Geral
Por André Ricardo Sutil*
Um trecho da canção-título do álbum de 1994, Assim Caminha a Humanidade, composta e brilhantemente interpretada por Lulu Santos, sendo inclusive tema de abertura da primeira temporada da telenovela Malhação, em 1995, sempre me chama a atenção e deixa reflexivo… “Assim caminha a humanidade/Com passos de formiga/E sem vontade.”
Vivemos um momento ímpar e singular da história da humanidade. A pandemia em curso de Covid-19, doença respiratória causada pelo coronavírus da SARS-CoV-2, que já vitimou mais de 600 mil vidas no Brasil e quatro milhões e 500 mil, no mundo todo, pandemia esta deflagrada em março do ano passado, que se estende neste ano corrente de 2021 e, tudo leva a crer, persistirá ainda em 2022, em face do deficitário cumprimento de medidas sanitárias e da lenta, retardada e procrastinada campanha de imunização/vacinação, evidencia toda contrariedade que temos na contemporaneidade com as certezas e as incertezas do trabalho docente.
Esse vírus nanoscópico alterou e modificou a ordem mundial, as relações interpessoais de convivência e de trabalho, e com o processo de ensino-aprendizagem educacional não foi diferente.
Como diz uma frase que se tornou um jargão popular “talvez nunca antes na história deste país”, a educação como um todo foi debatida, com uma reflexão acentuada sobre a importância e relevância do papel da escola e dos educadores na formação das nossas crianças, adolescentes, jovens e adultos na esfera escolar. Foram vários os relatos de educandos, familiares, pais e/ou responsáveis, enfim, de toda uma comunidade escolar no tocante à inigualável equiparação e muito menos substituição do ambiente escolar e dos profissionais da educação para um pleno e satisfatório processo de ensino-aprendizagem.
Os desafios neste momento de pandemia foram e ainda são muitos, tais como a ausência de acessibilidade e aparelhagem adequada de alunos e educadores para as plataformas digitais, a falta de condição e descaso para o cumprimento das medidas sanitárias básicas de combate ao novo coronavírus, no atendimento presencial aos educandos, entre outros.
Nós, educadores, tivemos que ressignificar e transformar nossa prática docente nestes tempos pandêmicos e continuamos a fazê-lo com toda atenção, carinho e zelo possível para se não zerar ao menos amainar as inevitáveis dificuldades provenientes da pandemia, e a necessária proteção e resguardo à saúde e à vida, nossos inalienáveis bens maiores.
O maior e mais lido, ouvido e visualizado intelectual e pensador deste País, na hodiernidade, o escritor, filósofo e palestrante londrinense Mario Sergio Cortella nos diz algo que cabe uma elucubração contínua e sistemática, que sempre quando posso o parafraseio: “Não é casual que as palavras ‘humano’ e ‘humilde’ tenham a mesma origem. Ambas vêm de humus, que significa ‘terra fértil’. Humilde é aquela pessoa que sabe que não sabe de tudo. Que sabe que outra pessoa sabe o que ela não sabe, que ela e outra pessoa saberão muitas coisas juntas, que ela e outra pessoa nunca saberão tudo que pode ser sabido.”
Que neste 15 de outubro, Dia do Professor, apesar das adversidades e intempéries que nos assolam, com cooperação, humildade e resiliência nas mais pormenorizadas e tenras significações que essas palavras possam ter, inexoravelmente e prioritariamente entendamos que é preciso aprender com o passado, para compreender o presente e prospectar um futuro.
Como compunha e nos canta Lulu Santos num trecho de outra canção-título do álbum Tempos Modernos, de 1982, trilha sonora da telenovela Sol de Verão: “Eu vejo a vida melhor no futuro/Eu vejo isso por cima de um muro/De hipocrisia que insiste em me rodear.”
*André Ricardo Sutil é professor de Educação Física do Quadro Próprio do Magistério do Estado do Paraná, profissional bacharelado em Educação Física, e especialista em Educação Especial Inclusiva.
