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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Ivo Pegoraro: Meu jogo 1.500 foi adiado

Desde janeiro de 1982, anoto todos os jogos que faço: futebol de campo, futebol 7, futebol 5, suíço e futsal. Dia, local, equipe, placar, gols. Só não joguei quando estava machucado, por outros compromissos ou chuva. Em 41 anos, percebi que estava me aproximando do jogo número 1.500. Um número pra ser registrado, afinal, pelo menos na minha família, ninguém jogou tantas vezes. Também comecei a sentir algum cansaço, o pique e a precisão dos chutes já não eram os mesmos. Seria velhice? Estou chegando aos 70 anos. Anunciei aos meus amigos que iria marcar essa conquista com um jogo de camisas número 1.500.

Dia 6 deste mês fiz meu jogo 1.499. Segunda-feira desta semana, 13 de fevereiro, seria meu jogo 1.500. Mas, dia 10, sexta-feira, após pequeno esforço, senti ardência no peito. Comentei com a Irma, minha esposa, e falei que já tinha sentido aquele ardume mais vezes. Fui olhar nas minhas anotações, a primeira vez que senti foi dia 11 de dezembro, dois meses atrás, no jogo dos 40 anos de inauguração dos campos de suíço do Marrecas Clube. Era um domingo de manhã com muito calor. Anotei que meu peito “parecia explodir”. E em outras vezes senti ardumes no peito. Seria algo do estômago? A Irma me alertou que poderia ser problema cardíaco, “vai no médico”.

Fui. Tinha vaga para o dia 20. Tudo bem, nada tão desesperador. Mas quando falei que sentia ardência no peito ao fazer esforço como jogar bola, a Jane, do dr. Dimas, disse “então não jogue mais bola, e eu vou ver se encaixo você para uma consulta antes do dia 20”. Segunda-feira a Jane me ligou ainda de manhã, o dr. me aguardava. Quando contei a ele minha história e que no sábado, dia 11, senti ardume outra vez ao fazer pequeno exercício na horta, ele dispensou o teste de esteira e, na hora, me encaminhou para um exame de cinecoronografia com o dr. Márcio Arcanjo.

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Fui tranquilo, pensando que o exame poderia resultar em alguma indicação para tratamento. E que na segunda-feira seguinte eu faria meu jogo 1.500. Junto com o dr. Luiz Sérgio Luciano, dr. Márcio começou o exame. E quando ele parou pra me dizer que eu tinha um problema “grave”, aí que me dei conta. E agora? Se eu tivesse jogado mais uma vez, poderia ter acontecido comigo como aconteceu com outros amigos que morreram durante um jogo de bola. Um tipo de morte, diga-se, que me faz inveja. Claro, se for uma fatalidade, temos que morrer mesmo, seria uma morte, pra mim, invejável. Mas se puder evitar, evite-se. A família se reuniu, dr. Márcio expôs o quadro, e veio a decisão com a qual eu concordei. Pode fazer, doutor. Um stent na artéria esquerda do coração.  Dr. Márcio disse que foi difícil, minhas veias são cheias de curvas. Mas que bênção que ele continuou. E me salvou. O jogo 1.500 pode vir outro dia. Nem que seja só pra vestir a camisa.

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