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Francisco Beltrão
segunda-feira, 16 de junho de 2025

Edição 8.226

14/06/2025

Agricultor aplica oito centímetros de Ivomec em seu corpo

O fato aconteceu em setembro do ano passado com o agricultor Aquelino da Rosa, da comunidade da Cabeceira do Rio do Mato, em Francisco Beltrão. Aquelino tem, também, uma casa no Bairro Jardim Itália, onde mora com a esposa Diana e as filhas Ana Letícia, de 9 anos, e Maria Helena, de 5 anos. Numa segunda-feira, Aquelino foi ajudar na construção de um barracão na comunidade de Vista Alegre, Eneas Marques. Naqueles dias, havia muitos casos de covid-19, com muitas mortes.Três amigos seus, que trabalhavam juntos na construção, comentaram que tinham tomado um pouco de Ivomec. Alguém ensinou pra eles que isto não deixava pegar coronavírus. (Ivomec: é um medicamento indicado para tratamento de vermes e carrapatos de animais).

Aquelino aconselha que ninguém tome Ivomec, como ele tomou.

Aquelino trabalhou a semana toda e, no sábado, almoçou com alguns amigos. No domingo, à tarde, ficou sabendo que uma pessoa que estava no almoço tinha sido internada, em estado grave, com coronavírus. Aquelino diz que entrou em desespero, pois já havia perdido muitos amigos por culpa dessa doença terrível. Ele só pensava em proteger sua família. Aquelino lembrou dos amigos que tomaram Ivomec. Às 17h, ele foi até o chiqueiro e pegou o frasco do produto. Pensou: “Em vez de tomar, vou aplicar no meu braço esquerdo, que o efeito será mais rápido. Vou encher bem, a seringa, para garantir. Ele aplicou oito centímetros. A indicação da bula do medicamento é de um centímetro para cada 50 quilos. A dose que Aquelino preparou era para um boi de 400 quilos. Aquelino pesa 70. Cinco minutos após a aplicação, ele começou passar mal, com falta de ar, tosse seca e ansiedade. Ele diz que só deu tempo de entrar em casa e se jogar no sofá. Apagou.

Ficou muito mal

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Dormiu até as 15h, de segunda-feira. Então, acordou muito mal. Seu funcionário, que ajuda a cuidar do sítio, pediu socorro para um vizinho. Pensou que, devido aos sintomas, também estava com covid. Na UPA, fez o teste, que deu negativo. Voltou pra casa mas continuava bem ruim. Não falou nada para ninguém sobre a injeção que havia feito. Na quarta-feira, retornou à UPA com os mesmos sintomas. Fez o segundo teste de covid que deu negativo novamente. E, mais uma vez, não falou nada sobre a injeção. Na sexta-feira, sua situação complicou ainda mais. Voltou na UPA. Durante a consulta, contou à médica que o atendia sobre a injeção de Ivomec. Segundo Aquelino, a médica olhou para ele, assustada, e perguntou se ele ‘era doido?’ Imediatamente, fizeram um Raio X que mostrou seus pulmões já 50% comprometidos, por causa da injeção que aplicou. Assim que começou a tomar a medicação, aos poucos, foi melhorando. Ele diz que só não morreu por um milagre e demorou 60 dias para voltar a trabalhar.

Em abril, parou de tomar os medicamentos. Ele ainda não se sente bem. Se for subir um morro ou tentar correr, falta ar. Vai levar ainda mais alguns meses para voltar ao normal. Ele sabe que vai receber muitas críticas pelo que fez, “mas o desespero deixa a gente sem saber o que fazer”.

Agricultor aprendeu uma lição valiosa

Aquelino aconselha nunca fazer o que fez, pois nem todos terão a mesma sorte. Ele já tomou a quarta dose da vacina e está muito contente, pois ninguém da sua família pegou covid. Nem a filha mais velha, Hérica, que já é casada, nem o Ademilson e o Idenilson, filhos do primeiro casamento. O sítio de Aquelino tem 10,5 alqueires de terra, onde ele planta verduras, mandioca e batata-doce. Ele vende todos seus produtos nos mercados e restaurantes de Beltrão.

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