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Francisco Beltrão
sexta-feira, 20 de junho de 2025

Edição 8.229

20/06/2025

“É preciso ter dom para ser um trovador”, diz Zé Medeiro

Zé Madeiro também está no You Tube.

Hoje vamos contar um pouco da história do trovador José Carlos de Medeiros, o popular Zé Medeiro. Em 2018, ele ficou campeão no concurso de trovas durante a Semana Farroupilha de Francisco Beltrão.

Zé nasceu no dia 26 de setembro de 1973, na Cabeceira do Rio Guarapuava, Beltrão. Filho do seu Pedro e dona Terezinha Medeiros, já falecidos, eles são em oito irmãos. Zé teve uma infância pobre, mas nunca desistiu. Sempre trabalhou com muita fé e enfrentou todas as dificuldades que surgiram. Zé e seu irmão Gilmar trabalhavam juntos, empreitavam roçadas e carpidas. Dessa forma, ganhavam o seu dinheiro.

Para aliviar um pouco a tensão do serviço pesado, eles trabalhavam cantando as canções que mais gostavam do Barreirito, e a música preferida era “Cadeira Amiga”. Suas vozes eram bem afinadas, eles poderiam ter formado uma bela dupla sertaneja, só não seguiram em frente por falta de incentivo e dinheiro. A família Medeiros vivia unida e muito feliz.

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No dia 11 de setembro de 1991, Zé casou-se com Olinda Vanderson. Ele tinha 17 anos e já havia comprado sua chácara, que media um alqueire e uma quarta, e estava iniciando a construção de sua casa. No início de 1992, João, seu irmão, convidou-o para morar na cidade, junto com ele, no Bairro Cantelmo, que havia acabado de surgir. Eles aceitaram, então João dividiu sua casa pela metade para Zé e Olinda morarem. Eles tinham pouca coisa de mudança, somente uma pia com três portas, um fogão a lenha, uma peça de sofá, cama e colchão. Zé começou a trabalhar nos carregamentos de frangos com seu Jacinto e seu Adão, já falecidos. Na época era o Frigorífico Chapecó. Zé continuou também com as carpidas e roçadas.

Zé com seus sete filhos.

Em 1992, nasceu o primeiro filho do casal, Ronaldo. Era um domingo de meio-dia quando Olinda começou a sentir as dores do parto. Zé saiu correndo pelas ruas do bairro em busca de um veículo. Na época, em todo o bairro, se tivessem cinco carros era muito. Ele não conseguiu encontrar nenhum. Quem os ajudou foi um caminhoneiro. Zé lembra que no furgão do caminhão estava escrito “Faust Pneus”. O motorista foi muito prestativo e os levou até o hospital Nossa Senhora da Glória, que ficava próximo, onde hoje tem o fórum. O caminhoneiro não cobrou nada pela corrida. Uma hora depois, nasceu. Há muito tempo, Zé procura esse motorista para lhe agradecer mais uma vez. Um fato que Zé nunca esquecerá que aconteceu logo após o nascimento de Ronaldo: ele carpiu uma área de 10 mil metros quadrados, limpando feijão. A pessoa que o contratou não mais pagou. Isso marcou, pois foi na época que ele mais precisava de dinheiro. Há três meses, Zé o encontrou em um supermercado. Mesmo depois de todos esses anos, ainda lembra. “Mas Deus tem muito mais para dar do que para tirar”, diz Zé. Então, Zé vendeu sua chácara, comprou uma casa com lote no Cantelmo. Daí, tiveram mais seis filhos: Rudinei, Anderson, Andresa, Cibele, Ana e a Natáli. Compraram uma carroça e um cavalo e passaram a fazer fretes. Manter um animal na cidade dava bastante trabalho, então logo venderam e compraram uma jericá com motor tobata. Hoje, Zé só agradece, pois tornou-se um microempresário.

Em 1997, ele descobriu que tinha o dom para ser trovador e começou a fazer os primeiros versos. Ouvia o programa de trovas do radialista Flávio Ferlin e se inspirava nos trovadores Osmar Ribeiro e Lageaninho. O primeiro concurso de trovas que participou foi no Km 20, em Beltrão; o evento era promovido por Ivanir Tupy Prolo, hoje presidente da Câmara de Vereadores de Beltrão. Sua colocação não foi boa, mas aquela participação lhe rendeu muita experiência. Seu segundo concurso foi em 2017, durante a Semana Farroupilha no Parque de Exposição de Beltrão, ficando em oitava colocação. Zé não estava bem concentrado para aquele evento; fazia poucos dias que sua mãe, Terezinha, tinha falecido. Em 2018, participou novamente do torneio de trovas da Semana Farroupilha. Havia 46 trovadores de várias regiões. Zé conquistou o primeiro lugar, ficou campeão; foi uma alegria imensa. “O sonho de todo trovador é ser campeão”, diz Zé.

José de Medeiros estudou até o terceiro ano, mas tem muita facilidade em fazer versos de improviso, bem rimados e sem gaguejar, e é um excelente profissional.

Toda vez que Zé sobe a um palco, faz bonito e alegra o povo; suas trovas são de respeito e ele dificilmente ofende o seu concorrente durante os desafios. Zé trovou em várias cidades do Rio Grande em festas e aniversários, geralmente nesses eventos estão seus amigos que também são trovadores, seu João Alivier e Adair Machado, vão junto. Além de cantor e trovador, Zé também é um ótimo violeiro e se sente muito orgulhoso em poder fazer parte da cultura gauchesca usando o seu talento.

Quem quer prestigiar as trovas do Zé Medriro é só acessar o YouTube.

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