JdeB – A praça na entrada do Morro do Calvário, em Francisco Beltrão, homenageia o pioneiro Paulo Borghesan. O local é mais frequentado durante a Semana Santa, mas recebe visitantes durante todo o ano, como ponto de descanso para aqueles que sobem o morro para orações na estátua do Cristo.
Reinaugurada em abril de 2019, a praça passou por melhorias importantes, incluindo um novo parquinho infantil com grama sintética. Também conta com academia para a terceira idade, ponto de ônibus e ponto de táxi, além de um espaço para apresentações culturais. Food trucks também ocupam o local, oferecendo uma variedade de lanches e bebidas.
Michelli Arenza, jornalista em Francisco Beltrão e bisneta de Paulo Borghesan, compartilha memórias passadas de sua avó Maria Borghesan. “Minha vó, mãe da minha mãe Amélia, é quem me contava histórias de antigamente. Ela tinha 18 anos quando veio com o pai Paulo Borghesan e a família, em cima de um caminhão, lá de Nova Orleans, em Santa Catarina. Em 1948, quando chegaram aqui em Francisco Beltrão, tinha apenas três casas. Vó Maria contava que eles tinham uma vida razoável lá em Santa Catarina, mas vieram em busca de novas oportunidades. Por lá, tinha propaganda, cartazes espalhados que diziam que aqui no Sudoeste do Paraná havia bastante terra disponível. Foi muito difícil essa mudança porque aqui era quase tudo mato. Eles tiveram que construir uma casinha de tábuas quando chegaram, que era cheia de frestas. Minha vó contava que chorava muito, no começo. Essa primeira casa ficava numa área perto do morro do calvário, onde hoje é o Pinheirinho.”
Paulo Borghesan foi um importante líder da comunidade. Eleito vereador em 1956 e 1960, foi presidente da Câmara e assumiu a Prefeitura interinamente, em 1964, substituindo o prefeito Euclides Scalco, que havia se licenciado para concorrer a vereador. “O que minha vó contava sobre a vida política do pai é que, pra fazer campanha, pra ouvir o povo, era um grande desafio, um empenho. Era tudo a cavalo e não tinha muitas estradas pra chegar às casas das pessoas. Eles seguiam por picadas em meio às matas. O meu bisavô ficava semanas fora visitando os moradores. Familiares contam que ele era muito querido pelos eleitores, que o pessoal do partido dele dizia o seguinte: onde o Paulo Borghesan passa com seu cavalo é voto garantido.”
Para a família Borghesan, ver o nome de Paulo eternizado na praça do Morro do Calvário é motivo de grande orgulho. “É uma forma de eternizar o legado dele como político e cidadão que contribuiu para o desenvolvimento de Francisco Beltrão. Meu bisavô teve papel importante para a comunidade, numa época em que tudo era mais difícil e se esforçou para ajudar nossa querida cidade a prosperar.”
Quem foi Paulo Borghesan
Paulo Borghesan (27-5-1904 e 2-12-1973), filho de Gildo Borghesan e Ana Lon, chegou a Francisco Beltrão em 1948 e morou nos bairros Pinheirinho e Cango. Casado com Vitória, com quem teve quatro filhos – Dorvalino, Maria, Jacinto e Ivo –, trabalhou no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e foi vereador em dois mandatos, pelo PTB, de 1957 a 1960 e de 1961 a 1964. Em 1964, assumiu a Prefeitura como presidente da Câmara Municipal, substituindo o prefeito Euclides Scalco. Na primeira eleição fez 121 votos e na segunda, 521. Na primeira eleição foi o nono mais votado e na segunda, o quarto. Em 1960, votaram 8.498 eleitores (pra prefeito) e Borghesan fez 6,1% dos votos. Em 2014, que teve 49.837 votantes, 6,1% daria 3.040 votos, seria o vereador mais votado.
