Enquanto o marido Itelvino era tratorista e trabalhava na roça, Rosina se virava como podia para ajudar em casa.

Aos 94 anos, faleceu ontem e será sepultada na manhã de hoje a pioneira beltronense Rosina Faresin Montagna, após velório na Capela Mortuário Cristo ressuscitado, ao lado do Cemitério Municipal de Francisco Beltrão. Ela residia com a filha Maria Nelli Montagna, empresária da Real Móveis.
O texto elaborado pela família, na celebração de despedida, é o que segue:
“Histórico de Vida
Rosina Faresin Montagna nasceu em 3 de agosto de 1930, em Guaporé (RS), filha de Oreste Faresin e Thereza Ghizzoli. Casou-se com Itelvino Montagna em 31 de janeiro de 1951, na cidade de Casca (RS). Juntos, formaram uma grande família com dez filhos: Alcides, Maria Gilda, Maria Gecir, Maria Nelli, Ledir, Gilmar, Edegar, Mari Terezinha, Gilberto (in memoriam) e Genilde (in memoriam). Deixou netos, bisnetos, tataranetos e um legado de força e criatividade.
Em fevereiro de 1954, mudou-se com o marido e os dois filhos mais velhos para Francisco Beltrão (PR), onde enfrentaram uma vida simples e trabalhosa no interior. Passaram pelo km 12, km 18, e fixaram residência no km 20 em 1965. Enquanto Itelvino era tratorista e trabalhava na roça, Rosina se virava como podia para ajudar em casa: fazia briques, vendia limões e bolachas, produzia cerveja e cuidava dos filhos com firmeza — e com um instinto incansável de fazer o possível (e o impossível) para nunca deixar faltar nada.
Rosina nunca foi uma mulher fácil. Criou 10 filhos com disciplina, autoridade e um certo gosto pelo controle. Talvez porque não tivesse escolha. Aprendeu a ser rígida e a guardar os sentimentos para si — enquanto o carinho mais visível ficava por conta do “nono”.
Após a morte de Itelvino em 1997, foi morar com a filha Nelli. A convivência diária foi se estreitando com os anos. E mesmo sem saber ler, sem frequentar escola ou assistir televisão, Rosina ensinava de outros jeitos. Através de conversas inventadas, histórias improvisadas e silêncios compartilhados, ela mostrou que a realidade, às vezes, não basta — e que a imaginação pode ser um alívio, um caminho e até uma ponte entre gerações.
“Já consegui arrancar um ‘eu te amo’ dela” — escreveu a neta Aline. Com carinho e persistência, até as armaduras mais rígidas se abrem.
Rosina partiu no dia 6 de maio de 2025, aos 94 anos, deixando muito mais que lembranças. Deixando histórias — reais e inventadas — que vão seguir sendo contadas com o coração.