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A agricultura do Paraná pretende dar um salto para se tornar uma das mais competitivas do mundo. Os subsídios concedidos aos países desenvolvidos, que sempre pareceram um sonho distante aos brasileiros, agora se tornaram realidade pelo menos aos agricultores paranaenses. O estado é o terceiro maior exportador do agro brasileiro, com mais de 13% do total. Uma das ferramentas que o Governo do Estado pretende lançar mão para incentivar a economia através do agronegócio é o Banco do Agricultor Paranaense, que possibilita conceder subvenção econômica a produtores, cooperativas e associações de produção, comercialização e reciclagem, e a agroindústrias familiares, além de projetos que utilizem fontes renováveis de geração de energia e programas destinados à irrigação, entre outros.
Anderson Santin, agrônomo, morador da comunidade de Alto Empossado, interior de Dois Vizinhos, é um dos primeiros produtores da região Sudoeste a acessarem recursos do Bando do Agricultor. Ele produz tomate, morango em sistema protegido (estufa) e videira de mesa. O produtor ressalta que o momento em que o programa foi lançado também é bastante oportuno, em razão da crise que o País atravessa pela pandemia e escassez de recursos para investimentos.
“Na nossa parte de hortifrúti ainda enfrentamos muitos problemas para a comercialização dos produtos. Esse suporte com os subsídios na questão dos juros vai propiciar aos agricultores fortalecerem as atividades, tanto na parte de estrutura para implantação de novos pomares, novas culturas, agroindústrias como fortalecimento de cooperativas, que também é o nosso caso.”
Anderson destaca a importância de projetos de irrigação, já que a região está passando por um período de estiagem. “Essas culturas que a gente trabalha, principalmente em hortifrúti, necessitam de muita água e irrigação. O Banco do Agricultor vem para beneficiar essa parte com juro zero, onde você vai pagar só o capital.”
Ele conta que teve apoio dos técnicos da Emater para elaborar o projeto de implantação de videiras, tanto na parte de irrigação como na ampliação do pomar. “A gente tem passado por anos bem complicados nesta parte de estiagem e a cultura da videira tem momentos que é bem sensível na falta de água, já tivemos perda de produção por não ter chuva, principalmente no momento da brotação e formação. Além da irrigação normal, poderemos fazer a fertirrigação, que é colocar o adubo que a planta necessita juntamente com a água.”
Anderson usou linhas de crédito do Pronaf no ano passado para ampliar as estufas, para o cultivo de tomate, e agora pegou dinheiro do Banco do Agricultor, através da Cresol, para ampliação da irrigação das videiras. “Futuramente, como a gente usa bastante energia para uso das bombas na irrigação, de repente poderemos fazer investimento em energia fotovoltaica também.” A média de produção por ano é de aproximadamente seis toneladas de morangos, 50 toneladas de tomates e oito toneladas de uva.
Um programa esperado há muito tempo
Denise Chiapetti Adamchuk, chefe da unidade regional da Seab (Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento) em Francisco Beltrão, destaca que este programa era esperado há muito tempo pelo agronegócio paranaense. Segundo ela, em breve o programa Tarifa Rural Noturna será finalizado e os produtores estão tendo esta oportunidade de investirem a juro zero, em energia renovável, e estarem preparados quando o programa acabar em 2022. O programa prevê financiamento a juros zeros para projetos de energias solar, fotovoltaica e biomassa, com limite de R$ 500 mil para fotovoltaica e R$ 1,5 milhão para biomassa. Todos os bancos e cooperativas de crédito poderão operacionalizar o programa. “É uma possibilidade do produtor reduzir seus custos na propriedade, como de energia elétrica, se profissionalizando ainda mais naquilo que faz, sem agredir a natureza”, comenta Denise.
Para produtores de leite, Banco do Agricultor é vantajoso
O produtor rural Sidiclei Risso, presidente da Associação de Produtores de Leite (Aproleite), destacou as vantagens de se investir em energias renováveis, tanto pela fermentação da biomassa como fotovoltaica. Na entressafra de pastagens pode ser muito auxiliada pela irrigação. “Então, o produtor tendo uma segurança no índice pluviométrico pode utilizar melhor as tecnologias de pastagens perenes para ter pastagem disponível o ano todo. A energia é um dos insumos mais altos na propriedade atualmente. São dois fatores que para a produção de leite podem auxiliar bastante.”
Sidiclei mora no interior de Marmeleiro, tem uma propriedade de 45 hectares e se dedica, junto com sua família, basicamente, à pecuária leiteira. A propriedade tem 210 vacas em lactação (produzindo leite) e 300 animais no total. De acordo com ele, cada produtor fará o projeto para o Banco do Agricultor conforme sua necessidade. “Quem tiver o sistema de produção a pasto, o financiamento de irrigação é mais interessante. E quem tem sistema de produção por meio de confinamento (free stal ou compost barn) seria a energia.”
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