
Por Marcos Staskoviak – O que você fazia quando Senna morreu? Assim como o 11 de setembro de 2001, o 1º de maio de 1994 ficou marcado na memória de muita gente.
Wellington Cirino, tetracampeão da Truck, lembra: “No dia do acidente estávamos, eu e meu pai, correndo no paranaense de marcas em Curitiba. Uma pessoa ligada a FIA nos falou que seria difícil ele sobreviver pelo líquido que tentavam estancar nos ferimentos.”
Loir Carlos da Costa, preparador físico especializado em pilotos, também não esquece o momento do acidente: “Estava em casa assistindo a F-1. Lembro como se fosse hoje em detalhes a poltrona que estava sentado e local da sala que estava.”
Influência
A perda do ídolo não apenas fez surgir inúmeros Ayrtons, registrados nos cartórios Brasil afora, mas também influenciou a vida daqueles que acompanhavam seus feitos:
“Sempre o tive como ídolo e referência a ponto de influenciar minha vida pessoal, como atleta no karatê e no meu trabalho atualmente em Curitiba, onde tenho uma clínica de treinamento de pilotos”, diz Loir da Costa.
“O que mais influenciou foi cada vez mais fazer o automobilismo com muito mais amor e paixão”, diz Cirino.
“Nasci em 1995, então meus pais que me apresentaram o Senna e contaram como era bom acordar no domingo para assistir corrida”, lembra Gabriel Casagrande, piloto da Stock Car.
Segurança
O efeito imediato das mortes de Roland Ratzenberger e Ayrton Senna no final de semana do GP de San Marino, em Ímola na Itália, foi o início de uma busca por elementos, técnicos ou regulatórios, que dessem maior segurança nas corridas.
Muitos competidores sobreviveram a acidentes graças às evoluções que aconteceram em maior velocidade do que aconteciam até o início dos anos 90, seja na construção dos carros como dos capacetes. Robert Kubica (Canadá 2007) e Felipe Massa (Hungria 2009) estão entre eles.
Depois de 1994, a cada fatalidade acontece uma mobilização em busca de evitar que se repita. O Halo é um exemplo, pois foi posto em uso pela Fórmula 1, F2 e F-E mesmo sofrendo muitas críticas de pilotos e fãs.
Gabriel Casagrande ressalta que “sempre depois de algum acidente a investigação ocorre pra sabermos as falhas e corrigirmos os erros.”
Cirino completa dizendo que “hoje seria muito difícil o Ayrton ter falecido naquele tipo de acidente.”
Pilotos
Outro efeito do 1º de maio foi um aumento considerável de praticantes do automobilismo no Brasil. Além de inúmeras pistas de kart indoor (inclusive em Francisco Beltrão), categorias como F-Chevrolet, F-Renault, F-3, F-Uno, Copa-Clio, Stock Car e F-Truck nasceram ou tiveram seus grids inchados.
Entre 1951, quando Chico Landi participou do GP da Itália, e 2020, quando Pietro Fittipaldi substituiu Romain Grosjean, 32 brasileiros competiram pelo menos em um GP. Destes, 14 entraram na F1 a partir de 1995.
O passar dos anos trouxe problemas econômicos e o desinteresse geral das novas gerações pelo esporte. Aliado a isso, fatores administrativos fizeram os grids minguarem, patrocinadores sumirem, categorias fecharem e a presença brasileira nas pistas diminuiu drasticamente.
“Diminuiu o engajamento no esporte, de patrocinadores, da mídia e do público. Consequentemente o esporte tornou-se menos atrativo do que naquela época”, diz Loir da Costa.