Inflação deve fechar dentro da meta, taxa de juros teve retração, mercado de trabalho teve crescimento e projetos importantes foram aprovados.
JdeB – Foi um ano desafiador para a economia brasileira. No primeiro semestre a perspectiva era de muitas dificuldades diante da desconfiança de parte do empresariado e das primeiras medidas econômicas e políticas – criação de mais ministérios e mais cargos públicos. Porém, 2023 encerra com alguns indicadores positivos. A taxa de inflação continua baixa, o mercado de trabalho veio reagindo, houve retração na taxa de juros (Selic) e o Produto Interno Bruto (PIB) terá um crescimento superior ao projetado.

O professor Claudemir de Souza, da Unipar, especialista em mercado de capitais, diz que “o primeiro ano do governo Lula terá um fechamento interessante. O grande destaque, podemos pontuar, foi a economia. Quando ele assumiu, havia uma desconfiança em relação aos gastos do governo e pela comparação do que aconteceu em anos anteriores nos governos do PT, tanto do Lula, no governo 1 e 2, como no governo Dilma [Rousseff], mas ele, juntamente com o ministro Fernando Haddad, fez um trabalho muito bom. Então a gente fecha o ano com destaque de medidas aprovadas no Congresso. O grande destaque é o novo arcabouço fiscal, que substituiu o teto de gasto e estabeleceu um novo. Deu norte para as contas públicas. Esse é o primeiro ponto positivo da gestão do Haddad à frente do Ministério da Economia. Nesse ponto, os investidores, de uma forma geral, olharam com uma expectativa muito positiva, porque o governo estabeleceu um norte das medidas e de suas ações”.
Crescimento do PIB
O professor José Maria Ramos, do curso de Ciências Econômicas da Unioeste, também faz uma avaliação positiva. “A economia brasileira fecha o ano de 2023 com indicadores macroeconômicos que apontam para um crescimento do PIB próximo de 3%. A inflação deve fechar o ano em torno de 4,5%, valor que coloca a inflação dentro da meta do Banco Central, situação que não ocorreu em 2021 e 2022. O controle da inflação e a aprovação de medidas como o novo arcabouço fiscal e a reforma tributária contribuem para a redução da taxa de juros, que ainda é muito elevada frente aos indicadores macroeconômicos, inclusive das expressivas reservas cambiais.”

Projetos aprovados no Congresso
A reforma tributária será implantada gradativamente, ao longo dos próximos anos, mas é uma conquista para o País. Claudemir destaca que o governo Lula “conseguiu destravar algo que vinha sendo discutido há 30 anos. Então, a reforma tributária que foi promulgada é uma virada de chave espetacular para a economia brasileira, para tirar aquela guerra fiscal entre os estados e entre os municípios para dar um alinhamento, não tinha como seguirmos como estava. Então mérito de fato do governo Lula que conseguiu a partir do Fernando Haddad aprovar essas medidas. E também o ano chega ao fim com queda no desemprego e da inflação, tanto que a gente está se aproximando do teto da meta de inflação. É mérito, sim, do governo, de ter feito, passo a passo, o que o mercado, no primeiro momento, achava que ele não ia conseguir, mas que conseguiu. E também o PIB, que é o crescimento da economia brasileira, vamos fechar o ano num patamar muito maior do que quando ele assumiu o governo. Quando ele assumiu a expectativa era de crescermos 1% e vamos fechar o ano com um crescimento próximo a 3%”.
Setor produtivo
Mas o professor Claudemir destaca que os méritos destes resultados também devem ser repartidos com os empresários, as indústrias e os brasileiros. E outro destaque também é a queda na taxa básica de juros. “O Lula pegou o país com a taxa lá em cima e está fechando o ano com 11,25%, lógico, é uma taxa muito alta ainda, mas pelo que ele pegou, é uma taxa excelente. Outro dado positivo foi uma agência de classificação de risco dos títulos públicos, as famosas empresas de rating, que deu melhor nota do Brasil. O Brasil tinha nota BBB e agora melhorou pra BB, então estamos a duas notas de ter um grau de investimento.”