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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Depois de 1 ano e meio, Marcos ainda se recupera de grave acidente

Média geral caiu, porém acidentes com motociclistas aumentaram. Quem sofreu acidente grave e perdeu ente querido no trânsito pede que os condutores tomem mais cuidado.

Um carro cortou a frente do motociclista que foi lançado há vários metros após o impacto.

Marcos Vinícius de Oliveira, 28 anos, ainda se recupera de um grave acidente ocorrido no dia 3 de março de 2020. Ele foi fechado por um automóvel quando trafegava de moto pela Rua Abdul Pohlmann, subindo do centro ao Bairro Aeroporto. O carro vinha do Bairro Cristo Rei, da Rua Canísio Hillebrand, e seguiria para a Cango.

Marcos teve várias lesões, entre elas quebrou o fêmur. O mais grave foram os coágulos em várias partes do cérebro. Ficou 16 dias em coma induzido (25 dias de hospital no total) e depois começou um longo tratamento para se recuperar e ainda está com sequelas.

Marcos Vinicius e seu tio Horlando.

Em casa, foram necessários mais 30 dias de cuidados intensos. Por duas semanas nem comer sozinho ele conseguia, pois perdeu o movimento do lado esquerdo do corpo. A previsão para voltar a trabalhar é só para o ano que vem. Marcos ainda está com um problema em um dos pés e se locomove com dificuldade. “Eu tenho o chamado pé caído, não consigo colocar peso no pé esquerdo. Depois da cirurgia ainda serão mais 4 meses para poder colocar peso no pé, até lá tenho que me apoiar em uma perna só”, conta.

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Neste ano, depois que melhorou, a primeira coisa que o jovem fez foi comprar uma motocicleta, uma automática, que não tem necessidade de trocar as marchas com o pé. Novamente lhe fecharam no trânsito e teve mais um susto. Um tombo, sem ferimentos, mas mais uma demonstração da necessidade de atenção redobrada nas vias públicas.

Apesar da gravidade de seu acidente, Marcos acredita que o trânsito de Francisco Beltrão não é dos mais violentos se comparar com outros centros urbanos. “Na realidade, a pessoa tem que cuidar mais dos outros do que si própria.” Na prática, o que Marcos defende, é a direção defensiva, que nada mais é do que o condutor manter distância segura dos demais veículos, andar dentro da velocidade permitida para a via e antever as ações dos demais motoristas. A mãe de Marcos foi atropelada em Francisco Beltrão por um motociclista dia 19 de março de 2019 e morreu.

Sim! O trânsito está mais violento em Beltrão
No município de Francisco Beltrão estão acontecendo acidentes muito mais graves em 2021. Já são 18 mortes no trânsito este ano, mais que o dobro do total de 2020 (sete óbitos). Seis deles de motociclistas (33%), três em rodovia e outras três no perímetro urbano. Os dados disponíveis por enquanto vão só até abril deste ano. Apesar de mais graves, a média de acidentes dos primeiros quatro meses do ano, conforme dados disponíveis pela Comissão Intersetorial de Prevenção de Acidentes, até caiu. 

O que aumentou foram os acidentes de motociclistas que, no mesmo período, subiu de 28,25/mês para 31,5/ mês. Se considerar apenas o mês de abril do ano passado foram 21 acidentes com motociclistas; já no mês de abril deste ano foram 48 ocorrências, isto é, mais que dobrou. Francisco Beltrão tem atualmente 14.171 motocicletas.Carla Rota, coordenadora do Departamento Beltronense de Trânsito (Debetran), observa que os motociclistas fazem parte do grupo de risco e, por isso, o poder público desenvolve ações específicas voltadas para esta categoria. “Justamente pela própria fragilidade do motociclista. É um público muito vulnerável no trânsito, devido à gravidade das lesões em caso de acidentes, assim como é pro ciclista e pro pedestre.” 

Não! Os acidentes não estão aumentando
A média mensal do quadrimestre, se comparar 2020 com 2021, baixou de 122 para 84 (31%) acidentes por mês. Se considerar o extraordinário crescimento da frota de veículos, os acidentes têm se mantido dentro de uma média histórica. Uma reportagem do Jornal Folha do Sudoeste de 1986, portanto há 35 anos, demonstrava a preocupação das autoridades da época com o aumento dos acidentes. Francisco Beltrão registrava uma média mensal de 50 acidentes. A sociedade, através de entidades, fez uma ampla campanha e conseguiu reduzir para 14 acidentes por mês. Contudo, foram necessárias medidas drásticas, conforme a reportagem do periódico, em cada semáforo da cidade foram colocados policiais militares para reforçar a fiscalização, bem como blitz passaram a ser mais frequentes nos finais de semana. 

Fiscalização mudou
Naquele tempo ainda não existiam aparatos tecnológicos como os radares fotográficos e os furões (câmeras que flagram quem fura sinal vermelho), em virtude disso a fiscalização tinha que ser presencial. Aquele momento de alta de acidentes forçou a prefeitura a colocar muitas lombadas nas ruas de principal circulação e ainda havia duas reclamações que continuam muito atuais: excesso de caminhões trafegando pelo centro da cidade e motoristas que não sinalizavam mudança no trajeto. Não há registros da frota de veículos de Francisco Beltrão para o ano de 1986, mas sim para o ano de 1989, que eram 8.990. Ou seja, Francisco Beltrão tinha uma média de 1 acidente a cada 180 veículos. Em 2021 a média é de 84 acidentes por mês para uma frota de 68.024 veículos. Ou, um acidente a cada 809 veículos.

Nos últimos 15 anos, o número de acidentes/ano foi superior a mil acidentes em seis oportunidades: 2006 (1.008 acidentes), 2007 (1.088 acidentes), 2009 (1.092 acidentes), 2010 (1.137 acidentes), 2011 (1.208 acidentes) e 2012 (1.272 acidentes). Marilda Galvan, diretora do Debetran, acredita que os números para a época (1986) é que estavam inflados. Ela tem reiterado em inúmeras oportunidades que o trânsito seguro depende de vários fatores, acima de tudo consciência dos condutores e investimento em tecnologia. Marilda entende que quando o assunto é trânsito, ações de fiscalização e educação precisam andar juntas. 

Neste ano diversas ações educativas estão sendo colocadas em prática como abordagens, visitas a empresas com simuladores e a campanha ‘Ágil, Porém, Frágil’ iniciada no dia 27 de julho (Dia do Motociclista) e segue ainda durante todo mês de agosto. Marilda avalia positivamente o andamento da campanha e enfatiza que visa chamar a atenção para a responsabilidade, respeito e escolhas praticadas no trânsito.

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