14.2 C
Francisco Beltrão
sábado, 07 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

AGRICULTURA FAMILIAR

“A produção de leite paga as contas nas pequenas propriedades”

Gerente do Departamento de Agricultura fala sobre programas oferecidos.


O gerente do Departamento de Agricultura de Marmeleiro, Luiz Carniel, diz que as famílias devem fazer com que os jovens permaneçam no campo produzindo alimento. Foto: Nereu Miserski/JdeB.

Rodrigo Accorsi e Jdeb – Conforme os números do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) de Francisco Beltrão, foram produzidos 41 milhões de litros de leite no ano de 2023 no município de Marmeleiro. Em média, foram 17,8 litros por vaca/dia, com um número estimado de 7.540 vacas ordenhadas em todo o município. As informações são do engenheiro agrônomo Ricardo Kaspreski, do Deral.

O gerente do Departamento de Agricultura de Marmeleiro, Luiz Carniel, diz que a produção de leite está presente na maioria das propriedades e que essa produção é a responsável por pagar as contas dos pequenos agricultores.

“É praticamente o leite que paga as contas, da pequena propriedade principalmente, que mantém a atividade. Precisamos garantir que nosso produtor dê continuidade à produção de leite. Se um sair da atividade, com certeza entra outro e assim vai. A produção de alimento continua, porque nosso consumidor precisa ser atendido nas suas necessidades e o leite é um produto ainda básico, que está na mesa de todos os brasileiros todos os dias.”

Programas
Dentre os principais programas oferecidos aos pequenos agricultores em todo o município, está o de fornecimento de calcário subsidiado. “São distribuídas até 10 toneladas de calcário por produtor que tenha até 20 hectares de área, de acordo com o que diz a lei.” No programa Porteira Adentro, que é feito por editais, tem que haver a nominata dos interessados em contar com os benefícios. “Para este programa o produtor precisa recolher um valor, que é subsidiado e bem inferior ao valor de mercado. Após isso é executado o serviço, sempre respeitando o cronograma.”

Há ainda o Programa de Melhoramento Genético (PMG) destinado à bovinocultura de leite. Carniel lembra como foi no início. “O PMG foi iniciado na primeira gestão em que foi formado o Departamento de Agricultura, entre os anos de 1993 e 1996. Foram treinados 20 produtores e na época foram investidos R$ 50 mil na compra de equipamentos, como botijões e todos os acessórios. É uma história que começa com a produtividade de quatro litros por vaca/dia em média.” Em 2023, o número fechou com média de 17,8 litros por vaca/dia (Deral).

Esforço conjunto
Carniel reforça que isso somente foi possível porque houve um esforço conjunto entre o poder público e os produtores e que a maioria dos agricultores recebe o sêmen para inseminação artificial sem qualquer custo. “Hoje (16/10), estamos cumprindo mais uma etapa do programa, com o nitrogênio líquido para todos os botijões, de forma gratuita. São mais de mil litros de nitrogênio oferecidos para os nossos agricultores.”

Carniel destaca que o sêmen também já foi licitado para esse período. “São 9.800 doses das raças Holandesa, Jersey, Angus e Giro Leiteiro. Alguns lotes são 50% subsidiados, mas de modo geral todos recebem gratuitamente. Vejo que o programa teve seu alcance econômico e social no nosso município e atingiu seus objetivos.”

Apesar disso, Carniel lamenta que muitos ainda não aderiram ao programa e estão perdendo a oportunidade de melhorar a produção e, consequentemente, aumentar a produtividade leiteira nas suas propriedades.

- Publicidade -

Adequações
Justamente por toda evolução registrada nos últimos anos, Carniel afirma que serão necessárias algumas adequações para que os programas oferecidos estejam de acordo com o que a legislação exige. “Estamos encerrando um ciclo e deixando organizados todos os programas, para que tenham continuidade. Os programas Porteira Adentro, PMG e o do calcário precisam ter pontos adequados em função da evolução.” Ele diz que a participação dos produtores com sua contrapartida também é importante para que os programas possam funcionar com 100% de efetividade. “Eles precisam começar a dar alguma contrapartida para que o município possa oferecer outros serviços que são importantes também para nossos agricultores.”

Abrange o município
O programa PMG conta hoje com 106 botijões, que são particulares porque os produtores adquiriram. Eles recebem nitrogênio e sêmen para atender praticamente todo o município. “Às vezes eles atendem às propriedades vizinhas também. Temos alcance de no mínimo 80% no município, direta ou indiretamente do pessoal que tem os botijões. Esse alcance é importantíssimo porque a produção de leite é o sustentáculo das nossas propriedades rurais.”

Persistência
Um dos gargalos na produção de leite é a falta de mão de obra qualificada para o trabalho. Por isso, segundo Carniel, os produtores estão investindo na automatização das propriedades. Muitos com o sistema free stall (com camas individualizadas, corredores de acesso e pistas de trato), outros com o compost barn (composto por uma grande cama de compostagem, onde os animais ficam alojados, e um beiral de concreto que separa a cama do corredor de alimentação). “São estruturas que dispensam mão de obra, até porque não tem. É a evolução tecnológica que está aí. Desejamos que as famílias dos nossos produtores sejam persistentes e estimulem seus jovens a permanecerem na atividade, que remunera tão bem quanto qualquer emprego na cidade.”

Agricultures abastecendo butijões com nitrogenio líquido.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques