O médico geriatra de Francisco Beltrão, dr. André Kayano, explica como lidar com esse problema.
JdeB – A polifarmácia, caracterizada pelo uso simultâneo de cinco ou mais medicamentos, é um problema recorrente entre idosos, trazendo sérios riscos à saúde. O uso excessivo de medicamentos pode levar a interações medicamentosas perigosas, efeitos adversos, comprometimento da qualidade de vida e até aumento das chances de hospitalizações. Esse cenário é ainda mais preocupante quando se considera que os idosos são responsáveis por 25% das vendas totais de medicamentos no Brasil.
Diante disso, é essencial que haja um acompanhamento médico rigoroso e uma revisão periódica da lista de medicamentos utilizados. O papel dos profissionais de saúde, como médicos e farmacêuticos, é fundamental na conscientização e promoção do uso racional de medicamentos, garantindo uma melhor qualidade de vida e segurança. Para compreender melhor o problema que atinge as famílias brasileiras, o JdeB conversou com o médico geriatra de Francisco Beltrão, dr. André Kayano, confira:

JdeB – Como o problema da polifarmácia inicia na vida do idoso?
Dr. André Kayano – O início da polifarmácia em idosos costuma ocorrer devido a presença de várias doenças crônicas comuns no envelhecimento, o que leva à prescrição de vários medicamentos para tratar condições como diabetes, hipertensão, artrite e doenças cardiovasculares. A falta de coordenação entre os profissionais de saúde, além de visitas a múltiplos especialistas, pode aumentar o número de medicamentos prescritos sem uma revisão adequada. Estudos indicam que a polifarmácia está associada ao uso de medicamentos inapropriados, que frequentemente excedem os benefícios clínicos, agravando os riscos de eventos adversos.
JdeB – Quais são os riscos à saúde?
Dr. André Kayano – Um dos riscos à saúde são as Interações medicamentosas, a polifarmácia aumenta o risco de interações medicamentosas, que podem resultar em efeitos colaterais graves, como sangramentos e quedas, especialmente em pacientes que fazem uso de anticoagulantes. Outro comum é a Hiponatremia alguns medicamentos, como anti-inflamatórios não esteroidais, podem induzir a hiponatremia em idosos, um distúrbio eletrolítico que aumenta a mortalidade hospitalar. Devido ao uso de muitos medicamentos, os eventos adversos são comuns. O uso concomitante de múltiplos medicamentos aumenta a probabilidade de reações adversas a medicamentos, como tonturas e quedas, e pode resultar em hospitalizações.
JdeB – Quais são os medicamentos mais utilizados pelos idosos e por quê?
Dr. André Kayano – Entre os medicamentos mais prescritos para idosos estão os anti-hipertensivos, diuréticos e medicamentos para diabetes, como hipoglicemiantes orais. Essas medicações são essenciais para o controle de doenças crônicas prevalentes, como hipertensão e diabetes. É também muito comum o uso de medicamentos para dor.
JdeB – Como a família pode colaborar para enfrentar esse problema?
Dr. André Kayano – A família desempenha um papel fundamental no controle da polifarmácia ao monitorar o uso de medicamentos e garantir que o idoso siga as prescrições corretamente e não tome medicamentos desnecessários. Acompanhar o idoso em consultas médicas para garantir que todos os médicos tenham uma visão clara dos medicamentos em uso. Incentivar a revisão contínua das prescrições para avaliar a necessidade de cada medicamento.
Dr. André Kayano – Como deve ser os cuidados com a saúde na fase da “melhor idade”?
JdeB – Os cuidados com a saúde na fase idosa devem focar na prevenção de complicações, na otimização de tratamentos, e na personalização do cuidado, levando em consideração a carga de doenças crônicas, a necessidade de reduzir a polifarmácia e o foco em promover a qualidade de vida por meio de acompanhamento multidisciplinar, alimentação saudável e atividades físicas adequadas.
Sugestão de legenda: Dr. André Kayano explica que a família desempenha um papel fundamental no controle da polifarmácia.
Sugestão legenda: Entre os medicamentos mais prescritos para idosos estão os anti-hipertensivos, diuréticos e medicamentos para diabetes, como hipoglicemiantes orais. Crédito: Freepik.