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terça-feira, 01 de julho de 2025

Edição 8.236

01/07/2025

Preço alto para o consumidor e lucro pequeno para o produtor. O que está acontecendo com o leite?

Produtor de leite diz que falta reconhecimento para atividade no Brasil.

Na propriedade rural de Marcos Bortolini, o jovem William Garcia despeja alimentação para vacas leiteiras. Foto: Niomar Pereira/JdeB.

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Por Niomar Pereira -Terça-feira, 12 de julho, foi o Dia Nacional do Produtor de Leite, data instituída a partir da Lei 6.487/2019, mas quem está na atividade diz que tem pouco para comemorar. A legislação foi criada “com o objetivo de valorizar o produtor de leite brasileiro, bem como incentivar o consumo de leite e seus derivados”. Contudo, a produção de leite no Brasil, que sempre viveu de altos e baixos, mais uma vez enfrenta crise. A conta simplesmente não fecha. O produtor tem um custo alto, recebe pouco e o consumidor paga caro pelo litro de leite no supermercado, que nos últimos três anos teve aumento médio de 60%.

Marcos Bortolini, que reside na comunidade Menino Jesus, interior de Francisco Beltrão, ressalta que o produtor de leite, no Brasil, ainda precisa de mais reconhecimento. “Eu nunca vi as pessoas reclamando do aumento do preço da cerveja. É cultural, no Brasil, achar que o produtor sempre tem que ganhar pouco.”  O pai dele, seu Bruno, acha que faltam políticas públicas de incentivo ao produtor de leite, já que é um alimento essencial à maioria das pessoas.

O custo para alimentar os animais disparou nos últimos meses com o aumento da cotação das commodities. Hoje, para tratar uma única vaca por dia, são gastos R$ 15 em silagem, R$ 23 em ração, R$ 4 em feno e R$ 1,50 em minerais. Total de R$ 43,50. É praticamente 50% do custo de produção. O produtor ainda tem outras despesas como energia elétrica, mão de obra, equipamentos, medicamentos, infraestrutura, entre outros.

Marcos tem 50 vacas em lactação com uma média de 38,2 litros de leite/dia por animal. E os investimentos para atender as demandas do mercado, que sempre cobra mais qualidade, não param nunca. Agora mesmo, está ampliando o barracão onde elas ficam confinadas em sistema de compost barn. Estão sendo investidos R$ 250 mil para aumentar o espaço de 1.300 m² para 1.875 m².

A meta é atingir um rebanho de 100 animais em lactação até o primeiro trimestre de 2023. Com a margem cada vez mais apertada, a família está vislumbrando que para se manter na atividade será necessário aumentar a produção para ter algum lucro com a quantidade. “O produtor tá sempre devendo, né, sem crédito não tem como tocar. Dizem que a gente movimenta muito dinheiro, mas também quero que vejam as contas pra pagar. Eu fiquei seis meses trabalhando no prejuízo, as contas não fechavam de jeito nenhum, fazendo todos os malabarismos possíveis, cortando de tudo que é lado.”

A granja dos Bortolini investiu pesado em genética nos últimos 17 anos e se tornou referência em qualidade do rebanho [todas vacas holandesas 100% PO (Puro de Origem)], com animais premiados, despertando o interesse de outras regiões do Brasil. A propriedade tem o que há de melhor, no mundo, em produção leiteira. Os sêmens, por exemplo, para inseminação artificial são de origem canadense. “Tem muita gente do Nordeste que vem comprar nossas novilhas, conhecem nosso trabalho pelas redes sociais e vêm buscar os animais.” É a venda de novilhas e embriões que ajuda a granja equilibrar as contas.

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