Quando tinha 63 anos, mais de 30 vivendo ao lado do consagrado escritor Jorge Amado, Zélia Gattai publicou seu primeiro livro. E apesar das comparações inevitáveis que sofreu, muitas vezes questionando se o sucesso na profissão estaria atrelado ao nome do marido, Zélia conseguiu criar uma marca própria de se fazer literatura.
Lançado em 1979, “Anarquistas, graças a Deus” são memórias de infância da escritora. Memórias da infância vivida na ainda pacata São Paulo da década de 1920 e de um lar peculiar. Os pais de Zélia, apesar de serem italianos, tinham modos particulares de entender a vida.
A mãe, Angelina Da Col, era católica e supersticiosa. Ernesto Gattai, o pai, anarquista. Os dois vieram para o Brasil no mesmo navio, o “Cittá di Roma”, na última década do século XIX, mas só se conheceram após desembarcarem no Porto de Santos.
Durante a carreira, Zélia publicou somente um romance – “Crônica de uma namorada” -, enquanto lançou 11 livros de memórias, gênero que no Brasil não é tão difundido. E talvez a Senhora Amado seja seu maior expoente.
Com capítulos curtos e histórias divertidas, “Anarquistas, graças a Deus” é leve e envolvente. Leitura para todas as idades.
Referências
- Título: Anarquistas, graças a Deus;
- Gênero: Memórias;
- Autor: Zélia Gattai;
- Número de páginas: 344;
- Editora: Companhia das Letras;
- Ano de lançamento: 1979.