
Por Murilo Fabris – Proponho uma pergunta: qual a melhor criatura mitológica já adaptada para o cinema? Se você acha que não há apenas uma resposta correta, eu me adianto em discordar — é impossível superar os vampiros. Lobisomens, feiticeiros e semideuses até têm seus charmes, mas é para isso que servem as medalhas de segundo lugar.
Interessantes mesmo são as coisas vampirescas. A imortalidade e o mistério, a forma de se alimentar e de viver. Até as fraquezas — luz solar e estacas no coração — rendem histórias aos montes. Por isso, fica tão fácil encaixá-los nos mais diversos gêneros e não só no terror, como tanta gente pensa. A saga Crepúsculo prova meu ponto. Outro bom exemplo é a fábula de Drácula. O vampiro mais famoso do mundo é também o que possui o maior número de adaptações.
Caso se questionem qual minha trama vampiresca preferida, digo Entrevista com o Vampiro tranquilamente. Não me refiro ao filme de 1994, com Brad Pitt e Tom Cruise. Falo da readaptação em formato de série, lançada em 2022 e que, recentemente, ganhou sua segunda temporada. Não se deixe enganar, apesar de parecida com a adaptação original, a história é em boa parte diferente.
Apesar de bonito e bem-sucedido, Louis sente um grande vazio dentro de si. Após a morte do irmão, do qual ele foi erroneamente responsabilizado, sua vida caí em desgraça de vez. Vagando sem sentido por Nova Orleans, Louis é encontrado pelo vampiro Lestat, que lhe oferece uma nova existência — e um afeto que ele nunca havia conhecido. Condenado à eternidade com uma vontade incontrolável por sangue humano, Louis decide, 140 anos depois, narrar sua história para Daniel, um repórter cuja carreira está nos últimos respiros.
Não só a trama com vampiros me conquistou logo de cara, mas também os diálogos bem escritos e o fato de que o terror está longe de ser a principal característica dessa produção. O grande ponto de Entrevista com o Vampiro não é superioridade da vida eterna, mas sim as consequências e a solidão que vem junto dela.