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Francisco Beltrão
domingo, 01 de junho de 2025

Edição 8.216

31/05/2025

Seu Germano Padova e dona Tereza deixaram o sítio e vieram morar na cidade e estão felizes na nova vida

Por Almir Girardi – Domingo, 10 de abril: Nós levantamos às 7h,  e preparei o chimarrão. Eu e a Tereza sempre ouvimos a programação da Rádio Educadora AM, de Beltrão. Gostamos muito do Luiz Carlos Maciel. Conhecemos ele desde de criancinha, pois sua família morava pertinho do nosso sítio, lá na Linha Sagrada Família, em Bom Sucesso do Sul. Após o café, meu filho Ademar veio me buscar. Hoje, vou almoçar na casa da nossa filha Luciana e do nosso genro Airton.

Eles têm o grupo da carnagem que iniciou há cinco anos. É um grupo de amigos que  se reúne uma vez por mês, sempre aos domingos, e cada encontro acontece na casa de um dos integrantes do grupo. A Tereza não pode ir comigo, não tava se sentindo bem. Sua pressão estava bem alta. Tomou seus medicamentos e ficou  almoçando com a nossa filha Marli, que mora na casa ao lado da nossa. Chegamos na casa da filha, onde o grupo estava reunido, e começamos a jogar truco. Eu e o Ademar formamos uma dupla, haviam mais seis.

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Eu e o Ademar estavámos com muita  sorte: Começamos jogando e ganhamos de todos eles sem perder nenhuma partida. Meio-dia fomos comer. O almoço estava muito bom. Tinha carne de ovelha, porco e gado. Após o almoço, jogamos mais truco e perdemos algumas partidas. Às 17h, o Airton me levou pra casa, porque tinha chegado visita.  Os nossos amigos e vizinhos que moravam lá no interior, o casal Pedro e Onera Dantra. Eles também se mudaram para cidade. Assim que eles foram pra casa, tomamos banho. Esquentamos um pedaço de carne que ganhamos do Airton e jantamos.

A Tereza ficou assistindo o Programa do Luciano Hulk. Todos os dias, também  assistimos a Missa na Rede Vida e na TV Aparecida. Às 20h, eu fui dormir. Às 21h, a Tereza também veio se deitar. O tempo estava bastante escuro. A previsão é de muita chuva pra toda a Semana Santa. Eu sou natural de Erechin (RS). Nasci dia 11 de junho de 1942, mas nos meus documentos o escrivão errou e colocou  dia 14 de julho. Eu estava com dois anos e meio quando nos mudamos para Bituruna (PR). Em 1960, fomos morar  na Linha Sagrada Familia, em Bom Sucesso do Sul. Era puro mato quando chegamos. A primeira vez que vi a Tereza foi numa festa da comunidade. Ela morava na Linha São Pedro bem perto do nosso sítio.

A Teresa é natural Cruz Machado (PR). Nasceu dia 14 de janeiro de 1943, mas em seus documentos o cartorários errou o mês, colocou fevereiro. Alguns meses depois, começamos namorar. Já fazia um ano que estávamos namorando, quando a mãe da Tereza, a dona Carolina, mandou me chamar, queria conversar comigo. Então, fui falar com ela. A dona Carolina pediu para mim se eu queria casar com sua filha. Respondi que sim. Então, ela me falou: “Pode ser logo”. Eu falei: “Agora eu não consigo, temos dívida,  estamos acabando de pagar a terra que o meu pai comprou”. Nunca  vou esquecer ela começou chorar e disse: “Eu queria ver voceis casados”. Um mês depois ela faleceu, devido a um câncer, com apenas 47 anos. O seu Pedro, pai da Tereza, fez tudo o que pode, levou ela até para São Paulo, mas de nada adiantou.

A Carolina estava grávida de gêmeos, os meninos nasceram de sete meses, enquanto ela fazia um tratamento contra o câncer, em Curitiba. As crianças presisaram ficar na estufa do hospital. Então, a Carolina deu alta, foi para casa e os meninos ficaram no hospital de Curitiba. Dias depois, um dos meninos faleceu. O  que sobrevieu, a Tereza foi buscar. Quando Carolina faleceu, o menino estava com  3 meses. Marcamos a data do nosso casamento para o dia 3 de julho de 1965, ainda estávamos de luto. Foi num sábado de manhã e chovia muito. Fomos de Jeep para a igreja.

A celebração do casamento foi feita pelo Padre Ivo Zolete. Ele foi o primeiro padre a assumir a  nossa comunidade. Durante a cerimônia, estávamos em oito pessoas. O almoço do casamento aconteceu na casa do pai da Tereza. Ele carneou um cabrito. Era só nós e as testemuhas. Ganhamos do meu sogro, 6,5 alqueires de terra, com uma casa. Ele  me falou: “Esse sítio, eu quero que você coloque em seu nome”.

Após o casamento, já fomos morar no sítio e junto levamos o irmãozinho da Tereza que ficou  órfão de mãe. Fomos nós que  criamos ele. Daí, tivemos os nossos filhos que foram cinco: Luiz, José (falecido), Marli, Ademar e a Luciana. Também temos quatro netos. Sempre trabalhamos na roça, desde pequenos, tanto eu quanto Tereza. A Tereza tinha 8 anos, estava picando mandioca para as vacas, quando a faca escapou e cortou fora a ponta de um de seus dedos. Foi passado  banha de porco no ferimento e enrolado um pano e assim, logo, melhorou. Os trabalhos eram todos braçais.

O mais difícil era quando íamos derubar os paus de Angicos, no  machado. A madeira era tão dura que, quando o machado pegava na árvore, o impacto era tão forte, que jogava ele de volta. Nós lavravamos as terras com cavalos, eles eram mansinhos e obedientes e também eram o nosso meio de transporte. Nós criávamos porcos da raça Duroc, fazia melado, tinha horta com bastante verduras e sempre tinha uma vaquinha para tirar leite e fazer queijo.

Depois compramos mais 5,5 alqueires de terra de um dos irmãos da Tereza e juntamos com o nosso pedaço de terra. Esse sítio ainda temos. No próximo dia 1º de maio, vai fazer um ano que mudamos para cidade. Eu me acostumei bem com a nova vida. A Tereza também está gostando, mas ela ainda sente muitas saudades do lugar bonito onde morávamos. Deixamos a terra arrendada e uma casa mobiliada. Quando temos vontade e sentimos saudades, pedimos para um dos filhos nos levar lá. Estamos muito contentes vivendo assim.

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