A música é uma das formas de expressão artística mais antigas da história, e está presente no cotidiano de quase todas as pessoas. Desde os primórdios da tecnologia exploramos formas de gravar, eternizar e escutar nossas músicas favoritas em todo lugar. Atualmente, é difícil questionar a dominância das plataformas de streaming como o Spotify e Apple Music, o acesso instantâneo a milhares de álbuns e artistas de todo o mundo é indiscutivelmente conveniente, assim como a criação de playlists extremamente customizáveis e compartilháveis. No entanto, essa nova era digital trouxe à tona um fenômeno curioso: a saudade por uma relação mais direta, física e pessoal com a música. Muitos brasileiros, cansados das limitações do streaming, como explora a ExpressVPN, buscam uma experiência de áudio mais autêntica e tangível. O resultado? Uma solução considerada “ultrapassada” passou a se tornar tão popular entre adultos saudosistas e jovens curiosos que uma indústria inteira passou a resnascer: os discos de vinil. Confira.
Por que o vinil voltou?
Para muitos entusiastas, o streaming tornou-se algo impessoal. Embora ofereça uma vasta biblioteca de músicas, essas plataformas geralmente operam com licenças que limitam a disponibilidade de faixas e álbuns. Não são raros os casos de artistas que retiram suas obras do streaming, seja por questões contratuais ou pela insatisfação com os baixos retornos financeiros. Além disso, muitos usuários relatam fadiga devido à falta de posse real da música, que fica presa a assinaturas mensais que, se canceladas, imediatamente cortam o acesso à biblioteca ou impoem limitações como anúncios. A baixa remuneração aos artistas preferidos, a instabilidade dos catálogos, as interfaces cada vez mais repletas de recursos extra desnecessários e a falta de um “ambiente” ou “aparelho” específico para a atividade de escutar música se acumulam para criar uma experiência considerada mecânica para muitos usuários.
Com o vinil, a experiência é outra: cada disco possui uma materialidade e permanência que resiste ao tempo. É necessário guardar e organizar sua biblioteca, e é preciso se levantar e intencionalmente colocar cada disco que será escutado em seu toca-discos. Esse resgate do “ter” e “preservar” algo físico tem conquistado brasileiros de diferentes gerações, e é especialmente interessante para quem gostar de apresentar seus gostos para filhos, primos e outras crianças, deixando uma herança não apenas financeira mas também cultural. E o aumento na demanda tem sido acompanhado pela oferta. Nos últimos anos, diversas gravadoras passaram a relançar álbuns clássicos e até novas produções em vinil, atendendo a uma demanda que cresce ano após ano.
Vantagens do vinil
Personalidade do Áudio: Embora serviços de assinatura premium como o Apple Music ofereçam a opção de áudio Lossless em alta definição, garantindo que a qualidade não é comprometida, a experiência sonora do vinil ainda é bastante diferente da encontrada em plataformas digitais: por se tratar de um formato analógico, os discos de vinil tem uma assinatura sonora bastante característica, por muitos descrita como um som mais “encorpado” e com pequenos sinais específicos ao formato. Além disso, como a maioria dos usuários usa planos de assinatura mais baratos e faz streaming via 4G, a qualidade sonora do vinil costuma ser significativamente maior que os formatos de economia de dados móveis encontrados nos apps.
Experiência e Ritual: Ouvir um vinil não é apenas sobre a música, mas sobre o ritual. Escolher um álbum, retirar o disco da capa, posicioná-lo no toca-discos e ouvir cada lado por completo é um processo envolvente e nostálgico. Alguns artistas criaram albuns inteiros pensando que cada música seria escutada em sequência, sem pausas ou playlists misturadas. A intencionalidade é, de acordo com especialistas, parte importante do relaxamento e imersão: o hábito e gesto de preparar o disco para ser escutado já é suficiente para aumentar o foco e apreciação.
Colecionismo e Valorização: Para muitos, colecionar vinil é um hobby valioso, e os discos tornam-se relíquias. Além disso, os vinis vintage tendem a ganhar valor com o tempo, tornando-se um investimento para colecionadores. A comunidade cada vez maior de entusiastas também ajuda iniciantes a economizar, encontrar discos específicos, e até começar a ganhar dinheiro dentro deste universo.
Desvantagens do vinil
Manutenção e Fragilidade: O vinil é um formato delicado que exige cuidado. O armazenamento inadequado e o manuseio impróprio podem causar arranhões, comprometendo a qualidade do som, e discos podem ser quebrados ou entortados ao ponto de não funcionarem mais.
Custo: Começar uma coleção de vinil e montar um bom setup não é barato. Discos novos podem custar em média R$150 a R$300, enquanto edições antigas raras podem valer centenas ou até milhares de reais. Além disso, toca-discos antigos podem custar caro, especialmente quando restaurados por especialistas.
Espaço: Diferente da música digital, os discos físicos ocupam espaço. Armazenar e organizar uma coleção pode ser um desafio, especialmente em casas e apartamentos menores.
Coleções antigas se misturam com novos lançamentos
No Brasil, os discos de vinil antigos nunca perderam totalmente seu valor. Discos de artistas nacionais, como Elis Regina, Chico Buarque, e Roberto Carlos, ainda são encontrados em feiras de vinil e brechós. Com a demanda crescente, surgiram também as reedições de álbuns clássicos e o lançamento de discos de artistas contemporâneos como Anavitória, Criolo e BaianaSystem. Muitas gravadoras têm investido em vinis coloridos e de tiragem limitada, tornando-os peças de desejo para colecionadores.
As lojas de discos independentes, como a Locomotiva Discos em São Paulo, são hoje um ponto de encontro para aficionados, que compartilham histórias e dicas sobre raridades. Além disso, várias lojas virtuais especializadas e marketplaces oferecem opções para quem busca tanto discos novos quanto usados. A grande novidade, no entanto, é o retorno de grandes artistas modernos ao formato. Billie Eilish, Simple Plan, Dua Lipa, Adele e milhares de outros artistas decidiram lançar seus álbuns atuais em vinil, muitos em edições lindíssimas com arte personalizada, acessórios e conteúdo bônus. Além de servir como objetos de coleção para os fãs, os retornos financeiros no vinil são muito maiores, por isso, muitos artistas consideram o vinil uma das principais ferramentas para contornar as grandes taxas cobradas por plataformas de streaming.
Como ouvir músicas em vinil em 2024?
Para começar no mundo do vinil, investir em um setup básico, mas de qualidade, é essencial para aproveitar ao máximo a experiência sonora. Aqui estão algumas sugestões para um início satisfatório e sem gastar demais:
Toca-Discos: Há uma infinidade de toca-discos no mercado nacional. Para muitos, a melhor opção é um toca-discos antigo de marcas como Gradiente que oferecem muita qualidade a preços acessíveis, no entanto, é necessário garantir que o equipamento está bem preservado antes da compra – os reparos em um aparelho defeituoso podem custar um valor elevado. Há também modelos novos e acessíveis encontrados em plataformas como o AliExpress, inclusive com recursos extra como formatos inusitados e Bluetooth, no entanto, embora suficientes para iniciantes, estes aparelhos oferecem qualidade sonora muito abaixo da capacidade do vinil. Para quem deseja investir um pouco mais em um aparelho moderno e com boa qualidade, o Audio-Technica AT-LP60X é uma opção de entrada muito recomendada para iniciantes, disponível no Brasil por cerca de R$ 1200. Ele é automático e oferece um bom som sem grandes complicações. Outra alternativa é o Pioneer PL-30-K, um pouco mais caro, mas com melhor precisão sonora.
Amplificador: Para amplificar o som do toca-discos, uma opção acessível é o Edifier R1280DB, um par de caixas amplificadas com excelente custo-benefício e compatibilidade com diversas entradas, incluindo RCA e Bluetooth, o que permite flexibilidade para quem deseja criar um ambiente para música na sala ou escritório.
Acessórios Essenciais: Um kit de limpeza de vinil é indispensável para preservar seus discos e garantir a qualidade do som. Kits como o da Vinik, com escova de veludo e solução de limpeza, custam em torno de R$50. Além disso, protetores de plástico para as capas são uma boa ideia para evitar o desgaste do tempo.
Escolha de Discos: Para quem está começando, é interessante buscar discos usados em feiras e brechós. Muitas vezes, é possível encontrar álbuns em boas condições por valores entre R$30 e R$80. Discos novos podem ser adquiridos em lojas como a Discoplay ou no site da Saraiva, que possuem um catálogo variado de clássicos e lançamentos.
A volta do vinil no Brasil é uma resposta ao desejo de algo mais autêntico e duradouro, contrapondo-se à efemeridade do streaming. O vinil oferece uma experiência que envolve som, tato e até olfato, criando uma conexão com a música que vai além do áudio. Se você está cansado das limitações digitais e deseja uma experiência sonora mais próxima do original, o vinil pode ser uma alternativa interessante.