Natural de São Paulo, Marcelo Batista jogou futebol de campo na Portuguesa de Desportos junto com Dener, que também jogou no Grêmio e Vasco, mas faleceu precocemente aos 23 anos em um acidente automobilístico.

Desde 2023 no Marreco, Marcelo Batista, o Tchelo, está fazendo um grande trabalho na equipe de Francisco Beltrão. Mas quem acompanha futsal apenas de uma década para cá, não sabe de muitas histórias curiosas da vida profissional dessa personalidade do futsal brasileiro. Por isso, o Jornal de Beltrão fez o podcast “Entrevista da Semana” com o Tchelo, para detalhar um pouco mais de sua carreira.
Sendo jogador da Seleção Brasileira, ele era conhecido como Marcelinho. Como treinador na Itália, todos o chamavam de Batista. E como treinador no Brasil, é o Tchelo. “Quando eu joguei no Vasco de Caxias do Sul, tinha quatro atletas com o nome de Marcelo, um deles, inclusive, é o Marcelo Serrão, que jogou no Marreco. Então começaram a me chamar de Tchelo e ficou”, recorda-se.
Natural de São Paulo, nascido em 20 de março de 1968, ele começou a carreira como atleta de futsal na equipe da empresa Blindex. Depois, passou a atuar no Benfica de Vila Maria. Nesse período, entre os 16 e os 18 anos, ele atuava no futsal e no campo, como atleta da Portuguesa de Desportos.
“Quando a gente chegava aos 18 anos, tinha que escolher pelo futsal ou futebol, e eu preferi ficar nas quadras. O Dener, por exemplo, preferiu seguir no futebol, ele era diferenciado mesmo, a gente se criou junto, morávamos na mesma região de São Paulo”, comenta Tchelo, que jogou junto com o Dener Augusto de Sousa, jogador extremamente rápido e habilidoso, que era considerado um dos melhores daquela geração do futebol brasileiro, tendo jogador também no Grêmio, Vasco e na Seleção Brasileira.
Mas, infelizmente, Dener faleceu em um acidente automobilístico aos 23 anos de idade. “Ele era três anos mais novo que eu, foi uma pena mesmo ele ter falecido tão novo, seria um grande jogador do nosso futebol”, complementa.
Saindo de São Paulo
O primeiro clube fora de São Paulo que Tchelo jogou foi o Blumenau (SC), onde ficou por três temporadas. Foi nesta cidade que ele conheceu sua esposa, a Silvani, com quem teve um filho, o Igor, que mora em Londres, na Inglaterra.
Depois, Tchelo foi jogar no Frango Sertanejo, que era um dos principais times do Brasil na década de 1980. Em 1992, ele foi jogar na Inpacel, da Arapoti, que era a base da Seleção Brasileira, com jogadores como Manoel Tobias, Jorginho, Vander Iacovino, Choco, Danilo, Fernando Ferretti, dentre outros nomes muito conhecidos da história do nosso futsal.
Em 1993, começou a trajetória de “Marcelinho” na Enxuta, de Caxias do Sul (RS), onde conquistou vários títulos, dentre eles a Taça Brasil de 1996 em cima do Vasco, que também era de Caxias, mas do bairro São Pio X.
“Depois daquela Taça Brasil, o projeto da Enxuta terminou. Aí eu fui contratado pelo Vasco e disputamos a primeira edição da Liga Nacional, ainda em 1996, chegamos na final e perdemos para o Inter. E eu fui o melhor ala-esquerdo na LNF, o que me rendeu a convocação para a Seleção Brasileira”, comenta Tchelo, que não esconde a frustração por não ter sido convocado para a Copa do Mundo de 1996, quando o Brasil foi campeão.
“Faz parte do processo, você pode ser convocado ou não, mas como eu vinha atuando muitos jogos com a camisa da Seleção Brasileira, eu esperava ser convocado. Fiquei chateado sim, tanto que nem consegui assistir aos jogos. Mas depois eu superei e segui a minha carreira”, complementa.
Primeira LNF da ACBF
Em 1997, a ACBF, de Carlos Barbosa (RS), disputou sua primeira Liga Nacional e Tchelo fez parte desse elenco, que ficou em terceiro lugar.
“Com o fim da Enxuta, muitos jogadores acabaram indo para Carlos Barbosa, que se tornou uma referência no futsal. Mas quando eu joguei lá, o projeto ainda estava no início. Fiquei muito feliz de voltar a Carlos Barbosa após quase 28 anos e ver como tudo evoluiu tanto nesse período”, comenta Tchelo, que venceu a ACBF com o Marreco, pela LNF Cresol 2025, por 5 a 2, no dia 27 de maio.
Partiu Espanha
Em 1999, após conquistar vários títulos no futsal brasileiro, Tchelo foi jogar no “Real Madrid do futsal”, no time que todo atleta sonha em um dia jogar (e até hoje é assim!): Inter Movistar, que na época se chamava Interviú.
“Fui eu e o Choco pra lá naquele ano, era um sonho jogar na Inter, foi uma experiência incrível. Morar em Madri é algo que eu não imaginaria nunca, são coisas que o futsal proporcionou pra mim e pra minha família”, conta Tchelo.
Parou e voltou
Em 2000, Tchelo voltou para o Brasil para jogar a Liga Nacional pelo Banespa (SP), mas assim que terminou a temporada ele decidiu parar de jogar.
“Fiquei uns quatro meses sem jogar, eu estava cansado já, tinha passado dos 32 anos. Mas aí o Coronel Mário César, com quem trabalhei aqui no Marreco também, me convidou para montar o time do Itajaí Futsal (SC) e eu aceitei o desafio”, lembra-se.
Mal sabia Tchelo que ele estava longe de encerrar sua carreira, pois em 2002 ele partiu para jogar na Itália, primeiro no Caserta, depois no Marcianise, onde atuou até 2007 e clube que encerrou a carreira como jogador.
“Queriam que eu fosse o treinador na época, mas eu não queria. Foi aí que eu indiquei o Marquinhos Xavier, hoje técnico da Seleção Brasileira, para ser nosso comandante. Ele tinha encerrado seu trabalho no Palmas, aqui no Sudoeste do Paraná, e foi pra Itália trabalhar com a gente. Em 2007 ele voltou ao Paraná para treinar o Toledo e a carreira dele decolou em 2009, com a Copagril, de Marechal Cândido Rondon”, diz Tchelo, que na Itália também foi treinador do Napoli, Lazio, Latina, Real Rieti e Sandro Abate, clubes muito tradicionais do futsal italiano.
No Brasil, além do Marreco, Tchelo trabalhou também no comando do Canoinhas (SC) e na AAEMA, de Mariópolis, quando conquistou o acesso para a Série Ouro do Paranaense, em 2021.
“Eu gosto muito de morar em Francisco Beltrão, é uma cidade muito acolhedora, eu e minha esposa somos muito reservados, estou muito feliz no Marreco Futsal”, complementa.