba em busca de recursos para a aquisição do Hospital Policlínica Nova Prata, disse que quer levar a Secretaria de Indústria, Comércio e Turismo, além da Agência do Trabalhador para junto da Associação Comercial, e vai trabalhar no melhoramento dos acessos aos pontos turísticos. 

Por outro lado, empresários, trabalhadores e lideranças de todos os segmentos precisam dar um passo ainda maior, auxiliando na construção de um projeto de desenvolvimento e na execução desse projeto que viria mudar o rumo de Nova Prata do Iguaçu e colocar o município no calendário turístico do Paraná.

Um ponto que dificultou a chegada de turistas nos últimos 18 meses foi a pandemia do coronavírus, que, com os lockdowns, proibiu as aglomerações de pessoas, realizações de eventos esportivos e sociais e até o deslocamento de pessoas em períodos curtos e alternados, diminuindo ainda mais o fluxo de pessoas em toda a extensão do lago.

A pandemia, no entanto, pode e deve se tornar em período de investimentos, de melhorias nas estruturas, novas construções, novos projetos e até de um período de reflexão sobre as formas de conduzir o turismo. Algumas sugestões já foram ouvidas de empresários, trabalhadores e visitantes que esperam uma união maior entre associações de moradores ribeirinhos com a Associação Comercial e Empresarial, além da criação de eventos fixados no calendário de eventos do município. Outras sugestões colhidas vão desde a criação de atrações em grupos, como pescas esportivas, passeios de chalanas, e disputas esportivas entre loteamentos, até a criação de agências de turismo para a venda antecipada de passeios.


As primeiras ações que podem ser feitas
Comerciantes locais acreditam que o embelezamento da cidade com a reconstrução da Avenida Iguaçu, principal via da cidade, e a implantação e manutenção sistemática de floreiras, canteiros e árvores exóticas poderia ser o começo de tudo. “A Avenida Iguaçu já nasceu feia”, disse um dos comerciantes mais antigos do município que pediu anonimato. “Essa avenida foi muitas vezes remendada, porém jamais reconstruída como necessita”, criticou o mesmo empresário.

O empresariado local evita a cobrança mais intensa por soluções, temendo que ao se posicionar querendo o desenvolvimento, sejam confundidos com opositores de governos que já passaram ou que ainda estão por vir. O tempo e as oportunidades, no entanto, não perdoam essa falta de iniciativa, falta de cobrança e até falta de vontade, camufladas, em criar dificuldades intransponíveis.

Para a empresária Rosane Borges, a rede hoteleira deveria se interessar em construir um hotel nas margens do lago e oferecer um serviço especializado com o conforto de piscinas com, pratos típicos do Sudoeste. “Temos um lago extenso e uma vista privilegiada que ainda não estamos sabendo utilizar”, disse a empresária.

Para o presidente da Associação Comercial e Empresarial (Acenpi), Flávio Couus, Nova Prata do Iguaçu já esperou demais e a hora é de agir. A Acenpi participa de um grupo de desenvolvimento turístico com os municípios de Dois Vizinhos, São Jorge D’Oeste, Cruzeiro do Iguaçu, Boa Esperança do Iguaçu e Salto do Lontra em busca de fórmulas e ações que mudem o cenário na região.

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