Lideranças políticas e empresariais se manifestaram pedindo que trecho de Beltrão a Salgado Filho receba melhorias após concessão.

Representantes políticos e de instituições não governamentais estão se mobilizando para reverter decisão que retirou parte da duplicação do Corredor Sudoeste. Reportagem exclusiva do Jornal de Beltrão, no início do mês, mostrou que o trecho entre Francisco Beltrão e o trevo de Salgado Filho não deve receber melhorias após a concessão á iniciativa privada.
Após a publicação, lideranças se manifestaram por meio de notas e em discursos, e agora articulam uma mobilização regional para incluir a duplicação na proposta do pedágio.
Confira algumas opiniões.
Prefeito Cleber Fontana (PSDB), de Francisco Beltrão: “Vejo esta questão com muita preocupação, porque se ficar desta maneira vai criar um gargalo neste trecho, pois é uma área que apresenta forte crescimento e necessita desta infraestrutura logística. Queremos que este projeto seja revisto e o trecho seja incluído na programação de investimentos. Estamos junto com outras lideranças da região fazendo este pleito e os encaminhamentos para a revisão do projeto”.
Luiz Carlos D’Agostini, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Sudoeste do Parana: “O Setcsupar vai lutar para que não essa falta de investimentos não aconteça, vamos mobilizar a Fetranspar [Federação das Empresas de Transportes de Cargas do Paraná], com sede em Curitiba”.
Edgar Behne, vice-presidente da Fiep e vice-presidente da Acefb: “O importante é que a gente se mobilize pra pressionar, cutucar. Agora o processo está com o governo federal. Não se justifica essa mudança de retirada da duplicação desse trecho. Essa questão vai ser discutida no Fórum Regional da Indústria, dia 23 de março, em Francisco Beltrão”.
William Madruga, presidente da Acefb: “Realmente, essa é uma questão que nos preocupa muito, afinal Francisco Beltrão está no centro do Sudoeste, esse trecho é um dos mais perigosos da nossa região e tem um movimento intenso de veículos trafegando. Portanto, entendo que deve ser revista essa situação, incluído esse trajeto na duplicação”.
Deputado Wilmar Reichembach (PSD): “Tenho conversado com João Arthur Mohr, da Federação das Indústrias do Estado do Paraná, que tem acompanhado as discussões e os estudos sobre as privatizações das rodovias do Paraná. Nós queremos que o Sudoeste receba infraestrutura, eu estou defendendo a duplicação da rodovias até a BR 163”.
Deputada Luciana Rafagnin (PT): “Me pronunciei na Assembleia sobre isso, não podemos aceitar pedágio sem duplicação, ainda mais que é um trecho de muitos acidentes”.
Vilmar Bottin, do Sindilojas: “Se não tiver a duplicação será uma pena. Mas temos que saber o real motivo disso, como foi na Copel, que tinha as quedas de energia e a gente do Sudoeste foi ver isso a fundo”.
Davi Nesi, da CDL: “Devemos nos mobilizar, com certeza, toda nossa representatividade política tem de se envolver, esse trecho sempre tem acidente; a duplicação é uma necessidade”.
Vereador Ivanir Tupy Prolo (PP): “É uma reivindicação justa essa da duplicação, vamos nos mexer, vamos chamar a Acamsop para vir junto, e na Câmara de Vereadores de Beltrão também, não podemos aceitar ficar sem duplicação nesse trecho”.
Amsop e ABI pedem que Agência reconsidere decisão
As entidades que representam os municípios e a imprensa da região também se manifestaram. E pedem que a ANTT inclua a duplicação no Plano de Exploração da Rodovia, documento que garante a realização das obras.
“Este trecho tornar-se-á, cada vez mais, um ponto nevrálgico na questão logística, pois, a Prefeitura de Francisco Beltrão está implantando dois distritos industriais na região, além da construção de uma grande fábrica de rações e a futura edificação do Aeroporto de Francisco Beltrão”, disse o documento da Amsop, assinado pelo presidente, prefeito Eloir Lange (PL de Pranchita).
A nota da ABI Sudoeste é assinada pelo presidente, Guilherme Dal Zotto e cita os constantes acidentes neste trecho. “Acompanhamos frequentemente os nossos colegas jornalistas noticiarem as recorrentes tragédias que ocorrem na PR-483, dizimando vidas. A ABI Sudoeste clama para que a ANTT reconsidere a decisão e recobre o que já estava previsto no estudo elaborado pelo Governo do Paraná”.

Rodovia concentra 30% das mortes no trânsito
O risco de trafegar na PR-483 é frequentemente lembrado pelas lideranças ao apontar a necessidade de investimentos na rodovia. Toda sua extensão é de pista simples, com somente um ponto de terceira faixa no trecho que ficou de fora da duplicação.
Dados da Comissão Intersetorial de Prevenção a Acidentes e Segurança no Trânsito, que reúne agentes ligados ao trânsito de Francisco Beltrão, aponta que quase um terço das mortes em acidentes no ano passado aconteceram no trecho de 17 km da 483. Foram sete acidentes nesta rodovia ao longo de 2023, que resultaram em dez óbitos. Esse número representa 30% das mortes registradas pela Comissão em ruas urbanas e rodovias do município.
Em um desses acidentes, o empreendedor Gil Veigas perdeu a tia e a prima. Foi numa colisão que envolveu dois carros e uma carreta. Os veículos bateram de frente. “O que resta agora é saudade eterna da minha querida tia que carinhosamente a chamava tia Lena, e da Dani com seu jeito especial de ser sempre nos arrancava sorriso”, comentou. Dos sete acidentes fatais da rodovia em 2023, cinco envolveram colisões frontais, segundo a Comissão.