
Por Leandro Czerniaski – O inverno atípico deste ano, com frios menos intensos e tempo mais chuvoso, já indica que os próximos meses podem ser de irregularidade no tempo. De olho nas previsões, o agricultor Josemar Nesi, de Francisco Beltrão, buscou escalonar o plantio de trigo nos quase 300 hectares que cultiva. “O trigo é uma cultura de grande risco – se não perde com a geada pode perder com a chuva. Esse ano, com a entrada do El Niño os frios vão ser menores, mas também pode ocorrer excesso de chuva na primavera, então a gente sempre tá com um pé atrás”, comenta.
Com a atuação do fenômeno climático, a perspectiva é de que a primavera seja chuvosa. O período coincide com a colheita do trigo, que pode perder qualidade devido à umidade. Na região, esta é a principal cultura de inverno e ocupa 145 mil hectares. A área plantada cresceu neste ano e a expectativa de uma safra maior que em 2022 esbarra na incerteza do tempo. “Espera-se que não se confirme o previsto: altas temperaturas e excesso de chuvas em alguns períodos. Até porque a colheita da grande maioria do trigo vai coincidir com o período chuvoso no fim de setembro e início de outubro e pode trazer grandes problemas”, analisa o técnico Antoninho Fontanella, do Deral da Seab.
O El Niño é caracterizado pelo aquecimento das águas do oceano pacífico, afetando as zonas tropicais do planeta. O El Nino altera padrões climáticos, como temperatura e precipitação. Na prática, isso se traduz em um período de chuvas torrenciais no Sul do País a partir da Primavera.
Além do trigo, que pode ter a colheita retardada e perder qualidade, o fenômeno também vai impactar outras culturas, que podem ter suas janelas de plantio prejudicadas pelo tempo. “Na safra passada tivemos atraso no plantio da soja de praticamente 30 dias devido ao excesso de chuvas e isso influenciou o desenvolvimento das principais culturas de Verão, como o milho, feijão e a própria soja”, complementa Fontanella.

Outro ponto que pode prejudicar plantações é a falta de frio. Beltrão teve apenas duas geadas fracas neste inverno e desde o ano passado não registra temperaturas negativas, propiciando o aparecimento de pragas.
Lavouras estão indo bem
Apesar das previsões que trazem insegurança para a agricultura, quem trabalha a vida toda na lavoura, como o Josemar, fez a sua parte para ter uma boa produção. Agora é só contar com o tempo favorável. “A gente tá otimista. O único fator limitante é esse excesso de chuva que pode ocorrer, mas as culturas já implantas estão indo tudo bem, com nível de doença controlado.”