Pandemia e fechamento de bares e restaurantes são os principais motivos.

As vendas de água mineral no Paraná tiveram aumento de quase 31% no valor de comercialização do produto, na comparação de 2020 com o ano de 2019. Um dos grandes motivos, se não o principal, foi o decreto da pandemia de Covid-19 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no início do ano que passou, já que as pessoas permaneceram mais em suas residências. O fechamento de bares e restaurantes por um longo período também fez com que a água mineral fosse mais consumida nas residências. O volume de comercialização de água mineral envasada no Paraná cresceu 14,8% em 2020, com relação a 2019, diferença de 303,93 milhões de litros para 264,62 milhões.
Predomínio
O predomínio foi a comercialização em garrafão (50,3%), seguida de garrafa plástica (34,2%) e da transferida para composição de produtos industriais (14,1%). Os dados são da Divisão de Geologia do Instituto Água e Terra (IAT), da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, que divulgou o Informe Mineral 7/2021 com dados da comercialização de água mineral no Paraná. A base é o Relatório Anual de Lavra (RAL), entregue pelos mineradores junto à Agência Nacional de Mineração (ANM).
2020
No ano passado, o valor de comercialização do produto no Paraná, nas diferentes embalagens e transferidas para composição de industrializados foi de R$ 159,43 milhões, um aumento de 30,8% em relação a 2019 (R$ 121,84 milhões). De 2019 para 2020, houve crescimento no valor da água comercializada em garrafa plástica, que passou de R$ 79,80 milhões para R$ 111,88 milhões, um aumento de 40,2%. O crescimento no valor da envasada em garrafão foi mais modesto e ficou em 22,56%. Para água mineral em copo e transferida para composição de produtos industrializados, houve redução no valor, de 18,7% e 16,9%, respectivamente. As garrafas plásticas participaram com 70,1% do Valor de Comercialização total em 2020, seguidas da água comercializada em garrafão, com 24,8%. As participações das comercializadas em copo e das transferidas para composição de produtos industrializados foram de 3% e 1,9%.
Compensação financeira
Em 2020, houve recolhimento de compensação financeira pela exploração de água mineral no Paraná em 26 municípios. O valor da operação/comercialização sobre o qual incidiu o percentual do recolhimento da compensação financeira pela exploração da água mineral no Paraná em 2020 totalizou R$ 89.728.803,14 e o recolhimento da contribuição financeira ficou em R$ 841.637,30. Média geral de 0,94% do valor da operação.De acordo com o diretor de Gestão Territorial, do IAT, Amilcar Cavalcante, apesar da pandemia, o setor cresceu. “Da compensação financeira pela exploração de recursos minerais, o município produtor é o maior beneficiário e fica com 60% dos recursos, o Estado produtor com 15%, os municípios afetados com 15% e demais órgãos da União com 10%. Isso significa giro na economia e, consequentemente, geração de emprego e renda no Paraná.”
O diretor de Geologia, Luciano Cordeiro de Loyola, lembra que entre 40 e 20 anos atrás existiam poucas fontes localizadas no Estado. “Hoje há produção expressiva em quase todas as regiões e de variação diversificada na sua composição química, conforme o tipo de rocha pela qual passa”, explicou, ressaltando a tendência e potencialidade de fornecimento do território paranaense.
Crescimento registrado também em supermercados
O empresário Sérgio Manfroi, do Supermercado Mano Manfroi, afirma que em todas as suas cinco unidades o aumento no consumo de água mineral ficou entre 25% e 30% no período e que são vários os fatores para que isso tivesse acontecido. “Não foi nada específico. O preço ficou mais atrativo e as pessoas também criaram o hábito de beber mais água. Além disso, ficaram mais em casa, já que os restaurantes e bares estavam fechados. Isso fez com que o consumo aumentasse.”
O aumento da quantidade de marcas disponibilizadas também pode ter feito com que as vendas tivessem aumento, de acordo com ele.
No Super Vipi, a situação é parecida. De acordo com o gerente comercial do supermercado, Everton Crestani, houve aumento de 33% no consumo de água mineral entre os anos de 2019 e 2020 e há algum tempo os aumentos no consumo da água vêm sendo registrados. “Há, pelo menos, três anos estamos registrando aumento nas vendas de água mineral e a água com gás representa 70% da comercialização.”
A gerente comercial do Ítalo Supermercados, Lidiane Borba, conta que também foi registrado aumento nas vendas de água mineral em todas as unidades do supermercado, o que, segundo ela, é natural em período de pandemia. “As pessoas ficaram mais em casa, é natural. O aumento foi registrado também no geral do consumo de produtos, não somente nas vendas de água. Só na venda de água tivemos aumento de 25% nesse período.”
Na região de Pato Branco, segundo Vinicius Lachman, diretor da Associação Paranaense de Supermercados (Apras) regional Sudoeste, houve uma pequena diminuição na venda da água mineral em quantidade, mas houve aumento em valores. “De 2019 para 2020, a quantidade vendida caiu 5%, mas em valores houve aumento de 6%. Não sei dizer o motivo, talvez reflexo da pandemia. Não houve tanta alteração.”
Porém, de 2020 para 2021, ele fala que já se pode considerar um grande aumento nas vendas do produto. “Cresceu bastante, fiquei surpreso e nunca tinha visto isso.”