14.9 C
Francisco Beltrão
sexta-feira, 13 de junho de 2025

Edição 8.226

14/06/2025

SUSTENTABILIDADE

Alta produção de soja levanta preocupações com monocultura

Foto: Jônatas Araújo.

Por Niomar Pereira – A produção de soja na região de Francisco Beltrão tem sido marcada por extremos, nas últimas safras. Na safra 21/22, por exemplo, a produtividade média foi de 1.112 quilos por hectare, totalizando 325.648 toneladas. Na safra atual, os números deram um salto impressionante, com uma produtividade média de 4.054 quilos por hectare, totalizando 1.220.774 tonela-das. Ou seja, de uma safra para a outra, a região pulou da menor produtividade média – desde a safra 77/78 – para a segun-da maior produtividade da história, que só perdeu para a safra 19/20 que foi de 4.076 quilos.

Essa melhoria expressiva na produtividade da soja, que compreende a região de Francisco Beltrão e Dois Vizinhos, se deve a condições climáticas favoráveis na safra atual. Enquanto a estiagem prejudicou a produção na safra passada, com chuvas abaixo da média de fevereiro a agosto, este ano as condições foram mais favoráveis. No entanto, uma tempestade de granizo ocorrida recentemente causou a perda de cerca de 1.000 hectares de soja no município de Renascença, gerando prejuízos pontuais.

Apesar dos resultados positivos, especialistas como Antoninho Fontanella, técnico do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), alertam para a preocupação com a monocultura de soja na região. Nos últimos anos, houve um avanço signifi-cativo da soja em detrimento de outras culturas, como fruticultura, milho e reflorestamento. Esse desequilíbrio pode trazer prejuízos ao solo e comprometer a sustentabilidade da produção agrícola.

- Publicidade -

Ricardo Kaspreski, engenheiro agrônomo também vinculado ao Deral, destaca que a prática da monocultura de soja, sem a devida rotação de culturas, pode ter consequências negativas para o solo. A falta de diversidade vegetal e o plantio repetitivo da mesma espécie ao longo dos anos levam ao esgotamento dos nutrientes à redução de fertilidade do solo e ao aumento da suscetibilidade a doenças específicas da cultura da soja.

De acordo com ele, a ausência de rotação de culturas expõe o solo a um desequilíbrio nutricional, uma vez que a soja pos-sui necessidades específicas de nutrientes e retira intensivamente os mesmos elementos do solo a cada ciclo de cultivo. Isso pode levar ao esgotamento de nutrientes essenciais, como nitrogênio, fósforo e potássio, tornando o solo menos produtivo ao longo do tempo.

Fontanella alerta para a preocupante expansão da produção de soja, que já atinge áreas de relevo mais acidentado. “Tem lugares que as máquinas estão planando morros, tem equipes só pra retirar pedras e tornar o terreno próprio para produ-ção”, destaca o técnico do Deral.

Além disso, especialistas ressaltam a concorrência internacional que a produção de soja enfrenta. A China, atualmente a maior consumidora da soja brasileira, busca diversificar seus fornecedores. Países africanos, como aqueles que adotam a tecnologia da Embrapa para cultivar soja em condições climáticas semelhantes, estão se tornando concorrentes mais próxi-mos. Com custos de produção menores, esses países podem se tornar mais competitivos no mercado global de soja.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques