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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Ele passarinho

Mês passado, dia 5, completaram-se 30 anos da morte de Mário Quintana, em Porto Alegre. No dia seguinte à sua morte, Zero Hora dedicou as oito páginas do ‘Segundo Caderno’ a retratar aquele que é considerado o maior poeta gaúcho. Na publicação, escritores, poetas e políticos se pronunciaram sobre a vida e o talento de Mário. Sei disso não por memória, mas porque encontrei o caderno do jornal gaúcho sobre um balcão aqui no Jornal de Beltrão — aliás, um móvel fecundo no que se refere a impressos do passado. O que faço daqui por diante é recortar umas poucas frases (algumas do próprio Mário) das amareladas páginas do Segundo Caderno. Não há compromisso cronológico ou biográfico, nem pretensão de resumir a obra ou a vida de Quintana, coisa que está fora do meu alcance. A expectativa é apenas despertar algum possível interesse sobre seus escritos: Ele passarinho. Morreu o burilador do invisível, o garimpeiro do impensável. Vão-se com Mário Quintana alguns matizes do pôr-do-sol do rio. Morreu o destinado a viver ferido de mortal beleza. Trabalhou até o último momento antes de ser hospitalizado. “Puxa, Elena, a eternidade me dá um cansaço.” Ao fim e ao cabo, o que fica de um escritor são as suas palavras. Tudo o que o Mário escreveu pode ser lido e relido sempre. Diziam que tudo o que ele dizia era poesia. Relutava em falar sobre poesia: “Como, se sou o primeiro a não saber o que é?”. Quintana declinava, humilde, das homenagens: “São conquistas da poesia, não minhas”. Em Alegrete, sua cidade, uma placa registra a ironia do poeta: “Um engano em bronze é um engano eterno”. “Tio Mário sempre foi um homem noturno”. O primeiro livro de sonetos, a Rua dos Cataventos, surgiu somente aos 34 anos, depois de nove de jornalismo. “Para uma geração inteira de escritores, ele foi um farol, um barco, uma voz que tinha o som do tempo.” Tinha jeito de guri e rosto de avô. “Uma perda irreparável, uma perda da parte mais humanista e mais significativa da cultura gaúcha e do Brasil.” “Sua obra não se limitava ao Alegrete, onde nasceu. Era um poeta universal.” “Enquanto me davam a extrema unção, Eu estava distraído… Ah, essa mania incorrigível de estar pensando sempre noutra coisa! Aliás, tudo é sempre outra coisa — segredo da poesia…”

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