
Quatro anos após o assassinato de Júlio Cesar Aliciewica, ocorrido em 16 de junho de 2020, na Linha São Paulo, interior de Francisco Beltrão, a família da vítima ainda clama por justiça. Até o momento, ninguém foi responsabilizado pelo crime, e a investigação, que inicialmente apontava para um latrocínio, passou a ser tratada como um homicídio encomendado.
Na noite do crime, por volta das 18h, três homens encapuzados e armados invadiram a residência do casal. Eles renderam a mulher, trancaram-na em um quarto e, em seguida, abriram fogo contra Júlio, que estava sentado no sofá da sala, atingindo-o com 16 tiros. Após o ataque, os criminosos teriam exigido joias e armas que estavam na casa.
A irmã de Júlio, Patricia Aliciewica, tem acompanhado o caso de perto e está determinada a ver os responsáveis punidos. Ela mantém contato frequente com a Polícia Civil, o Ministério Público e a imprensa, buscando respostas para as muitas interrogações que ainda cercam o crime. Uma pessoa foi indiciada por supostamente ter encomendado o assassinato, mas, para a família, a ausência de prisões até o momento é motivo de profunda indignação.
“Esperamos uma solução, pois, quanto mais o tempo passa, mais aflitos ficamos”, desabafa Patricia. “Não tivemos acesso ao inquérito, que está sob sigilo há uns dois anos, mas gostaríamos de ver esses documentos, o que só é possível através de um advogado.”
Patricia, que tem mais três irmãos e uma mãe que reside em Foz do Iguaçu, lembra de Júlio como uma pessoa atenciosa e sempre disposta a ajudar os outros. Ela destaca que o assassinato foi especialmente estranho, já que a vítima não reagiu e não portava nenhuma arma no momento. “Os autores nunca foram encontrados. O celular dele, que poderia ter ajudado na investigação, estava no bolso da calça e foi danificado por um tiro. Ficou mais de um ano na perícia em Curitiba, mas não foi possível extrair nenhuma informação relevante”, disse ela à reportagem.
Ouvido pelo Jornal de Beltrão, o delegado Ricardo Moraes Faria dos Santos, responsável pela investigação, reconheceu a complexidade do caso. “O local era afastado, as câmeras não estavam funcionando, e havia poucas testemunhas devido ao baixo movimento na área. Levantamos alguns dados e indícios que apontam para uma pessoa suspeita.” O inquérito foi concluído em 2022, com o indiciamento de uma mulher, e encaminhado ao Ministério Público e ao Poder Judiciário.
Em junho de 2024, o Ministério Público solicitou informações adicionais, o que levou à realização de novas diligências. “Essas diligências envolvem perícias e quebras de sigilo, o que demanda tempo. Estamos aguardando algumas respostas e levantamentos para verificar se será possível atender à solicitação do Ministério Público”, concluiu o delegado.
Patricia recorda que, antes de morrer, a família percebeu que havia algo de estranho com Júlio César, uma espécie de sentimento de despedida. “Nessa viagem, que ele fez com minha irmã, parecia que ele estava pressentindo alguma coisa. Ele me mandava mensagem o dia todo e falava: ‘Só faltou você aqui para a gente comemorar.’”