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Francisco Beltrão
sábado, 24 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Ser pai de autista é uma luta diária

A declaração é de Juliano Veiga, pai de Lorenzo,de 4 anos.

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Juliano Veiga e Lorenzo, 4 anos, comemoram cada vitória no desenvolvimento. Foto: Arquivo pessoal.

Por Leandra Francischett – Uma das grandes lamentações das mães de autistas é o distanciamento da figura paterna, pois, muitas vezes, os pais não dão conta da realidade do Transtorno de Espectro Autista (TEA). Não é o caso de Juliano Veiga que, ao lado da esposa Sonia Aparecida Kupkovski, procura garantir uma vida saudável para o filho Lorenzo Veiga dos Santos, 4 anos.

“Ser pai de autista é uma luta diária”, diz Juliano. Isso porque, além de encarar as limitações do filho, é preciso enfrentar o preconceito da sociedade, que geralmente não compreende o comportamento dos autistas.

“Quando a gente sai, às vezes ele tem crises, então ficamos alguns minutos e já temos que sair. As pessoas olham de um jeito diferente, porque ele se irrita facilmente. Logo quer ir embora, então é complicado. Alguns não aceitam. Há pais que abandonam a esposa.”

Juliano comenta que é preciso abdicar de muita coisa, inclusive da vida social. “Nós tivemos que abandonar quase tudo. Por exemplo, tem dias que eu preciso fechar o escritório de contabilidade para levar nas terapias. É uma luta diária, precisamos aprender o tempo deles.” Seu otimismo resulta da espiritualidade, pois a crença num ser superior o fortalece. “O autista é de alma pura, sem preconceitos e nem maldade. É uma missão que a gente tem, mas Deus dá o fardo que a gente pode carregar. Cada lugar que a gente vai tem que explicar o que é o autismo. Temos que viver no mundo deles.”

Ser pai de autista é uma luta diária, comenta Juliano Veiga, pai de Lorenzo, de 4 anos. “Cada lugar que a gente vai, tem de explicar o que é autismo”, revela. Foto: Arquivo pessoal.

Diagnóstico tardio

Juliano e Sonia percebiam que Lorenzo, desde bebê, apresentava um desenvolvimento diferente dos demais, mas a pediatra dizia que estava dentro do desenvolvimento típico. O fato de o filho não falar ligou o sinal de alerta. “Ele tem 4 anos e não fala, então a gente sempre questionava porque ele não falava e não interagia com as crianças e a pediatra dizia que era normal. Então matriculamos numa escola particular e a pedagoga e a profe chamaram pra conversar, que tinha sintomas de autismo. O neuropediatra avaliou e identificou como autista. Ele não gosta de brincar com as crianças da idade dele, prefere crianças de mais idade. Ele não gosta de lugar com muito barulho, não gosta que toque.” Portanto, ainda há um despreparo de muitos profissionais diante do autismo.

Os desafios são diários e começam com uma simples saída de casa para ir às terapias, por exemplo, mas o que mais causa sofrimento é o preconceito. “Ele não gosta de ficar nos lugares, ficamos cinco minutos. Não gosta de lugar fechado. Ele gosta bastante de andar de bicicleta. Ele fica no máximo meia hora em cada lugar, mas na escola ele fica. Em todos os lugares, incluindo mercado, as pessoas olham de um jeito diferente, mas eu aprendi que precisamos ignorar. O maior desafio é o preconceito, as pessoas não sabem o que é e o quanto a gente sofre.”

Também são muitos os medos e as inseguranças dos pais, mas o futuro ainda é o que mais preocupa. “Temos que fazer o que a gente pode agora, porque a gente não sabe como vai ser amanhã, se ele vai falar ou não. Sofremos com a insegurança do futuro, com quem ele irá ficar?”

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