6.1 C
Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Produtor rural deve torcer por boas condições climáticas

Apesar do aumento nos custos de produção, o importante é garantir uma boa produtividade no milho, soja e feijão.

- Publicidade -

JdeB – O ano-safra 2022-2023 já está em vigor. Na região Sudoeste, no entanto, a intensificação dos plantios ocorre a partir de setembro. Algumas lavouras de feijão e milho da primeira safra já foram plantadas. Para o milho, a estimativa do Departamento de Economia Rural da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Deral) é que sejam plantados 35 mil hectares (para silagem) e 18 mil hectares (grãos) e feijão apenas três mil hectares. Estas estimativas são para a região de Beltrão-Dois Vizinhos, que compreende 27 municípios. O importante, para o agricultor, é que as condições climáticas sejam favoráveis e garantam uma boa safra.

Em julho e agosto muitos produtores rurais procuraram preparar o solo, fazer a dessecação de plantas, verificar as sementes e insumos que serão utilizados no cultivo de feijão, milho e soja. Lideranças do setor acreditam que as áreas de milho serão um pouco maiores nesta safra.

A saca de 60 quilos está na faixa de R$ 78 a R$ 82, uma boa cotação para o cereal. Mas Antoninho Fontanella, técnico do Deral/Seab, ressalta: “Não será muita coisa de aumento; aqui ainda prevalece a monocultura em torno da soja e agora também tem o receio dos produtores em relação aos ataques de cigarrinha”. O plantio começa após o dia 10 de setembro, já que entre 10 de junho e 10 de setembro é proibido o plantio ou manutenção de plantas de soja pelo vazio sanitário, medida preventiva contra a ferrugem asiática. 

Apesar do aumento nos custos de produção devido à guerra entre Rússia e Ucrânia – dois dos maiores fornecedores mundiais de fertilizantes -, Albino Poposki, presidente do Sindicato Rural de Beltrão, diz que a expectativa é boa e que os agricultores estão animados e há uma necessidade de produzir. “Tem um aumento de custos, mas as expectativas são boas. Com a escassez mundial de alimentos, então nós temos a necessidade de produzir. Vamos ter um custo maior pra produzir, mas sempre na perspectiva de ter uma remuneração em cima do investimento.”

Albino estima que o custo de produção deve ter um aumento de 30% para o milho e para soja até 40%. Estas estimativas dependem das tecnologias adotadas por produtor.

“Mas se for bem planejado, ainda se tem uma boa perspectiva de lucratividade, se o tempo correr bem.” O sindicalista acredita que vai aumentar a área de milho, “mas a soja é a lavoura principal da primeira safra e depois tem o plantio do milho safrinha [que a área é maior]”.

Jaimir Colognese, presidente do Sindicato Rural de Verê, confirma que os custos de produção vão ser maiores nesta safra.

“Hoje até já teve alguma redução de preços, mas na verdade as decisões que a gente toma pra agricultura não são imediatas. A gente tá plantando milho hoje e dia 15 de setembro começa a plantar o soja. Então, são decisões que a gente tem que tomar antecipadamente. Os insumos, o pessoal já adquiriu com antecedência e já pagou por isso. Essa pequena retração no preço que houve vai beneficiar pra frente, pra quem for plantar a safrinha. Quiçá, até lá, ele dê uma retroagida nisso maior.”

Falta de recursos

Marcelo Possamai diz que mais pequenos agricultores estão buscando linhas de crédito para o plantio da safra e isso está influenciando no crédito. “Outra coisa que nós estamos percebendo é a falta de recursos. Estamos aí no dia 25 de agosto, nem terminamos agosto e nem começou o plantio, poucos ainda estão plantando, vão começar mais pra semana que vem e já não existe mais recursos nos bancos. A maioria do Banco do Brasil, que é o principal que tem a maior parte do dinheiro pra liberação, não tem.” 

O presidente do Sintraf diz que este problema já era previsto pelas entidades do setor. “O governo liberou o plano safra com aumento de recursos. Mas a gente já sabia que não seria suficiente devido à grande quantidade de agricultores que não utilizavam mais fazer suas safras através de financiamento, faziam por conta. Devido aos problemas climáticos dos últimos tempos, o pessoal voltou atrás e voltou a fazer financiamento pra ter uma garantia de Proagro se acontecer alguma instabilidade no tempo. Isso também é uma coisa que acarretou numa demanda maior de recursos.”

Marcelo Possamai conta que há preocupação porque agricultores familiares têm procurado o Sintraf para fazer o Imposto Territorial Rural (ITR) e a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAF), quer encaminhar o financiamento para o custeio da safra e não tem recursos financeiros nos bancos.

Torcida pelo clima

O presidente do Sindicato Rural de Verê diz que para os agricultores, o momento é de torcer pra que o clima corra bem. “Porque eu sempre tenho dito o seguinte: pro produtor rural, se ele colheu uma supersafra, mesmo que os preços não estejam tão atrativos, como vem ocorrendo no momento, porque houve uma retração nos preços do soja e do milho – a única cultura que tá mantendo a alta é o trigo –, mas o que mais importa pro produtor é que o tempo corra bem.”

Jaimir acrescenta que “é melhor colher 180, 200 sacas de soja por alqueire e vender a R$ 170 a saca, que nem tá agora, do que colher 20 a 30 sacas, que nem aconteceu na safra desse ano, e vender a R$ 200. O que a gente precisa: mesmo com a alta nos preços dos insumos, que o clima corra bem e a gente possa fazer uma safra boa, ter uma boa produtividade.” Neste momento, a saca de soja está oscilando entre R$ 170 a R$ 174.

Marcelo Possamai, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Sintraf) de Beltrão, relata que há uma tendência de aumento nos projetos de financiamento para o plantio de milho.

“A gente tem visto na passagem pelo interior, o pessoal aproveitando um pouco mais as áreas pra plantio. Então, com certeza, esse ano deve aumentar a área plantada tanto de soja como de milho.”

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques