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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

QUEDA DE PREÇOS

Analistas comentam deflação do IPCA em junho

Claudemir José de Souza e José Maria Ramos.

Por Niomar Pereira – O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou deflação de -0,08% no mês de junho de 2023. Essa queda representa uma desaceleração da inflação desde fevereiro deste ano.

Ao analisar os nove grupos que compõem a cesta de bens e serviços do IPCA, o economista José Maria Ramos, docente da Unioeste, destaca que quatro deles apresentaram deflação em junho. Os grupos de Alimentos e Bebidas (-0,66%) e Transportes (-0,41%) foram os que tiveram as maiores quedas de preços. Já os grupos de Artigos de Residência (-0,42%) e Comunicação (-0,14%) também apresentaram redução nos preços.

A queda nos preços de commodities agrícolas, principalmente dos grãos como a soja, contribuiu para a deflação, afetando o preço do óleo de soja, carnes e leite. No grupo de Transportes, houve redução nos preços da gasolina (-1,14%), óleo diesel (-6,68%), etanol (-5,11%) e gás veicular (-2,77%), enquanto as passagens aéreas tiveram um aumento de 10,96%. Também foram registradas quedas nos preços de carros novos (-2,76%) e usados (-0,93%), impulsionadas pelo programa de descontos do governo federal.

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De acordo com ele, a política monetária restritiva, com a Taxa Selic em 13,75% desde agosto de 2022, contribuiu para a queda da inflação. “A queda da inflação brasileira decorre de uma política monetária restritiva, com juros elevados – Taxa Selic em 13,75% desde agosto de 2022. A população brasileira está endividada, segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), 78,3% das famílias têm dívidas. E, não há ganhos reais em relação aos salários médios, que reduz a pressão sobre a oferta. Somada a essas questões, a queda nos preços das commodities agrícolas contribuíram para a queda da inflação, que no acumulado de 12 meses está em 3,16%.”

Motivo de comemoração

Para o analista de valores mobiliários Claudemir José de Souza, docente da Unipar, depois de nove meses de aperto econômico, a desaceleração da inflação é motivo de comemoração. No entanto, ele chama atenção para os desafios enfrentados em setores como serviços e alimentos, que ainda apresentam pressão inflacionária.

Mas ele ressalta que itens como serviços continuam pesando no orçamento das famílias; “então, analizado, o setor de serviços está aí com a inflação de 6,2%, então continua pressionando o índice e sem expectativa de queda no decorrer dos próximos meses”.

O analista reforça a importância dessa queda no IPCA para a possibilidade de redução da taxa básica de juros. “Com esse indicador do mês de junho, com o IPCA, a expectativa agora é que sim, há tendência de se iniciar um ciclo de queda, mas em patamares mais cautelosos. Então, a expectativa agora, pelo menos pela maioria dos analistas, é que a taxa básica de juros caia 0,25%. Sairíamos em agosto dos atuais 13,75 e cairíamos pra 13,5%.”

Claudemir observa que os dados internos revelam um cenário desafiador, com o setor de serviços mantendo força e o segmento de alimentos registrando uma inflação alta. Esses fatores têm impacto nas expectativas de redução da taxa de juros projetada pelo Banco Central.

Cenário internacional

Claudemir observa também a influência do cenário econômico internacional, com a continuidade da guerra na Ucrânia e o aumento dos juros em países como a Europa e os Estados Unidos. “Você olha pro Reino Unido, lá na Inglaterra, juros altos, aliás, os juros mais altos dos últimos 30 anos. Quando você sai, olha pros Estados Unidos, mesma coisa, pois estabilizou a taxa básica de juros nas duas últimas reuniões do Fed, do Conselho Monetário lá dos Estados Unidos. Mantiveram a taxa e a expectativa de aumento na taxa básica de juros por lá. De fato, não tem muito espaço de manobra pra que o Copom aqui no Brasil.”

Diante desse contexto, ele acredita que o Copom, mesmo com mudanças no governo, não terá espaço para reduzir a taxa de juros de forma mais acentuada, evitando medidas inadequadas. “A economia brasileira tem apresentado sinais de melhora, com projeções de crescimento acima das expectativas iniciais. O Brasil que começou o ano numa expectativa de crescer menos de 1%, tinha analistas projetando um crescimento de 0,7%, estamos aí com crescimento projetado superior a 2%.”  Segundo ele, há otimismo da população, exemplificado pela procura por carros em programas de desconto do governo.

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