Dr. Márcio Martins esclarece algumas dúvidas.

Aos 64 anos, Analice, que prefere não ser identificada, contraiu Covid, por isso ficou mais de um mês internada e ainda está em recuperação. Ela precisou ser entubada e agora, mesmo em casa, continua com o uso de oxigênio e precisa de uma cuidadora; demorou pra voltar a caminhar, logo voltou a falar e passou a apresentar problemas cardíacos, possível consequência da Covid.
Dr. Márcio Martins, otorrinolaringologista, ressalta que as pessoas que ficam com mais sequelas, em geral, são aquelas que evoluem pior à doença e precisam ser entubadas. Nesses casos, o paciente perde massa muscular e gordura, algumas vezes perde até 20 kg. “A Covid ataca pulmão e pode atacar coração, cérebro, rins, fígado, as variantes têm predisposição maior pra atacar o fígado; muitos acham que é efeito colateral de ivermectina, mas não é.”
A fala também é prejudicada por causa da entubação, que machuca a garganta, enquanto “o respirar já é automático”. A pessoa precisa reaprender a andar e a comer, por exemplo. “Cada pessoa é uma pessoa, há aquelas que descobriram sem querer e nem sintomas têm e outras chegam no hospital com um pouco de dor e ameaçando falta de ar e em três horas já estão entubadas na UTI. O que se está vendo cada vez mais são alterações genéticas, de famílias que todos ficam ruins, como pais e filhos, isso está cada vez mais forte.”
Dr. Márcio acrescenta que um dos fatores que interfere é a predisposição do organismo. Há pessoas que precisam de hemodiálise, outras perdem memória – que depois acaba voltando. “Se a doença é mais leve não tem sequelas. Tenho muitos pacientes com alteração de paladar e olfato, há pessoas que há nove meses estão assim. Pacientes que tiveram perda de audição, porque a Covid atacou nervo auditivo, por isso ficaram surdos.” Nos casos mais graves, é necessário o acompanhamento no pós-Covid.