
JdeB – A recente valorização do dólar tem gerado impactos distintos para as empresas brasileiras, principalmente para aquelas que estão inseridas no comércio exterior. Cláudio Yokosawa, diretor de comércio exterior da Associação Empresarial de Francisco Beltrão (Acefb), destacou que, embora o aumento da moeda americana traga benefícios para as exportadoras, também impõe desafios para as importadoras. Em entrevista ao JdeB, ele detalhou os efeitos da alta do dólar e as estratégias que as empresas podem adotar para lidar com esse cenário.
Segundo Yokosawa, a alta do dólar geralmente beneficia os exportadores, já que estes recebem mais reais pela venda em dólares. “Ou seja, o importador do outro lado, em um país onde a moeda local não seja dólar, vai necessitar converter na moeda local. Se a moeda dele também sofreu desvalorização, ele vai pagar mais pela mesma quantidade em dólar. Geralmente, nesses casos, o exportador local necessita reduzir o preço, em dólar, para ser competitivo para o importador, afetando assim a rentabilidade, mesmo com o aumento do dólar”, explicou.
Ele ressalta que, em casos de commodities com preços baseados em dólar, o aumento do câmbio pode representar um ganho direto para as empresas que vendem no mercado interno. “Mas essas empresas / pessoas não são necessariamente exportadoras, apenas possuem produtos com cotações baseadas em dólar e no mercado internacional.”
Os desafios do dólar alto
Por outro lado, para as empresas que dependem de insumos importados, o aumento do dólar pode ter um efeito negativo. “O principal desafio é o aumento nos custos de importação, que inclui o preço dos produtos, o frete e, consequentemente, os impostos sobre as importações. Tudo isso eleva os custos finais”, afirma Yokosawa. Conforme disse, esse aumento nos custos pode impactar diretamente o preço dos produtos para os consumidores finais e afetar a competitividade das empresas no mercado.
Empresas brasileiras afetadas
De acordo com Yokosawa, mesmo as empresas que não realizam exportação são afetadas pela variação do dólar, especialmente no caso de produtos cujos preços são indexados à moeda americana como as commodities. “Quando o dólar aumenta, o valor em reais acompanha, melhorando a rentabilidade das empresas brasileiras que, mesmo sem exportar, vendem no mercado interno”, disse.
Futuro
O diretor da Acefb também abordou as perspectivas para o câmbio nos próximos meses. “O Banco Central do Brasil emite periodicamente boletins com expectativas para o câmbio, e a previsão é que o dólar se mantenha em torno de R$ 6,00. No entanto, o cenário fiscal brasileiro, somado a fatores globais, também influencia diretamente essa cotação. O empresário deve acompanhar essas tendências, mas sem basear suas decisões unicamente no câmbio.”
Além disso, ele reforça que o planejamento das empresas deve ser focado não apenas nas variações cambiais, mas também nos custos de produção, estoques e preços. “O câmbio é uma variável importante, mas o empresário deve se basear em um conjunto de fatores para tomar suas decisões estratégicas. Como diz o ditado, ‘não devemos colocar todos os ovos em uma única cesta’. A diversificação dos negócios é essencial para que as empresas não fiquem vulneráveis a oscilações de mercado.”