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quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Movimentação financeira da agropecuária do Paraná cresceu 41% em 2021

Produtor de soja na safra 2020-21. Preço da saca aumentou devido à quebra da safra. Foto: Arquivo/JdeB.

AEN-JdeB – O Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) do Paraná somou R$ 180 bilhões em 2021, de acordo com relatório preliminar da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab). É o maior valor já registrado na série histórica, iniciada há 25 anos, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), responsável pelo levantamento. Os números representam um crescimento nominal de 41% em relação ao VBP de 2020 (R$ 128,3 bilhões).

O VBP contempla aproximadamente 350 itens diversificados, incluindo grãos, proteínas animais, fruticultura, floricultura, silvicultura e uma ampla gama de produtos da agropecuária paranaense. Os dados são levantados pelos técnicos do Deral, ao longo do ano, com pesquisas semanais de preços e das condições das lavouras nos municípios. Além do crescimento expressivo do rendimento dos grãos (49%) e da pecuária (36%) comparativamente a 2020, o setor florestal também mostrou avanço significativo (41%).

Grande avanço

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O VBP tem peso de 8% na distribuição do ICMS no Paraná. “É um grande avanço e contribui para que os municípios possam, com mais recursos, prestar melhores serviços à população”, diz o secretário estadual de Agricultura, Norberto Ortigara.

A partir da publicação do relatório preliminar do VBP no Diário Oficial do Estado, os técnicos e gestores municipais analisam os números e, caso desejem, podem entrar com recurso para questionar dados do desempenho agropecuário. “O prazo é de 30 dias a contar da publicidade oficial. Depois desse período, o Deral divulga o resultado final do VBP de 2021”, explica o chefe do Deral, Marcelo Garrido.

Segundo a economista do Deral, Larissa Nahirny, responsável pelo relatório do VBP, a valorização dos preços fez a diferença nos resultados, já que o Paraná teve perdas significativas na safra de grãos 2020/2021, a exemplo das segundas safras de milho e feijão. A alta nos preços recebidos pelos produtores, tanto no mercado interno quanto no mercado externo, ajudou a garantir o rendimento, especialmente das commoditties e das carnes.

“Por outro lado, ao analisar o crescimento real, vemos como a inflação do período refletiu no VBP como um todo.”

Desempenho por setor

O grupo dos grãos representa 45% do valor total do VBP paranaense, somando R$ 80,7 bilhões. A soja, que rendeu R$ 51 bilhões em 2021 – 75% a mais do que em 2020 –, é o produto com maior representatividade. “Essa cultura escapou de quebras na safra passada porque a colheita aconteceu antes do período de déficit hídrico e gerou 19,8 milhões de toneladas.”

Na pecuária, o destaque foi o setor avícola, que teve movimentação superior a R$ 33 bilhões (52%) e crescimento de 4% na produção.

A valorização dos preços contribuiu para equalizar as perdas decorrentes da quebra da segunda safra de milho. Mesmo com uma produção 41% menor (9,3 milhões de toneladas, somadas as duas safras), o VBP atingiu R$ 13 bilhões, crescimento de 9% em termos nominais.

Destaques no Paraná

No Estado, 17 municípios estão no clube do bilhão de reais e os cinco primeiros foram: Toledo, com R$ 4,3 bilhões; Castro, com R$ R$ 3,4 bilhões; Cascavel, R$ 3,2 bilhões; Guarapuava, R$ 2,2 bilhões; e Santa Helena, R$ 2,05 bilhões.

Beltrão e DV estão no “clube do bilhão”, composto por 17 municípios que mais produzem no Paraná

Por Flávio Pedron – O relatório do Valor Bruto da Produção (VPB) relativo ao ano-safra 2021 é preliminar, mas já aponta como destaques os municípios de Dois Vizinhos e Francisco Beltrão na movimentação financeira dos produtos primários. Mesmo com escassez hídrica ocorrida ao longo do ano, o desempenho foi positivo e um salto enorme em valores.

A movimentação financeira do setor agropecuário de Dois Vizinhos saltou de R$ 1,3 bilhão, em 2020, para R$ 1,8 bilhão em 2021, variação de 38,7%, ocupando 9ª posição no Estado. Em Francisco Beltrão, a movimentação saltou de R$ 927 milhões para R$ 1,2 bilhão – 15ª posição no Estado – e variação de 36,6%. Os valores foram arredondados.

Pequena queda

Há alguns anos o município de Dois Vizinhos ultrapassou Beltrão em movimentação financeira no VBP e tem crescido ano a ano. Mas no ranking, entre 2020 e 2021, o município caiu uma posição no Estado: Tibagi tinha R$ 1,2 bilhão em 2020 e chegou a R$ 1,9 bilhão em 2021.

Junior Ventura, secretário de Agricultura de Dois Vizinhos, em entrevista à Rádio Educadora, destacou o feito. “Hoje é um dia bastante festivo para nós, de Dois Vizinhos, na área agrícola, pois recebemos os números do Valor Bruto da Produção da safra 20-21, aonde nós tivemos um aumento de 39% na arrecadação no nosso município. Nós estávamos com R$ 1,3 bilhão e hoje passamos pra R$ 1,8 bilhão de arrecadação. Nós vemos que o município, da mesma forma que o Estado, também cresceu. Isso é uma alegria grande para nós. O nosso município é pujante na área agrícola, onde a arrecadação, a maior parte, vem do agronegócio.”

As cadeias avícola – produção de frangos e ovos –, da pecuária de corte e leite e grãos são muito fortes em Dois Vizinhos. O município sedia um dos maiores frigoríficos de frangos da América Latina, pertencente à BRF, e movimenta a economia local e regional. A movimentação financeira com a avicultura de corte chegou a R$ 539 milhões (valor arredondado) e abate de 66,9 milhões de aves.

Em Francisco Beltrão, o secretário municipal de Agricultura, Claudimar de Carli, estima um crescimento de 20% no VBP de 2021. Ao analisar preliminarmente os resultados, Claudimar comenta: “Onde foram os grandes ganhos? Os Gaps? Basicamente nos preços das commoditties. Claro que os preços e a produção influenciaram em função da estiagem. Aliado a isso, aqui no Sudoeste, temos a avicultura que é muito pujante, muito forte.”
No município, as cadeias avícola, de grãos e pecuária leiteira são muito fortes. Na avicultura de corte a movimentação chegou a R$ 250 milhões (valor arredondado) e abate de 29,4 milhões de aves. No leite, a produção caiu dois milhões de um ano para outro, mas o valor registrado foi maior, saltando de R$ 141 milhões para R$ 181 milhões (valores arredondados).

Na região, dos 42 municípios, apenas Palmas teve desempenho negativo, de -4,7%. Mas é preciso esperar para ver se haverá recurso por parte da Prefeitura ou o relatório final confirmará a queda no FPM.

Dados preliminares

Os técnicos do Deral-Seab, de Beltrão-Dois Vizinhos, ainda esperam a divulgação do relatório final para fazer as análises do desempenho regional. Mas já sabem que no setor pecuário – aves e bovinos de corte – houve aumento na produção. Devido à estiagem, a produção de leite não caiu mais porque muitos produtores passaram para o sistema de confinamento (compost barn ou free stall). Se não tivessem adotado estes sistemas, a redução teria sido maior porque as pastagens e a produção de silagem foram seriamente afetadas pela falta de chuvas. E no setor de grãos, embora tenha ocorrido quebra na produção, os preços das commoditties tiveram aumento.

Sobrou pouco

Em relação aos ganhos no setor primário, o agricultor Jaimir Colognese, presidente do Sindicato Rural de Verê, lembra que na safra 2020-2021 “a maioria dos produtores contrataram soja a 80 a 90 reais. Daí o pessoal recebeu um valor baixo porque o soja duplicou de valor. Eu não sei como a Seab avalia isso [o aumento nos valores do VBP]. Mas na mão do produtor ficou pouco dinheiro. O pessoal colheu mal a produção e acabou sobrando pouco” Na pecuária leiteira, os custos de produção para as granjas que adotaram os sistemas de confinamento aumentaram devido à elevação das cotações da soja e milho, principais componentes na elaboração das rações.

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