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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Produtores dizem que, apesar do preço maior do leite, custos de produção continuam altos

Por Flávio Pedron – Matéria publicada pelo Jornal de Beltrão ontem sobre o mercado do leite no Brasil repercutiu entre os produtores de leite da região. A preocupação deles não foi com a matéria que retratou os assuntos discutidos no seminário regional do Conseleite-PR realizado quarta-feira, 5, em Francisco Beltrão, que abordou as metodologias utilizadas para definir o preço de referência. O evento reuniu muitas pessoas dos segmentos industrial, dos produtores de leite e instituições públicas de assistência técnica. 

Sidiclei Risso: momento da recuperação de caixa.

A preocupação e a crítica dos produtores ao JdeB foi porque, apesar de ter ocorrido um aumento significativo no preço da matéria-prima entregue aos laticínios nos últimos dois meses, os custos de produção continuam altos. Já a manchete do JdeB retratou uma situação que vem ocorrendo nos últimos seis meses, ou seja, de preços baixos para preços altos  devido à cotação do dólar. Sidiclei Risso, presidente da Associação de Produtores de Leite (Aproleite), argumenta que “a manchete não contribuiu na nossa visão. Ela pode induzir o leitor a entender que o preço pago ao produtor está sendo alto e aí está sendo viável a produção de leite. No nosso entendimento, o preço pago ao produtor é o mais alto em seis meses, porém os custos de produção também são os mais altos da história. No final de 2021 e o início de 2022 todo mundo ficou no vermelho”.

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Recuperação do caixa

O presidente da Aproleite ressalta que “agora, é um período de recuperação do caixa das propriedades leiteiras, pra tentar fechar o ano no azul. O preço hoje tá alto, mas o custo é o mais alto da história. Estamos tentando acertar o caixa de muitas propriedades que não foram à falência”. Nos últimos anos, muitas propriedades rurais da região investiram nos sistemas compost barn e free stal, que resultam em maior produção de leite e também aumento de produtividade por animal.

Porém, em muitas propriedades se usa feno, silagem e ração para alimentar os rebanhos. Com a frustração as duas frustrações nas safras 2020-2021 e 2021-2022, os custos de produção nestes sistemas acabaram aumentando bastante porque o preço do milho e soja, que compõem a ração, e da silagem, feita com milho, e fornecidas aos bovinos, tiveram aumentos jamais vistos no Brasil. Além das duas quebras de safra, o preço do milho e soja, que são regulados pelo mercado internacional e pelo dólar, também aumentaram pela política do governo brasileiro.

Momento de cautela

Os atuais preços do leite devem se manter assim pelos próximos dois meses. Mas  professora Vania di Adario Guimarães, da UFPR, que trabalha na coordenação das planilhas do preço de referência mensal do leite emitida pelo Conseleite-PR, recomenda cautela aos produtores.

“Como sempre, cautela! Os bons momentos vêm, os ruins vêm também. É preciso se preparar para os dois momentos. Agora, é uma oportunidade de recuperar parte dos prejuízos que aconteceram especialmente no segundo semestre do ano passado. E não é pra empolgação, porque não sabemos quanto isso vai se sustentar.”

Sidiclei Risso concorda com a professora Vânia e diz que  “todos os produtores, do mês de outubro até o mês de fevereiro, estavam no vermelho. Então, não pode se empolgar por esse momento, pois é um momento de recuperação do caixa, de identificar o que essa safrinha vai produzir em termos de volumoso e concentrado e aí sim, quando baixar essa ‘poeira’, nós podemos tomar decisões com a cabeça mais fria”.

Preço x Consumidor

O presidente do Conseleite-PR e diretor do Laticínio HE Coyote, de Coronel Vivida, Eder Desconsi, lembra que o mercado consumidor é um balizador dos negócios e, no momento, há inflação e a renda do trabalhador não acompanhou os aumentos dos produtos. “Isso é uma das preocupações, o consumidor é quem define toda a cadeia de preços, mas a gente tá sentindo essa dificuldade, que o consumidor teve uma inflação muito alta no ano passado e isso impactou diretamente. O setor lácteo é pura renda: quando o consumidor tem uma renda maior, ele consegue ter mais consumo, tendo mais consumo é oferta e procura. Então, essa questão vai ser definida pelo consumidor, e é sempre assim, no combustível, no leite, na carne, em todas as cadeias.”

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