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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Ensinamentos de Monsenhor Raymundo ainda estão muito presentes na comunidade de São João

A reportagem conversou com pessoas da comunidade que conviveram com o religioso, lembrando de suas virtudes e do trabalho de evangelização.

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Padre Raymundo primeiro pároco.

Em 2022 completam-se 25 anos de falecimento do monsenhor Raymundo Lulus Francener, considerado por muitos o grande líder religioso e comunitário de São João. A Paróquia São João Batista foi oficialmente criada em 16 de novembro de 1959, desmembrando-se de Chopinzinho, e oficialmente instalada no dia 8 de dezembro de 1959. Nesta mesma data, o recém-ordenado padre Raymundo assumiu como pároco e fez de São João seu lar por 38 anos, vindo a falecer em Curitiba, onde estava a trabalho, dia 28 de setembro de 1997.

Quando chegou em São João, morou por um ano no hotel de Iva Piquer, depois a casa paroquial localizou-se por muitos anos ao lado do clube de idosos. Em 1960, foi um dos incentivadores da Coasul, participando do conselho fiscal da cooperativa.

Segundo a professora Norma dos Santos Pergher, padre Raymundo não foi só o pároco que viu a Paróquia nascer e crescer, foi também uma grande liderança que muito contribuiu para o progresso e desenvolvimento do município. “Com seu jeito de ser, corajoso, metódico, exigente, não gostando nunca de fugir às regras, ou abrir precedentes, muitas vezes interpretado por alguns como intransigente. Tinha, no entanto, um grande coração e dizia-se que sem alardear ele provia sustento para muitas famílias necessitadas, exigindo anonimato”, escreveu em seu livro sobre a história de São João.

Antiga Igreja Matriz de São João em foto que retrata desfile 7 de Setembro.

Foi um grande lutador pela educação do município, participando ao lado das autoridades de reuniões na capital, na luta pela regulamentação do curso de 2º grau. Atuou vários anos como professor, foi diretor, inspetor de ensino e, no que diz respeito à educação, foi sempre um conselheiro e incentivador. Foi também um grande pescador de vocações.

Incentivador do sacerdócio

Nos seus 38 anos de ministério, nada menos que quatro rapazes da Paróquia assumiram o sacerdócio, encaminhados por ele – padres Victor Müller, Lessir Bortuli (ex-padre), Geremias Steinmetz (hoje arcebispo) e Dilonei Muller. Outros quatro que ele não viu ordenarem-se, mas que também foram frutos do seu trabalho: padres Roberto Baroni (seu sobrinho), Valdecir Bressani, Darci Dalmonte e Marcos Tonial. Como grande líder que foi, também muito lutou para formar lideranças na catequese, ministros e pessoas para auxiliarem nos movimentos religiosos.

Cidadão exemplar

A primeira-dama de São João, Marília Cucolotto, lembra que ele sempre foi um grande incentivador da educação. Ela relata que teve uma convivência próxima do padre Raymundo enquanto criança e adolescente.

“Ele me batizou, acompanhou toda a educação cristã, ensinou detalhes até de etiqueta, participei da equipe de liturgia por muito tempo, aprendi muito com ele também sobre postura, sobre como falar em público, na parte do canto, participou da minha Crisma, só não foi ele quem fez meu casamento (foi o padre Dilonei).” A primeira-dama recorda que como professor, cidadão, político, líder comunitário, muito contribuiu para o município todo.

Normas eclesiais seguidas à risca

O diácono Luiz Heinen, que na época do Padre Raymundo foi coordenador de Liturgia e ministro auxiliar da comunidade, também tem boas lembranças do líder religioso. “Sabia organizar o seu tempo para visitar todas as comunidades mensalmente e ainda ter tempo de participar de todas as reuniões das pastorais. Exímio valorizador das lideranças das comunidades e das pessoas que se apresentavam a ele com sinceridade. E detestava quando alguém pretendia ludibriar normas eclesiais.”

Atendia mais de 40 comunidades e mais de 500 grupos de famílias. Naquele tempo a Paróquia de São João abrangia todo o município de São João, duas comunidades do município de São Jorge D’Oeste e todo município de Sulina. Teve em grande parte do tempo auxílio de vigário paroquial. “Sempre investiu e valorizou a formação de lideranças e sempre seguia as orientações diocesanas”, relata Marília.

Formação de pastorais e incentivador das vocações

Arcelino Luiz Feltraco diz que conviveu com padre Raymundo desde sua chegada a São João. “Ele padre e eu sempre trabalhando na equipe de liturgia e animador de canto da Igreja. Mas a grande luta dele sempre foi a formação das mais diversas pastorais e as vocações. Incentivou tanto a parte vocacional que, em São João, no tempo dele, foram ordenados nove padres aqui e o dom Geremias (ordenado diácono em São João) e padre em Sulina; hoje arcebispo de Londrina.” Arcelino diz que padre Raymundo deixou um legado inestimável para São João. Em 1984, ele comemorou jubileu de prata sacerdotal e recebeu da Câmara de Vereadores o título de cidadão honorário do município. “Também lutou muito pela construção da Igreja Matriz de São João.”

Um começo muito difícil

Padre Roberto Baroni, sobrinho de monsenhor Raymundo, lembra que seu tio foi um dos primeiros padres diocesanos ordenados em Palmas. “O início dele foi um período muito difícil, de reafirmação da fé católica, de criação das capelas no interior e cidade. Para um homem sozinho era um trabalho exaustivo, pois acompanhava mais de 40 comunidades. E naquela época a locomoção também era complicada. Ele teve jeep e um fuscão, mas os acessos nas comunidades do interior eram precários, perto do que temos hoje. Então, não era incomum ele pernoitar na casa das famílias, porque não conseguia retornar para casa.”
Padre Baroni ressalta que a criação da Fogueira de São João também se deve à devoção de monsenhor Raymundo. Por muitos anos ela era feita no pátio da Igreja e no primeiro mandato do prefeito Clóvis (2005 a 2008) foi transferida para o centro de eventos. “A ideia foi criar um evento oficial do município que até então não tinha. O pároco Celestino Munaro e eu, padre Baroni, achamos por bem transferi-la para que fosse um evento maior de todo município.” De acordo com ele, o tio foi um exímio padre, incentivando a evangelização e a participação da comunidade na Igreja.

Educação religiosa desde criança

Monsenhor Raymundo Lulus Francener nasceu dia 3 de setembro de 1929, em Triângulo, Joaçaba (SC). Filho de José e Matilde Petry Francener, iniciou seus estudos aos 6 anos de idade na escola primária de Triângulo. Na 4ª série ingressou no Seminário Franciscano de Luzerna (SC). Da 5ª à 8ª série fez seus estudos no Seminário de Mafra (SC). O 2º grau cursou no Seminário Seráfico de Agudos (SP). Cursou Filosofia no Seminário de Viamão, ocasião em que foi admitido como seminarista diocesano em Palmas (PR). Também cursou Teologia em Viamão (RS). Foi ordenado sacerdote em Palmas dia 20 de dezembro de 1958, por dom Carlos. Sua 1ª missa foi em Luzerna. Em 1959, trabalhou um breve período em Chopinzinho, ocasião em que frei Vitor, pároco da Paróquia, viajou à Alemanha para visitar seus pais. Neste mesmo ano assumiu a Paróquia de São João como seu 1º pároco.

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