
Por Beto Rossatti – No Dia do Agricultor fomos conhecer a história do Nono Celindo Bortolan, que chegou ao Sudoeste em 1958 e hoje tem uma propriedade modelo em Vitorino.
A propriedade da família Bortolan fica na comunidade de São Donato, e hoje é considerada modelo de agricultura autossustentável.
O Nono Celindo Bortolan casou com Dona Lourdes em 1958, quando veio para Vitorino e constituiu sua família.
Foi o Nono Celindo que ajudou a escolher o nome da comunidade — São Donato. Construiu sua história cultivando soja, milho, feijão e produtos da agricultura familiar na propriedade de 25 alqueires que comprou na época e manteve até os dias atuais.
Na varanda de sua casa, na companhia do filho Milton, da nora Marileine e do neto Emanuel, nos recebe com simpatia. Mesmo com dificuldades de audição, conversou contando um pouco de sua história quando aqui aportou em 1962.
Precursor do plantio de soja no Sudoeste
O nono Celindo foi um dos precursores do plantio de soja na região Sudoeste. Mostra com orgulho o quadro do prêmio que recebeu como maior produtor de soja do Sudoeste do Paraná no ano de 1978. “Eu comecei a plantar soja a partir de sementes que trouxe na mudança do Rio Grande do Sul, mas aquilo não tinha valor nenhum, a gente plantava para tratar os porcos na verdade”. Ele trouxe três bolsas de soja da variedade “Jassa Americana”, e lembra que ninguém conhecia a soja por aqui.
Nono lembra que os vizinhos vinham buscar sementes com ele, mas também tratar os porcos, porque não tinha ainda um valor comercial. A soja era plantada de forma consorciada com o milho, que crescia e era colhido primeiro, para depois da colheita emergir a soja, que então era colhida e utilizada na engorda da porcada. “Era tudo muito difícil, não tinha estrada, era na base da picada no meio do mato, eu ia buscar as coisas em Pato Branco de bicicleta”.
Começou a ganhar dinheiro nos anos 70, depois que comprou um trator
Com o tempo a produção foi aumentando e a soja foi se transformando no principal ativo do agronegócio mundial como a conhecemos hoje. O Nono lembra quando começou a ganhar dinheiro com a soja, nos anos 1970, plantava e colhia tudo de forma manual, e quando colhia 100 sacas era uma grande produção. “Eu então comprei o primeiro trator, um Massey 75, no Palagi, uma plantadeirinha, e então plantei e colhi mil sacas, daí foi um salto, paguei o trator e comprei mais terra e implementos”.
Dinheiro embaixo do colchão, e o anjo da guarda que o salvou
Das dificuldades que enfrentou naqueles tempos só tem boas lembranças. “O dinheirinho que a gente tinha guardava embaixo do colchão [risos], e ajudar os vizinhos em alguma dificuldade”. Homem de fé, caminha pela trilha ecológica que construiu na área de 10% de mata nativa preservada na propriedade. Em determinado ponto da trilha faz uma pausa na caminhada e com os olhos marejados, conta emocionado que foi salvo por um anjo da guarda, que impediu que ele fosse atingido na cabeça por uma árvore gigantesca que havia ali e tombou sobre ele. A propriedade tem água abundante, árvores que ele próprio plantou há mais de 40 anos.
No Oratório construído, tem seus momentos de fé e oração. Foi ministro da Igreja e só não atua mais porque a audição não lhe permite. Foram sete filhos, e Milton que mora na propriedade conta com orgulho o legado do pai. “Meu pai nos deixa um legado de fé, de dedicação ao trabalho e a família, esta é a maior herança que ele vai nos deixar”.
Nono completará 90 anos em janeiro
No dia do agricultor o exemplo do Nono Celindo representa com perfeição o espírito dos agricultores, dos nossos colonizadores, que aqui aportaram no início dos anos 1950.
O Sudoeste é o que é, hoje, graças a esta gente de fibra. Seu espírito representa os nossos pioneiros agricultores, colonos, de colonizadores que foram os responsáveis por transformar a realidade do Sudoeste do Paraná. Vida, alegria, paixão pela agricultura e pela natureza.
Nono Celindo Bortolan completará 90 anos de vida em janeiro do ano que vem.