15.8 C
Francisco Beltrão
sábado, 14 de junho de 2025

Edição 8.226

14/06/2025

SEM AGROTÓXICOS

Pequenos agricultores garantem merenda de qualidade

“Plantamos rúcula, almeirão, alface, chicória, cheiro-verde, brócolis, cenoura, beterraba, couve-flor, poncã e laranja. Um pouco de tudo.” Foto: Juliam Nazaré/JdeB.

JdeB – A merenda escolar consumida pelos estudantes em Francisco Beltrão tem qualidade e boa procedência. Os alimentos não têm agrotóxicos e são fornecidos por agricultores de pequenas propriedades. Semanalmente, eles entregam frutas, legumes e verduras às instituições de ensino estaduais e municipais. 

São mais de 60 produtores vinculados à Cooperativa de Produção e Comercialização (Coopafi), responsável por fazer a distribuição também para entidades, como o Cras.

Seu Valdecir Três, de 67 anos, é um destes colonos. Com propriedade na Gralha Azul, interior beltronense, trabalha ao lado da esposa, dona Marli. Tudo começou há aproximadamente 20 anos, quando da criação do projeto Fome Zero. “Plantamos rúcula, almeirão, alface, chicória, cheiro-verde, brócolis, cenoura, beterraba, couve-flor, poncã e laranja. Um pouco de tudo”, detalha Valdecir.

- Publicidade -

Para exercer a atividade, ele se compromete a não utilizar agrotóxicos. Atingir qualidade sem esses artifícios exige um cuidado diário, que começa na escolha das mudas. “Não dá pra levar pros canteiros as que tiverem fungos, por exemplo. Mas, como a propriedade não é grande – tem 6 mil m² –, não é tão difícil.”

Além do fornecimento, Valdecir trabalha na Coopafi entregando os alimentos nas creches. “Cada um faz uma região, um vai pro São Miguel, pro Novo Mundo”, conta. Valdecir e Marli gostam do trabalho, também pela garantia de renda. “Se levar 10 quilos de verdura na escola eu recebo, diferente do mercado ou da feira, que preciso que a mercadoria seja vendida. Não tem como saber se vai sair tudo. Ganhamos qualidade de vida quando começamos a fornecer pra merenda.”

Agricultura familiar se renova

Alexssandro Coam tem 31 anos, mora na comunidade de Linha São Paulo. Ele começou a fornecer produtos para a merenda após uma palestra que assistiu num colégio. “Comecei em 2007. É um trabalho graficamente, porque ajudo também nas entregas nas escolas e creches. Percebo o sorriso das crianças e fico satisfeito por levar um alimento saudável. Então não tem preço que pague.”

A Cleonice Gurgel, de 47 anos, dedica-se também à produção de leite e queijos. Mora na comunidade de Jacutinga e há 10 anos participa da Coopaf, entregando rotineiramente batata-doce, feijão, mandioca, milho-verde e frutas cítricas. “Somos quatro pessoas, trabalhando. Adoro produzir alimentos. O ser humano necessita de muitas coisas, mas a comida é essencial. E aqui temos um diferencial: tudo é orgânico”, orgulha-se.

Mensalmente, cerca de 700 quilos de produtos saem do sítio de Cleonice para as escolas.

Qualidade em detrimento da quantidade

Também do Jacutinga, Márcio Stemback, de 42 anos, colhe entre 400 e 600 quilos por mês duma lista que passa de 40 alimentos: alho, cebola, ervilha, repolho, entre outros. Além do fornecimento, ele abre a propriedade para visitas das escolas, através das quais os alunos conhecem a origem do que comem. “Aqui não pensamos em crescer em volume, mas em qualidade”, diz Mário.

A agricultura familiar é responsável por entregar alimentos nas escolas de todo o Paraná. De acordo com o Governo do Estado, existem cerca de 180 cooperativas e associações responsáveis por fazer a entrega em mais de 2,1 mil escolas estaduais – dado que não leva em conta instituições municipais.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques