O saudoso escritor Carlos Heitor Cony escreveu a crônica “A luta e a lição”, contando episódio da vida de um brasileiro, de 38 anos, que pela segunda e última vez, tentou escalar o Monte Everest. Teve sucesso quando o fez na primeira tentativa. Nessa escalada, como reforço, usou um cilindro de oxigênio para aguentar a altura.
Mas, o alpinista, talvez insatisfeito consigo mesmo, ousou escalar o pico mais alto do mundo novamente. Não se sabe o que quis provar com isso, mas o motivo talvez seja demonstrar resistência, pois na segunda tentativa, desprezou o tubo de oxigênio suplementar, imaginando que teria sucesso.
Cony questiona a atitude do jovem brasileiro, mas socorre-se no adágio popular: “Ora, dirão os entendidos, é assim que caminha a humanidade”. E justifica esse tipo de conduta, afirmando que se ninguém fizesse nada, ainda hoje estaríamos nas cavernas, comendo animais crus.
O texto deixa clara a observação de que o brasileiro, ao tentar sua segunda escalada, seu estado de saúde geral era considerado ótimo. Portanto, nada o impediria de nova tentativa. Mas, fica no ar uma pergunta: ele teve sucesso, porque usou o oxigênio complementar ou não foi necessário?
Talvez não tivesse usado e por isso, confiante, não levou o tubo; todavia, se fez uso do equipamento de suporte adicional, ao ignorá-lo, colocou em grave risco sua vida. Também, não se sabe como ocorreu sua morte: se foi por acidente ou por falta de oxigênio. Fica uma lição de vida: nosso destino aceita desafios, mas nem sempre nos oferece uma segunda chance.