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Francisco Beltrão
terça-feira, 27 de maio de 2025

Edição 8.212

27/05/2025

FRANCISCO BELTRÃO

Comércio têm vagas para vendedor, mas faltam candidatos


É comum ver nas vitrines ou portas das lojas anúncios de vagas.


As empresas do comércio de Francisco Beltrão se ressentem da falta de trabalhadores. Há vagas na Agência do Trabalhador, mas também há falta de candidatos.

“Vaga para vendedor interno com experiência, ensino médio completo, vai realizar atendimento a clientes e venda de móveis e eletrodomésticos, para trabalhar em horário comercial em loja no Centro.” Essa foi uma das vagas relacionadas pela Agência do Trabalhador de Francisco Beltrão e divulgada nos veículos de comunicação locais de terça-feira, 14 de janeiro. No total, foram divulgadas 180 vagas para diferentes funções. Pelo menos 24 vagas eram para vendedor interno ou externo em empresas de comércio de diferentes subsetores. Porém, diariamente poucos trabalhadores aparecem para preencher ou se candidatar a essas vagas.

Vilmar Bottin, presidente do Sindicato dos Lojistas: problema é geral.


Vilmar Bottin, presidente do Sindicato de Lojas (Sindilojas), diz que a dificuldade de contratação se dá, também, nos setores da agricultura, comércio, prestação de serviços e indústria. Ao caminhar pela região central é comum ver anúncios afixados nas portas ou vitrines das lojas de contratação de vendedores.


O presidente do Sindicato dos Lojistas diz que “tudo está bem complicado. E ninguém quer se desafiar, porque tem que ter produtividade. As pessoas querem ganhar, só que no Brasil o índice de produtividade é muito baixo. Nos Estados Unidos, o trabalhador ganha por hora, se ele não produzir, não ganha. Temos que aumentar a nossa produtividade no Brasil”.

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Daniel Rosanelli, presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio, reconhece que há alta demanda por profissionais de venda no setor de varejo. “O comércio como um todo tem um apelo muito grande, e vendas é uma área que tem essa demanda por mão de obra, porque não se faz venda sem gente, precisa do atendimento. Mesmo com o advento das redes sociais, do comércio on-line, mas principalmente na nossa região como um todo, a gente tem muito ainda essa necessidade de atendimento pessoal, do presencial, as pessoas gostam do olho no olho, da pessoa explicando sobre o produto. E temos percebido, de fato, que essa demanda por mão de obra no setor do comércio para vendas, principalmente, não está atendida”.

Daniel Rosanelli, presidente do Sindicato dos Trabalhadores: qualificar os trabalhadores.


O sindicalista avalia que a economia está aquecida e há baixo índice de desemprego no Brasil, “as pessoas estão trabalhando, tem pouca gente sobrando no mercado de trabalho. Então, quando tem demanda por algum novo serviço ou alguma nova atividade, isso se preenche, a partir do ponto de vista, muitas vezes, da remuneração. Os setores hoje que estão conseguindo pagar melhor, e não só a questão financeira também, mas dar melhores condições de trabalho para as suas equipes, as suas funções acabam retendo mão de obra. E aí, o que a gente vê é pouca mão de obra disponível, não tem muito espaço para esse trânsito porque quem está muitas vezes atuando na área de vendas está com um nível equilibrado de vida e não vai trocar, às vezes, de local de trabalho por um salário parecido ou igual. Esse é um primeiro ponto. O segundo ponto é: nós precisamos qualificar a mão de obra, de fato, e isso é uma ação conjunta entre talvez setores laborais, o próprio Senac, o poder público municipal, estadual e federal, com ações que possam trazer muitas pessoas que têm pouca formação e que ocupam vagas de menor qualificação na sociedade, para que elas possam enxergar o comércio como uma possibilidade de trabalho”.


Trabalhador que mora longe tem mais gastos

Além destas questões expostas por Vilmar Bottin e Daniel Rosanelli, há outras que precisam ser analisadas. Na região Norte de Francisco Beltrão, onde residem cerca de 20 mil habitantes, muitas pessoas não se sujeitam a vir em busca de um emprego na região central porque o custo de vida delas tende a aumentar. Para trabalhar na área central há necessidade de deslocamento com transporte coletivo e até mesmo almoço ou lanche diariamente. Por isso, para quem recebe salário fixo, ou pequena comissão nas vendas, não se torna algo atrativo e rentável.
“Isso é um ponto crucial. As condições de trabalho, muitas vezes os trabalhadores estão morando em locais mais longe, inclusive por questão de valor do aluguel. A cidade cresce e no centro as coisas ficam mais caras, é normal isso em todas as cidades, e os trabalhadores estão, muitas vezes, à margem do centro. E nesse sentido, por exemplo, a gente enfrentou, nos últimos anos, principalmente em Francisco Beltrão, muita dificuldade no transporte coletivo. Segundo ponto, a questão de benefícios: quem vem de longe, muitas vezes acaba tendo que trazer marmita, traz comida fria ou come no centro, que nem sempre é barato. Hoje uma refeição no centro da cidade dificilmente se encontra por menos de 22, 25 reais para um trabalhador. Se for pensar em 20 dias por mês serão lá quase mil reais num salário base do comércio de R$ 1.900, então é só aí que você já levou 50% do salário. É por isso que inviabiliza e muitas vezes o trabalhador prefere ficar na informalidade”, analisa Daniel Rosanelli.

Trabalhadores vão para o mercado informal
Ele explica que em vez de trabalhar no comércio, com carteira de trabalho assinada, há pessoas que preferem atuar na prestação de serviço, sem horário fixo de trabalho, sem precisar trabalhar sábado ou domingo, e ainda assim conseguem organizar a vida financeira. “Esse movimento dos últimos anos, pós-reforma trabalhista, empurrou muitos trabalhadores para o mercado informal ou para ser MEI, e não que isso seja ruim, mas precisa de um projeto de sustentação. Não basta ser MEI e ficar prestando serviço de uma forma ligada diretamente à empresa. É o MEI que precisa ter condições de aplicar a sua atividade para que isso de fato contribua e produza para o país”, explica Daniel.

Ruim muita gente na informalidade
Para o sindicalista, é ruim para a economia ter muitos trabalhadores na informalidade e faltando gente no mercado formal, “porque também gera um limbo no mercado de trabalho que pode acontecer de faltar mão de obra, como no comércio, que está faltando trabalhadores e pode ter relação com muita gente sem trabalho que vai procurar outras coisas à margem da sociedade, que podem não ser lícitas, pode-se relacionar com a criminalidade, de ter oportunidades não tão bacanas de contato com a sociedade através de um viés que nós não defendemos, isso é ruim para a sociedade como um todo”.
Do lado patronal, o presidente do Sindilojas, Vilmar Bottin, argumenta que a alta carga tributária e os encargos são prejudiciais à iniciativa privada. “Os encargos sociais são muito altos. Esse é o grande problema, o custo é de 40% para as empresas”, alega. Vilmar acrescenta que mais recentemente até aparecem candidatos para as vagas, mas sem experiência.
O líder empresarial acrescenta dizendo que há setores que remuneram melhor do que alguns ramos do comércio varejista. “O que é uma dificuldade pra contratação pelas empresas do comércio”, ressalta Vilmar.


A Agência do Trabalhador sempre tem muitas vagas.

Muitas vagas pra vendedor e pouca procura, essa é a realidade em Beltrão

Em dezembro de 2024, Serley Faedo, agente de captação de vagas da Agência do Trabalhador de Beltrão, disse ao JdeB que, apesar das várias vagas ofertadas diariamente para vendedor, a procura de candidatos é baixa para esta função. “A gente pensa que é por causa do horário de trabalho. Não querem trabalhar no sábado. Às vezes tem que trabalhar até no domingo.”


Diariamente são ofertadas de 15 a 20 vagas de vendedor na Agência do Trabalhador. Para atrair vendedores, as empresas já não exigem maior escolaridade ou experiência na função. “As empresas até se dispõem a ensinar os candidatos”, diz Serley. As lojas que mais ofertam vagas de vendedor são as de vestuário, móveis e calçados.


O salário do vendedor interno fica na faixa de R$ 1.900 e comissão, dependendo sobre vendas e do tipo de empresa. A captadora de vagas avalia que as pessoas querem mais qualidade de vida, querem estar mais tempo com os filhos.

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