Em formato descontraído e bastante informativo, o Centro Universitário Digital Unisep, câmpus de Francisco Beltrão, promoveu na segunda-feira, 25, aula magna referente ao início do ano letivo de 2024. O evento, no Teatro Unisep, teve como convidado o empresário Fábio Watte, pioneiro do e-commerce na região.
Diferentemente do que acontece normalmente, a aula magna não seguiu o formato palestra. Foi um bate-papo entre o convidado e o diretor de marketing da Unisep, o comunicador Marcelo Marcos. Sem formalidades, o evento prendeu a atenção do público, composto por alunos, professores, diretores e convidados.
A conversa girou em torno da história de pioneirismo de Fábio Watte no segmento digital. Mas antes de falar sobre seus empreendimentos, ele relatou o início da sua vida profissional. Até os 18 anos ele ajudou o pai na área de construção civil, depois prestou serviço militar e, na sequência, ingressou no comércio, onde iniciou como empacotador e chegou a gerente de loja.
“Desde o período em que eu ajudava o meu pai eu fui muito inquieto. Eu fazia muito questionamento, do tipo vamos fazer esse trabalho e quanto vai sobrar no fim do dia? Eu sempre fui muito descontente. Sempre achava que era muito trabalho pra pouco resultado”, relatou o fundador das empresas Zariff, Betisa e Vessel.
O início da Zariff
O primeiro negócio próprio de Fábio foi a Zariff Calçados, fundada em Francisco Beltrão, em 2002. Com boa aceitação, a empresa abriu outras unidades na região. “Nosso entendimento era o de quanto mais portas (unidades), mais poder de negociação”, contou. Foi em 2010, que a Zariff passou a vender também no formato on-line, se tornando uma referência de e-commerce na região.
Em 2013, a Zariff inaugurou loja em Pato Branco. Nesse período, a empresa já contava com uma plataforma de vendas on-line e, a exemplo do que faz até hoje, apostava num modelo híbrido de negócios (lojas físicas e e-commerce). “Na véspera da inauguração, a loja de Pato Branco já estava vendendo pela internet. E no dia da inauguração, que é um dia em normalmente se vende bastante, não conseguimos bater as vendas on-line do dia anterior. Sinal de que nossa venda digital estava indo muito bem”, relatou.
Com o tempo, a venda on-line se tornou uma base que garante segurança aos novos empreendimentos de Fábio no segmento de calçados. “Eu já tenho uma garantia de venda, em média 30% do total de vendas vem do on-line, isso dá mais segurança, dá mais possibilidades”, afirmou.
Durante a aula magna, Fábio Watte contou como surgiu a ideia de vender on-line. A motivação para o projeto foi um pedido recebido via Orkut, rede social que era usada pela Zariff para divulgar sua marca e produtos. “Nosso primeiro ‘cliente’ on-line foi de Toledo. Mas como é que ia fazer pra negociar? Não tinha pix, não tinha essa estrutura digital que tem hoje. Mas aí surgiu o interesse de criar o projeto e começamos o movimento, a primeira ação era achar uma plataforma para as vendas on-line”, recapitulou.
Com a ajuda de colaboradores, Fábio começou a buscar informações, estruturar a empresa para o comércio digital e a dar andamento a trabalhos como fotografar seus produtos para apresentar na internet. “Foi um serviço bem formiguinha, mas em seis meses a gente já estava fazendo a primeira venda on-line.”
Fábio Watte fez questão de orientar o público presente a procurar por conhecimento para se inteirar sobre as novidades. “Desde o primeiro fórum de e-commerce, eu estava lá sentado, aprendendo. Saia de lá com muita informação, com a cabeça que é um balão, mas vinha pra casa e aplicava um pouco de cada vez. Isso ajudou muito a gente a crescer”, afirmou.
O empreendedor também explicou porque criou, em 2017, uma segunda empresa de e-commerce, a Betisa. Foi uma alternativa para operar com alguma lucratividade dentro das plataformas de marketplace, que naquele período faziam exigências que comprometiam a viabilidade do negócio, como, por exemplo, padronização de preços.
“A regra era que você teria que praticar dentro do teu e-commerce o mesmo preço que praticava em plataformas como o Mercado Livre. Isso inviabilizava o negócio, porque a fatia que o Marketplace cobra sobre cada venda é grande. A solução foi criar uma empresa à parte, direcionada à venda nos marketplaces com os mesmos valores que praticaríamos nessas plataformas.
Na sequência, interagindo com Marcelo Marcos, ele também explicou o que é a Vessel, uma plataforma própria de e-commerce, criada em 2010, que está à disposição para qualquer setor de comércio com o diferencial de priorizar praticidade para o cadastro de produtos e facilitar a integração das empresas ao comércio digital. “Tem uma arquitetura mais moderna e o objetivo é que se consiga subir vídeos, movimento e fotos. Essa ferramenta é muito mais intuitiva que a maioria das outras do mercado”.
Primeira do país a usar IA no Whatsapp
Fábio também apresentou Carol, a assistente virtual da Zariff para atendimento digital, baseada em inteligência artificial. Aliás, a Zariff é o primeiro e-commerce do Brasil a utilizar IA para atendimento via Whatsapp.
Preocupação com saúde: infoxicação
Ao final da aula magna, o empreendedor fez questão de chamar a atenção da plateia para o cuidado com o excesso de informações e tecnologias no dia a dia. Para ele, o que deve ser priorizado no mundo digital é o uso de ferramentas que facilitem o trabalho e a vida.
Ele apresentou o termo infoxicação, resultado da soma das palavras informação e intoxicação, que corresponde ao excesso de conteúdos que recebemos diariamente e não conseguimos absorver, causando dispersão, estresse e ansiedade. “Precisamos ter cuidado com essa sobrecarga de conteúdo. Muitas vezes a gente não se concentra no presente. As ferramentas são pra gente planejar o futuro e viver o presente. Esse movimento com o excesso de informação está em alta e preocupa”, pontuou.
Aula inspiradora
Para o diretor acadêmico da Unisep, professor Juliano Brandalise, o evento cumpriu com seus objetivos. “Uma satisfação contar com a presença de um empreendedor daqui da nossa região, que está sempre inovando, buscando se antecipar às tendências. Foi uma aula inspiradora para todos nós. Fábio Watte mostrou que a busca pelo conhecimento, aliada à vontade de crescer, gera inovação”, avaliou.
