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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

De Beltrão a Misiones, irmãs comemoram “octacampeonato” da Copa do Mundo

Marile e Magali Bravo, brasileiras filhas de argentino, cada uma em um país, se emocionam com a albiceleste no topo após 36 anos.

A festa do lado argentino na tri fronteira, em Bernardo de Irigoyen. Foto: Rossy Ledesma/Rádio Fronteira.

Por Juliam Nazaré – Em matéria de Copa do Mundo, as irmãs Magali (60) e Marile Bravo (52) se consideram octacampeãs. Brasileiras, filhas do argentino Calistro Bravo, elas já comemoraram cinco títulos mundiais: do Brasil em 1994 e 2002 e da Argentina em 1978, 1986 e 2022. Domingo, 18, cada uma comemorou em um país.

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Recepcionista do Jornal de Beltrão, Marile assistiu à decisão contra a França junto da mãe, Doralia, e da filha Ana. Enquanto isso, Magali comemorou o feito de Lionel Messi e companhia em Posadas, capital da província de Misiones, distante 431 quilômetros. Ela reside no país vizinho desde 1979, numa relação que remonta à saga da família Bravo.

Da Espanha para a Argentina

A bisavó delas, Maria del Carmo, veio da Espanha, fugindo da Segunda Guerra Mundial. Ao chegar a Buenos Aires, trabalhou para Juana Ibarguren, mãe de Evita Perón, primeira-dama do país entre 1946 e 1952, durante o governo do general Juan Domingo Perón. Um dos filhos, Calistro, cruzou o Rio Uruguai e desembarcou no Rio Grande do Sul. Começou a trabalhar como vendedor de pinturas a mão. Durante as idas e  vindas, conheceu a brasileira Doralia em Colônia das Almas, então distrito de Catuípe (RS). Eles casaram-se e viveram juntos por 60 anos, até a morte dele, em 2020, aos 84 anos.

Família da brasileira Magali Bravo, em Posadas, reunida para comemorar o tri da Argentina. Foto: Reprodução.

Brasil e Argentina

Magali casou e mudou-se para a Argentina. Apesar de visitar o país de nascimento com frequência e de fazer questão de manter vivas as suas raízes, ela já está arraigada ao universo “albiceleste”.

No futebol, coloca o Brasil sempre em primeiro plano, mas com a eliminação para os croatas, concentrou as energias na equipe comandada por Lionel Scaloni. Alguns jogos, inclusive, assistiu em Francisco Beltrão, como na classificação frente à Holanda.

“Não posso deixar de estar no Brasil fisicamente e sentir o cheiro da casa dos meus pais, das comidas, das frutas. É totalmente diferente”, diz Magali, mãe dos argentinos Carlos Alberto e Rosângela.

Por outro lado, Marile, nas idas além da fronteira, diz se identificar com o jeito de viver e com as comidas locais. “À milanesa, o purê, que minha avó cozinhava pra gente. Lembro que meu pai gostava muito de futebol, mas quando tinha Brasil contra Argentina ele nem assistia, em respeito à mulher que ele amava e ao país que o acolheu.”

Na opinião da beltronense, argentinos e brasileiros têm jeitos diferentes de torcer. “O argentino é mais passional e sofre mais. Se rasga. Acho que representam mais a latinidade no futebol. A gente sofre, mas é mais ponderado.”

Marile Bravo com o pai argentino Calistro, falecido em 2020, e a mãe brasileira Doralia, hoje com 84 anos. Foto: Reprodução.

36 anos de espera, 2 de saudade

Apesar da distância, a família se emocionou com a conquista no Catar. Além de um jejum de 36 anos ter sido findado, vieram as lembranças de Calistro. “Minha mãe precisou deitar depois do jogo. Ela tem 84 anos e se emocionou com a falta do meu pai. Nos entregamos, acendemos velas, invocamos os nossos antepassados, foi marcante.”

Para brasileiros e “hermanos”, o antes e pós partida em dias de Copa é parecido e diferente, ao mesmo tempo. Em ambos os lados, o churrasco é presente. Mas a caipirinha é exclusiva dos verde-amarelos, enquanto o vinho e o fernet – bebida à base de uma raiz, misturada com refrigerante – são as marcas dos argentinos.

Copa do Mundo Final – Ficha técnica

Argentina (4) 3×3 (2) França – 18/12/2022
● Argentina: Martínez; Molina (Montiel), Cristian Romero, Otamendi e Tagliafico (Dybala); Enzo Fernández, De Paul (Paredes), Mac Allister (Pezzella) e Di María (Acuña); Messi e Julian Álvarez (Lautaro Martínez). Técnico: Lionel Scaloni;
● França: Lloris; Koundé (Disasi), Varane, Upamecano e Theo Hernández (Camavinga); Tchouaméni, Rabiot (Fofana) e Griezmann (Coman); Dembelé (Kolo Muani), Giroud (Thuram) e Mbappé. Técnico: Didier Deschamps;
● Local: Estádio Lusail;
● Gols: Messi, aos 23’, Di María, aos 36’ do 1ºT. Mbappé, aos 34’ e 36’ do 2ºT. Messi, aos 3’ do 2ºT (P), Mbappé, aos 12’ do 2ºT;
● Público: 88.966;
● Cartões amarelos: Enzo Fernández, Acuña, Paredes, Montiel (Argentina); Rabiot, Giroud, Thuram (França);
● Árbitro: Szymon Marciniak (Polônia);
● Assistentes: Pawel Sokolnicki e Tomasz Listkiewicz (Polônia);
● Quarto árbitro: Ismail Elfath (EUA);
● VAR: Tomasz Kwiatkowski (Polônia).

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