21.4 C
Francisco Beltrão
segunda-feira, 16 de junho de 2025

Edição 8.226

14/06/2025

ENTREVISTA AO JDEB

Pedron conta porque não reagiu aos ataques e cita prioridades

O prefeito eleito de Francisco Beltrão também compartilhou como foi a escolha da vice.


Lurdinha Bertani e Antônio Pedron no Jornal de Beltrão.

JdeB – Terça-feira, o prefeito eleito de Francisco Beltrão, Antônio Pedron (MDB), e a vice-prefeita eleita, Lurdinha Bertani (Podemos), estiveram no Jornal de Beltrão para uma conversa sobre a campanha e para projetar o futuro. Junto com eles, as assessoras Carine Prolo e Flaviana Tubin. Foram recebidos pelos jornalistas Ivo Pegoraro, Flávio Pedron e Badger Vicari.

*

Ivo: Como que essa campanha deu tão certo? Quando é que bateu na sua cabeça: “Opa, sou candidato”?

- Publicidade -

Pedron: Eu vinha conversando com o Cleber de vez em quando. Tempos atrás ele falava: “Você vai ocupar essa cadeira”. E daí eu falei: “Não sei”. Enfim, nunca disse nem sim nem não, daí passou o tempo.

Ivo: Isso deve fazer alguns anos?

Pedron: Isso. Daí foi amadurecendo e tal. Aí eu fui pra Curitiba pedir apoio do deputado Traiano, e  ele me disse que eu não iria pelo PSD. Voltei pra Beltrão e recebi esse apoio de vários partidos, e daí eu entendi que deveria ser, para representar um grupo, mas nunca assim no sentido de ambição, nada. Mas enfim, acabei aceitando, e daí nós começamos a articular, da forma que o Pedron age. Articulamos, sem muita confusão e tal, deu certo. E quando o Reichembach começou a nos apoiar também, deu uma firmeza grande, ele deu uma blindada no processo e nos ajudou bastante. E foi andando, andando, andando, o Podemos veio, o Novo veio, o PDT, PSB, o MDB, com as bênçãos do governador Ratinho. O MDB é um partido que tem muita tradição,  muitos filiados, e tem uns MDBs que são fiéis. Isso deu um suporte. Acredito que a gente organizou bem a nossa campanha.

Badger: Teve convite de vários partidos.

Pedron: Sim. Quando eu voltei a Beltrão, eu falei: “O MDB me convidou”. E falei: “Olha, eu acho que nós podemos ir conversando sobre isso”. E eu fui me integrando. O trabalho foi convencer os demais partidos que o MDB seria o melhor caminho. Nós tivemos sucesso nessa parte. Valeu a pena.

Ivo: De tantas decisões que teve que tomar, qual foi mais difícil?

Pedron: Eu acho que a escolha da vice. Por mim, tudo ok, mas convencer os demais, porque tinha vários candidatos à vaga. Eu queria uma mulher, e que tivesse afinidade ou com a saúde ou com a educação. Daí nós fizemos um processo até democrático no nosso grupo. Em tese, um risco! Teve articulação dentro do grupo, e eu não queria isso, Foi uma das partes mais difíceis, mas, depois da escolha da vice, também foi difícil não ter desertores. Porque, como tinha cinco, eram cinco candidatos, tinha que se trabalhar, um a um. Daí baixou a poeira, O nome da Lurdinha foi crescendo dentro da sociedade, e como a Lurdinha tem um bom trânsito na Cidade Norte, comprovadamente, isso fortaleceu a escolha e inibiu os demais. Teve um momento que líderes de partidos se afastaram, mas daí também não pude fazer muita coisa. Mas eu fui conversar, fui lá duas, três vezes, até acho que falei com um deles: “Olha, se você quer ter pretensão política no futuro, aproveita o momento, entra no grupo, vem fazer a tua parte”.  Eu quis dar um direcionamento assim: que a educação vai ser importante no nosso governo, educação e trabalho.

Lurdinha: A questão foi: se soma no grupo? Se, por exemplo, não fosse o meu nome, seria outro nome, a gente tem que ser parceiro. O Podemos referendou meu nome. A gente não foi lá e disse: ou é, ou não. A  gente tem que ter essa compreensão, que quando você está numa coligação, na causa, a gente precisa ter esta visão, esse entendimento e aceitar isso.

Pedron: Essa cabeça aberta, né?

Lurdinha: Isso. Se não fosse eu, seria outra pessoa referendada pelo grupo e nós estaríamos juntos da mesma forma, porque nós acreditamos na causa. Foi até por isso que eu fui exonerada no Núcleo [de Educação], porque eu fiz a opção de apoiar o Pedron e apoiar a equipe, o grupo do Reichembach, do qual a gente faz parte, o Pedron também. Então, com muita tranquilidade. Custou meu cargo, tudo bem, a gente entende.

Pedron: E a Lurdinha veio sem saber se ia ser vice.

Ivo: Essa campanha se caracterizou assim: de um lado, ataques, e do outro, não, se defendeu apresentando propostas. E deu certo, né?

Pedron: Foi por formação, por caráter. Porque, primeiro, que isso era uma coisa que não era verdade. Querer desmerecer o meu trabalho na Associação Empresarial, como eu vi, dizer que não fui eu o idealizador do curso de Medicina da Unioeste, não tem como, tem prova, e a sociedade, de um modo geral, sabe, o eleitor é bem informado. Quando eu fui por 4, 5 anos secretário de Planejamento, eu trabalhei assim, assustadoramente, com muita vontade, Brasília e Curitiba, projetos, e, também, o Cleber me nomeou como coordenador do projeto do túnel, que foi inteiramente tocado por mim, sem nenhuma confusão, com harmonia, executando os prazos. A trincheira, nós fomos tão bem: eu ia todo o dia na trincheira. Apesar de eu ter pouquíssimo espaço de mídia, ou zero praticamente, de um jeito ou de outro as coisas rolaram. Então, o próprio Hospital Intermunicipal, por exemplo, quando o Cleber lançou esse projeto, numa reunião lá no hall da Prefeitura, ele falou: “Pedron, você tem um ano pra entregar o projeto”. Que é a coisa mais complexa até de fazer a obra, e quando deu um ano, exatamente 365 dias, eu entreguei o projeto. Então isso foi importante. Por que eu não ataquei? Porque, se eu fosse atacar, teria que dar explicação demais. Nós medimos todo dia: “Opa, esse vídeo do Cleber melhorou pra nós. Esse melhorou”. E daí chegou num patamar que não aumentava nem caía. Então a gente deixou tocar. E a campanha já estava muito quente. Outra coisa que eu acho positiva pra nós foi que o Bonetti se afastou muito da campanha e passou pro Cleber. Ele terceirizou a campanha, e acho que o eleitor não gostou muito disso.

Ivo: Chegou a ser cogitado de Antônio Pedron ser candidato a prefeito e Antônio Bonetti vice?

Pedron: Eu acredito que o Bonetti nunca aceitou, nem o Cleber. Nunca falaram comigo.

Ivo: Mas você teria aceitado?

Pedron: Se fosse uma composição bacana.

Ivo: Mas daí a campanha não teria sido tão apimentada.

Pedron: Mas eu vou te falar uma coisa: há males que vêm para o bem. A vida ensina isso. Hoje estou independente, vou montar o time que eu quero.

Flávio: Você vai conversar com o Traiano e o Cleber?

Pedron: Vou, já dei todos os sinais, eu preciso do Ademar Traiano, e na hora que o prefeito der essa abertura a gente vai conversar.

Flávio: Como é que você pretende trabalhar em relação à Câmara?

Pedron: Claro que nós queremos uma Câmara que seja a maioria, é básico. E eu acredito que seja possível porque nós temos bom trânsito.

Flávio: Haverá mulheres no governo?

Pedron: Mulheres foram 25% dos vereadores. Quatro. Uma conquista, mais a Lurdinha como vice, as mulheres tiverem um progresso. E, aliás, você viu como nós tivemos muito acerto, né? Nós falamos bastante nisso na campanha. E nós queríamos as mulheres participando.

Flávio: Na gestão?

Pedron: Eu quero olhar sobre o aspecto de afinidade com o cargo. Então, mais mulher pode ser, mais homem pode ser. Mas, evidentemente, que as mulheres representam a maioria e eu obviamente acredito que elas terão uma força grande no governo, como secretárias, como diretoras.

Flávio: Nesse momento da hora de começar a discutir a questão do orçamento de 2025 nos governos federal e estadual…

Pedron: Eu falei sobre isso com o Paulo Litro, vou conversar com outros federais, o Sérgio Souza também. Estou contando de ir pra Brasília dia 15 de dezembro para pegar no rapa do tacho. Mas sempre depende do prefeito, o prefeito tem que concordar. Daí a gente vai colocar isso para o prefeito.

Flávio: Então, para o primeiro ano, o que vocês projetam?

Pedron: Urgente, zerar fila; lixo; estrada rurais; saúde, mais médicos, o que dá para fazer já. São coisas que dá para fazer de imediato no primeiro semestre. Contratar mais médicos. Acertar a questão do lixo. Aplicativo para marcar consultas. As estradas rurais urgentes.

Flávio: O que é exatamente essa a proposta da educação e trabalho?

Pedron: Eu falo de educação, saúde e formação de mão de obra.

Flávio: Mas nessa questão da educação?

Pedron: A educação é a seguinte: nós temos que melhorar o nosso ensino básico e não pode deixar ninguém fora da escola. Daí sim, vai pro ensino médio. Tem muita gente sem estudar aqui em Beltrão. Nós temos que resolver isso. Nós vamos resolver? Nós vamos dar um encaminhamento. Nossa educação é boa, mas tem que melhorar conceitualmente. Tem que inovar, tem que estudar matemática e português, que é o básico, depois vem lógica, depois vem robótica, mas antes matemática. Vamos implantar aula de reforço, a criança tem que aprender matemática, português.

Lurdinha: Na idade certa.

Pedron: Na idade certa, então isso, ela vai ter reforço. Educação envolve tudo isso, daí você vai pra formação de mão de obra, e o grande desafio vai ser motivar o jovem, por isso que eu estou falando muito em ciência e tecnologia, que de repente esse jovem se encanta por ciência e tecnologia e vá se matricular. Nossas universidades estão vazias. Tem alguma coisa errada.

Sem revanchismo, mas uma administração com firmeza

“O que mais ouvi da população é que ela quer ser ouvida.”

Pedron: A gente quer agradecer o beltronense e os eleitores. Então, todos, agradecer, pedir apoio, e que o momento é de tranquilidade, e tudo junto por Beltrão, bandeiras políticas ok, princípios ok, mas nós, Pedron e Lurdinha, não vai ter revanchismo; vai ser uma administração que quer o melhor para a cidade. E claro que vai ter oposição, essas coisas todas, nós vamos administrando, nós vamos nessa linha. E o pessoal vai entendendo isso, passa até pelos vereadores, até eles transmitirem isso. E pacificação não significa que você não vai ter firmeza. Firmeza, comando, sim, mas ouvindo. Aliás, o que mais ouvi da população é que ela quer ser ouvida. Associações, conselhos, sindicatos; a família do bairro de repente têm uma demanda, mas sempre no sentido coletivo. Se o cara vem reclamar de uma drenagem na frente da casa dele, é porque tá na frente da casa dele, mas é pra uma coletividade, porque é uma rua. Então essa visão nós vamos ter, e entendemos isso muito bem no processo eleitoral. Tenho que agradecer, reforçar nosso agradecimento aos eleitores, mas vamos ampliar isso aos beltronenses.

Educação, o maior orçamento

Lurdinha: A educação tem o maior orçamento. A educação é essencial. Hoje nos Cmeis, as crianças estão indo meio dia, só. Não dá. A criança não consegue. Ela não tem a rotina. Vamos ter que avançar, vamos fazer muito projeto. Vamos trabalhar e eu queria agradecer aos eleitores, aos amigos, à coligação, pessoas que nos apoiaram, que acreditaram, o voto de confiança de todos, tudo isso, muito obrigada.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques