Por Jônatas Araújo – Francisco Beltrão, hoje um município com 100 mil habitantes, também tem um forte setor de agricultura e pecuária leiteira. No entanto, a expansão urbana fez com que as residências avançassem sobre algumas propriedades rurais, inviabilizando o agronegócio e fazendo com que alguns agricultores mudassem seu ramo de atividade.
A Chácara Silva e o Recanto do Dário, pontos turísticos bem conhecidos pelos beltronenses, enfrentaram esse processo de mudança no passado. Ambos trabalhavam com gado leiteiro, mas sofriam com invasões em suas propriedades, lixo deixado pelos invasores e até agressões contra o gado, o que os levou a desistir da pecuária leiteira.
A propriedade onde está localizado o Recanto do Dário pertence à família desde 1973. Altair Dário Júnior explica que a mudança para o turismo veio após muitas situações de vandalismo. “As vacas prenhes eram espancadas e acabavam tendo abortos. Cortavam a orelha de bezerros para fazer isca de pesca, muito lixo era deixado na beira do rio. O incômodo era grande. A gente conversava, reclamava com os amigos, e eles foram nos incentivando a trocar a boiada pelos humanos.”
A Chácara Silva, outra propriedade que passou por situação semelhante, pertence à família há mais de três décadas. Rafael conta que sempre trabalharam com gado leiteiro e hortaliças, mas há 14 anos precisaram interromper a atividade por causa do crescimento urbano.
Localizada na Rodovia Olívio Zanella – contorno que liga o Trevo da Cidade Norte ao Trevo sentido Itapejara D’Oeste –, a Chácara Silva era cercada por propriedades rurais. Hoje, indústrias e residências cresceram na região. Pelo Google Earth, é possível notar as significativas mudanças entre 2002 e 2024.


Rafael explica que, com o crescimento da cidade, surgiu a preocupação com a diminuição da renda familiar. A família montou um bar como forma de renda extra, mas já vislumbravam as possíveis mudanças que o futuro traria. “Quando vimos que teríamos que parar com o gado leiteiro, decidimos expandir para atender o público de fora. Fomos ampliando. Hoje, só mantivemos o cultivo das hortaliças.”
Do improviso ao turismo
Ao abandonarem a principal atividade na pecuária leiteira, tanto a Chácara Silva quanto o Recanto do Dário enxergaram no turismo uma oportunidade de profissionalização.

No Recanto do Dário, o começo foi um pouco improvisado. “Uma churrasqueira de pedra, uma copa improvisada com tábuas ao redor de uma árvore na sombra. E assim o recanto foi nascendo, crescendo devagar, sempre com o pé no chão”, explica Altair Dário Júnior.

Ele conta que hoje o recanto recebe clientes de vários cantos do Paraná. “O recanto é bem visitado, e não só por gente do nosso município. Pato Branco é um ‘clientão’. Dois Vizinhos, Realeza, Santa Izabel e outras cidades do Sudoeste também frequentam. No final do ano, tivemos visitantes de Foz do Iguaçu que vieram de lá só para acampar aqui. No começo era meio assustador, mas hoje estamos apaixonados pelo que fazemos.”
Depois do bar, a Chácara Silva continuou investindo no crescimento. Seus diretores construíram um campo de futebol e aumentaram a estrutura coberta para acomodar mais pessoas. Há cerca de cinco anos, criaram uma área de piscinas. “Hoje, trabalhamos com locação para passar o dia com grupos de famílias, amigos e empresas. Estamos a 4 km da praça central, muito bem localizados. A ideia para o futuro é seguir expandindo e fortalecer cada vez mais Beltrão e as belezas do município, que muitas vezes as pessoas não conhecem.”, diz Rafael Silva.