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Os poços tubulares profundos, mais conhecidos como poços artesianos, são uma boa alternativa, especialmente em tempos de seca. O empresário Claudio Lubian, da Perfuribel, que concedeu entrevista à Gente do Sul, comenta as vantagens dos poços artesianos, que podem apresentar profundidades de 100 até 1.000 metros, embora sejam raros os casos que ultrapassem 600 metros. Tudo depende das características hidrogeológicas da região, finalidade do uso e consumo diário. Confira a entrevista.
Gente do Sul – Na região Sudoeste, o relevo é bastante acidentado, de que forma isso interfere na perfuração?
Claudio Lubian: Antes de realizar a construção do poço artesiano, a empresa avalia o terreno e suas formações geológicas. A partir desse estudo de viabilidade in loco é determinado o melhor local para a perfuração; deve-se realizar a preparação do canteiro de obras para acesso dos maquinários e equipamentos auxiliares, que consiste em área livre e nivelada de aproximadamente 15mx30m.
Por que é uma boa alternativa em período de estiagem? Quais as vantagens?
Muitos produtores rurais utilizam de minas ou nascentes para o consumo humano, de animais e para diversos outros fins. Em períodos de estiagem, essas fontes tendem a diminuir, a alternativa com melhor custo-benefício é a perfuração de um poço artesiano, contratado com uma empresa especializada e com profissionais habilitados, a construção adequada não oferece riscos ambientais, garante água de qualidade, além de sanar os problemas com a escassez, há ainda a possibilidade de expansão da atividade, sem contar que valoriza muito a propriedade.
Quais as etapas de construção de um poço artesiano? É necessário projeto ou liberação de alguma entidade?
Antes de pensar em realizar a perfuração de um poço artesiano é necessária a procura por uma empresa especializada, que tenha profissionais habilitados junto ao Crea. A Perfuribel hoje dispõe de três profissionais: geólogo, engenheiro civil e engenheiro eletricista.
A partir da avaliação de viabilidade é necessária a elaboração do projeto construtivo do poço conforme NBR 12212, por geólogo competente, com a devida emissão de ART (anotação de responsabilidade técnica) recolhida no Crea; após, o cliente deve encaminhar um pedido de Anuência Prévia para perfuração do poço no IAT (Instituto Água e Terra). Esse processo hoje é realizado de forma eletrônica por meio de plataforma SIGARH, a empresa oferece todo o suporte necessário nessa etapa.
Recebida a anuência do órgão competente, inicia-se a mobilização de máquinas e equipamentos para o início da construção do poço tubular profundo conforme NBR 12244, a perfuração é realizada por máquina perfuratriz, acompanhada de um compressor de ar, o método adotado é a perfuração rotopneumática, que consiste na utilização de dois mecanismos, enquanto o martelo pneumático impacta e fragmenta a rocha, uma broca gira e tritura essa rocha fragmentada para criar o furo.
Quais as próximas etapas?
Na perfuração inicial, comumente chamada de “boca do poço”, são instalados tubos de revestimento e no espaço anular (entre o tubo e a rocha) é realizada a vedação com argamassa ou pasta de cimento. Isso porque essa primeira camada de solo é mais instável e pode conter areia ou pequenas rochas capazes de entupir o poço. Além disso, por ser superficial, pode conter água contaminada, ou seja, água de chuva que entrou em contato com substâncias tóxicas. Seguindo até a obtenção de água, posteriormente é realizado o desenvolvimento e limpeza com produto específico, e realizada a laje de proteção sanitária. Concluída a construção e obtido êxito, um técnico competente fará medições necessárias dos níveis da água e desníveis do terreno para o dimensionamento do equipamento que melhor irá atender.
O próximo passo é instalar um conjunto de bombeamento para captar essa água, bem como tubulação para levá-la até a superfície. Na última etapa é solicitada a Outorga de Direito ou Cadastro de uso independente de outorga, conforme normas do IAT, a solicitação é realizada eletronicamente via sistema Sigarh, realizado por profissional competente. São necessárias análises físico, química e microbiológica da água, demais informações litológicas do poço e de uso. A empresa realiza todo o procedimento para o cliente. No Paraná, a validade do documento é de 3 anos e é obrigatório para a captação da água subterrânea; deve ser renovada 90 dias antes do seu vencimento.
Como está o trabalho na região?
O setor está aquecido, mesmo com a pandemia, que gerou aumento excessivo nos insumos e redução significativa de matéria prima nas indústrias, a procura aumentou devido à grande estiagem que assola o Paraná há mais de um ano, sendo comparada inclusive com a maior seca do estado do ano de 1977-78. A água é o recurso primordial, “sem água, não há vida”.
