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Francisco Beltrão
domingo, 22 de junho de 2025

Edição 8.230

21/06/2025

O que a ciência diz sobre a musculação na infância?


Felipe Gavenda, atleta e treinador, desmistifica mitos e reforça a importância do treino de força desde cedo: “sedentarismo infantil é o verdadeiro risco”.


Felipe Gavenda, atleta amador de fisiculturismo e treinador. FOTO: Jônatas Araújo/ JdeB..

Ainda há quem tenha dúvidas se a prática da musculação na infância pode atrapalhar o crescimento das crianças, mas a ciência e a experiência prática têm mostrado justamente o contrário. A atividade física, incluindo o treino de força com pesos, quando bem orientada, é benéfica e recomendada desde a infância. “Crianças podem e devem, se possível, fazer musculação com acompanhamento e os devidos cuidados”, afirma o atleta e treinador Felipe Gavenda, que tem acompanhado de perto o aumento da procura por treinos específicos para o público infantil.

Felipe diz que o ideal é que, até os 6 anos, a criança seja estimulada com atividades físicas voltadas ao desenvolvimento motor e à coordenação. A partir dos 6 ou 7 anos, já é possível incluir treinos com peso corporal e sobrecarga leve, com enfoque técnico e execução correta. “Nessa fase, o treinamento deve ser mais dinâmico e lúdico, para não se tornar maçante.” A musculação em si, com sobrecargas maiores, pode ser introduzida a partir dos 12 anos, sempre com orientação especializada para evitar erros de postura ou carga excessiva.

Crescimento infantil não é afetado pelo treino

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O treinador destaca que o receio sobre impactos no crescimento não tem respaldo científico. Ele classifica como um “grande mito” a ideia de que musculação atrapalha o desenvolvimento ósseo. Pelo contrário, a prática correta ajuda a fortalecer os ossos e a aumentar a densidade mineral óssea, o que previne lesões e doenças no futuro.

A diferença entre o treino de uma criança e o de um adulto está principalmente na forma de condução. Os exercícios podem até ser semelhantes – como agachamentos, corridas, movimentos funcionais ou até levantamento de peso –, mas com atenção redobrada à técnica e ao volume. “A criança precisa de estímulos adequados à faixa etária. Conforme se aproxima da adolescência, o treino pode se assemelhar ao de adultos, sempre com os devidos ajustes”, orienta Felipe.

O treinador também chama a atenção para os inúmeros benefícios da atividade física desde cedo. Ele cita avanços no desempenho motor, na força, na resistência, na saúde mental e até no rendimento escolar. “O exercício físico contribui para o desenvolvimento cognitivo e está diretamente relacionado ao aumento do QI da sociedade em médio e longo prazo.”

A criança irá seguir o exemplo em casa

Com o avanço do sedentarismo e o uso excessivo de telas, o incentivo à movimentação se tornou um desafio. A recomendação de Felipe para os pais é clara: dar o exemplo. “A criança se espelha nos pais. Se eles têm o hábito de praticar exercícios, é natural que ela também queira participar.” Além disso, ele sugere tornar o processo divertido e utilizar, a favor, os próprios meios digitais, apresentando conteúdos ligados ao esporte e à saúde que possam despertar o interesse dos pequenos.

Nos últimos anos, Felipe notou um crescimento expressivo na busca por treinos infantis, inclusive de musculação. Para ele, esse movimento é muito positivo. “Estamos formando uma geração mais saudável, com menos riscos de doenças e com maior preparo físico e mental. Isso também favorece o surgimento precoce de talentos esportivos.”

Pesquisas comprovam a eficácia em crianças e adolescentes
De acordo com um estudo publicado pela Mayo Clinic – instituição médica referência em pesquisa, educação e atendimento clínico nos Estados Unidos –, o treinamento praticado desde a infância pode contribuir para o desenvolvimento físico, mental e até acadêmico das crianças. Ajuda a melhorar o desempenho esportivo, fortalecer ossos e articulações e promover a autoestima. Uma análise publicada na revista Sports Medicine, em 2023, comparou mais de 50 estudos com crianças e adolescentes entre 5 e 18 anos e encontrou evidências de que o treinamento de resistência também tem impactos positivos na cognição, no desempenho escolar e no comportamento em sala de aula.
Ainda segundo a Mayo Clinic, o ideal é que a criança realize de uma a duas séries com 8 a 12 repetições de cada exercício, com atenção à postura e à execução correta dos movimentos. E, assim como os adultos, elas também precisam de descanso entre os treinos para evitar lesões.

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