Mas isso também é política, infelizmente, esse teatro todo. Tempos atrás a espuma era a tal coleta de assinaturas para “o impeachment do Xandão”.
Lá vou eu de novo desagradar bolsonaristas e lulistas. Enfim, vamos em frente, sem medo dos dogmas. Anote aí: essa história de anistia para o pessoal da depredação do 8 de janeiro não vai acontecer. É “espuma”, como se diz, como foi, tempos atrás, o tal projetinho que queria acabar com a escala 6 por 1. Uma imbecilidade que serviu para pautar o jornalismo e dar holofote para a deputada Erika Hilton, uma das queridinhas da imprensa do centro do país.
A tal anistia — vamos imaginar que o processo andasse — teria que passar por uma série de trâmites, para, no fim, não dar em nada.
Me acompanhe: imagine que os líderes aceitassem o regime de urgência, imaginemos que a maioria dos deputados votasse a favor, etc. Feito isso, seria apontado um relator para o projeto. Imaginemos que então passasse, com maioria, na Câmara e no Senado (já estaríamos em agosto ou setermbro. Ou outubro, se aparecessem algumas emendas, e elas sempre aparecem…).
Por fim, imaginemos, com o “sim” do Congresso, iria para o presidente Lula — que vetaria. Daí os parlamentares derrubariam o veto. Então STF julgaria o projeto de anistia inconstitucional…
Escrevi em poucas linhas o que aconteceria se a coisa toda andasse. Mas não vai andar, porque não haverá consenso entre os líderes e tudo morre na casca. O bolsonarismo tenta ter um ganho político com isso, assim como a esquerda ganhou seu espaço com a proposta sem pé nem cabeça de acabar com a escala 6 por 1 (seis dias trabalhados e um de descanso), que geraria um caos na economia.
Mas isso também é política, infelizmente, esse teatro todo. Tempos atrás a espuma era a tal coleta de assinaturas no Senado para “o impeachment do Xandão”, lembram?
Isso também nunca vai acontecer. Os Senado jamais — jamais mesmo! — vai formar maioria para tentar destituir um ministro do Supremo. Mais fácil o Elon Musk colonizar Marte…
Dito tudo isso, me parece evidente que há penas completamente sem sentido para muita gente que participou do quebra-quebra do 8 de janeiro de 2023. Essas “tias do zap” foram num embalo do que foi gestado principalmente entre novembro e dezembro de 2022 (depois das eleições), quando, aí sim, foi tentado o golpe, conforme todo material que veio à tona posteriormente, corroborado com as delações e etc.
O plano era cassar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), anular as eleições (ninguém eleito em outubro de 2022 tomaria posse em janeiro e fevereiro) e prorrogar os mandatos dos eleitos em 2018 — entre otras cositas más…