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Francisco Beltrão
terça-feira, 24 de junho de 2025

Edição 8.231

24/06/2025

Chacrinha – A Biografia (Denilson Monteiro)

“Abelardo Barbosa, está com tudo e não está prosa.” Chacrinha foi um dos mais ousados comunicadores do Brasil. Na televisão brasileira, ditou conceitos que seguem sendo seguidos na atualidade. A obra “Chacrinha – A Biografia”, de Denilson Monteiro, lançada em 2014, é indicada para fãs, curiosos ou amantes da literatura que topem conhecer as minúcias, muitas vezes recheadas de polêmicas, da vida do Velho Guerreiro. 

Leitura em cinco dias

Consegui o meu exemplar por acaso. Durante o meu passeio a Salvador, num dia que resolvi conhecer o Estádio do Barradão, casa do Vitória, resolvi parar num sebo. Lembro inclusive do nome do estabelecimento: Sebo Jorge Amado. 

Entretanto, após algumas dezenas de minutos vasculhando prateleiras, não encontrei nada que me agradasse. Ora por causa do estado das obras, ora por conta do preço alto. Neste último caso, valeria mais a pena adquirir um volume novo. 

Como estava acompanhado dos amigos, que não estavam muito interessados no programa, fiquei com um exemplar da biografia do Chacrinha, mais como forma de justificar o tempo de procura do que por convicção. Fiz a leitura em setembro de 2022. Cinco dias foram suficientes para devorar as 368 páginas: a narrativa ágil e a trajetória fascinante do protagonista me arrebataram. 

O Conde de Surubim

José Abelardo Barbosa de Medeiros nasceu em 30 de setembro de 1917, em Surubim, Pernambuco. Entre 1936 e 1937, cursou medicina em Recife, mas deixou a faculdade pra se dedicar ao rádio. A primeira experiência veio na Rádio Clube do Recife, que ele deixou de lado para tentar a vida como percussionista de um grupo musical que animaria um cruzeiro pela Europa. 

Porém o ano era 1939, época de Segunda Guerra Mundial. Durante a viagem, o navio precisou retornar para a costa brasileira. Abelardo passa pelo Recife, mas decide seguir para o Rio de Janeiro. E é na então capital do país que resolve apostar de vez no rádio. Chacrinha nunca teve uma voz possante, de locutor, requisito indispensável até bem pouco tempo para trabalhar nesse veículo de comunicação. Mas, promovendo um programa alegre, com verdadeiras badernas, Abelardo consegue conquistar a preferência do público.

O apelido

A origem do apelido “Chacrinha” é dos anos 1940, quando trabalhava na Rádio Tamoio. A emissora ficava localizada numa pequena chácara do Rio de Janeiro, o que com que o programa do pernambucano fosse batizado como “Rei Momo da Chacrinha”.

Rei Momo em referência a um símbolo do carnaval, do qual Abelardo Barbosa era entusiasta. Com o tempo, o termo chacrinha virou apelido que, com ainda mais passar de tempo, foi incorporado ao próprio nome: era reconhecido como Abelardo Chacrinha Barbosa. 

Após passar por mais algumas emissoras de rádio, Chacrinha chega à TV em 1956, na TV Tupi. Ao longo dos anos, passou por várias emissoras, como as TVs Rio, Bandeirantes e Excelsior. Na Globo, fica primeira de 1967 até 1973, e depois de 1982 até a sua morte, em 1988. 

Ritual de candomblé no horário nobre

Chacrinha era um obcecado por números de audiência, e para assegurar a liderança de sua atração, era disposto aos maiores absurdos. Em 1971, por exemplo, transformou o estúdio num verdadeiro terreiro de umbanda. 

Cacilda de Assis, uma mulher que supostamente recebia uma entidade chamada Seu Sete da Lira, era a convidada do maior adversário de Chacrinha, Flávio Cavalcanti, na Tupi. Quando soube, o então contratado da Globo fez de tudo até que conseguiu sair na frente e fazer com que a mãe de santo fosse primeiro à Buzina do Chacrinha, programa que  apresentava. 

Nesse dia, contam as testemunhas, Seu Sete da Lira teria se manifestado em pleno horário nobre de domingo, com relatos de que durante o ritual algumas chacretes – dançarinas do programa – também receberam santos e precisaram ser retiradas do cenário. Mais curioso do que isso é o boato, nunca confirmado, de que a própria primeira-dama do país, dona Scylla Médici, assistia ao programa e teria, de casa, recebido uma entidade. 

Chacrinha morreu em 1988, ou seja, há 34 anos, mas a partir da biografia é possível perceber como os traços e o jeito de se fazer televisão desse pernambucano ainda estão presentes no dia a dia. 

Referência

Título: Chacrinha – A Biografia;

Gênero: Biografia;

Autor: Denilson Monteiro;

Número de páginas: 368;

Editora: Casa da Palavra;

Ano de lançamento: 2014.

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