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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Os carros antigos eram mais “fortes”… e menos seguros

Evolução estrutural tem permitido projetar veículos que absorvam impacto em colisões. E tornar acidentes menos letais.

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Em vídeo comemorativo de seus 50 anos, o Insurance Institute for Highway Safety colidiu um Bel Air ano 1959 e um Malibu 2009. Confira o vídeo do crash test no QR Code.

Leandro Czerniaski – Dizer que os carros de hoje são frágeis e se despedaçam em qualquer batida se tornou comum, mas equivocado. É que a aparente delicadeza das peças esconde muita tecnologia e evolução estrutural para garantir que, num acidente, os danos sejam somente no veículo e não nos ocupantes.

Prova disso são os testes de segurança que demonstram que projetos atuais oferecem mais segurança ao motorista e passageiros que os antigos, especialmente aqueles com mais de 30 anos. Realmente, a resistência da lata não torna um carro mais seguro ou reforçado.

Os veículos modernos são construídos para se deformar em uma colisão, absorvendo a energia e transferindo a força do impacto para regiões mais reforçadas do monobloco. Tudo calculado. Partes da estrutura possuem marcações que indicam como será a deformação. “A ideia é que a estrutura absorva energia para que não chegue até os ocupantes e isso ocorre de forma progressiva ao longo do chassi ou monobloco”, explica o engenheiro mecânico Marcelo Da Corregio, de Francisco Beltrão.

Da Corregio exemplifica como essa deformação deve ocorrer na prática. Em pequenas colisões, a crash box – logo atrás do para-choque – absorve boa parte do impacto, poupando a estrutura do veículo. Se a batida for mais forte, as ranhuras de deformação vão conduzindo a energia para livrar a cabine: o motor “cai”, o capô vai para o alto e partes da suspensão vão para as laterais de fora do carro. São os chamados elementos de sacrifício.

“Esse aumento da segurança estrutural está ligado a um conceito de preservação da vida. Está mais comum vermos carros com perda total, mas com ocupantes saindo quase ilesos, por isso podemos falar que hoje, por esse e outros dispositivos de segurança, os veículos estão financeiramente mais caros, mas também são mais carros”, compara o engenheiro mecânico.

Marcelo Da Corregio, engenheiro mecânico: “Está mais comum vermos carros com perda total, mas com ocupantes saindo quase ilesos”.

Outros itens que estão se tornando cada vez mais comuns – e até obrigatórios – ajudam a tornar os veículos de hoje ainda mais seguros. Marcelo cita os que considera mais importantes para salvar vidas: “O freio ABS faz com que qualquer motorista possa parar o carro sem derrapagens, como pilotos de automobilismo, e o airbag reduziu significativamente a gravidade em colisões e capotamentos”.

Sistemas em evolução

A tendência é que os carros se tornem cada vez mais seguros. Primeiro, porque o programa Rota 2030 prevê que novos itens se tornem de série nos próximos anos em novos projetos ou 0 km. É o caso do controle de estabilidade, sistema de visibilidade traseiro e proteção contra impacto lateral. Segundo, porque o Latin NCAP (órgão independente que avalia a segurança dos automóveis vendidos na América Latina) está aperfeiçoando seus protocolos, avaliando também a proteção para pedestres e assistentes de condução, além de testes de impactos mais rígidos.

As setas indicam as ranhuras de deformação na chamada crash box, uma peça de sacrifício que serve para absorver a energia de impactos e poupar a estrutura do monobloco.

Segurança ainda não é prioridade na escolha

Apesar da nobre função, a deformação programada nem sempre tem a relevância merecida para quem compra um veículo. O consultor comercial da Sudouato Marco Antonio Mikolajczyk sabe de cor sobre essa “segurança oculta” de cada modelo da Chevrolet, mas poucas vezes precisa detalhar a um potencial comprador. “Poucas pessoas prestam atenção nestas características ao buscar um 0 km. O que define a compra são outros itens, que costumam variar bastante conforme cada público, mas no quesito segurança a quantidade de airbags, o auxílio de partida em rampa e a frenagem autônoma estão sendo cada vez mais buscados”, diz Marco Antonio.

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