Número crescente de acidentes em silos preocupa entidades e motiva fiscalização mais rigorosa no setor.

O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), em parceria com a Associação de Engenheiros Agrônomos de Francisco Beltrão (AEA-FB), o Ministério do Trabalho e o Corpo de Bombeiros, promoveu nesta quarta-feira, 25, um evento técnico voltado à segurança e responsabilidade na armazenagem de grãos. A atividade aconteceu no auditório do Centro de Eventos de Francisco Beltrão e teve como público-alvo gestores e responsáveis técnicos de unidades armazenadoras.
O objetivo foi orientar quanto às responsabilidades técnicas, às condições de trabalho e aos procedimentos de salvamento em estruturas como silos e armazéns, que têm registrado um número crescente de acidentes, principalmente por engolfamento — quando o trabalhador é sugado para o interior da massa de grãos, situação que costuma exigir resgates de alta complexidade por parte do Corpo de Bombeiros.
Segundo a presidente da AEA-FB, Lilian Furlan, a preocupação com o tema é concreta e recorrente. “Temos registrado acidentes graves em estruturas de armazenagem, e o engolfamento tem sido um dos principais. Em muitas situações, o Corpo de Bombeiros precisa agir sem as condições ideais de resgate.”
O evento faz parte de uma série de encontros promovidos pelo Crea-PR em diferentes regiões do estado. Já foram realizadas reuniões em Apucarana e em Francisco Beltrão, com próximos encontros agendados para Cascavel, Ponta Grossa e Paranaguá. A previsão é de que esse primeiro ciclo seja concluído até o final de julho.
Durante o evento, o engenheiro agrônomo Dirceu Antonio Schnem, conselheiro da Câmara Especializada de Agronomia do Crea-PR, alertou para a necessidade de atenção. “A produtividade do setor está em alta e a demanda por armazenagem também. Os acidentes são raros, mas quando acontecem, são fatais. Isso nos preocupa muito.”
Já o engenheiro agrônomo Verginio Stangherling, coordenador da Câmara de Engenharia de Segurança do Trabalho do Crea-PR, reforçou que todas as unidades de armazenagem devem ter profissionais habilitados tanto na área de agronomia quanto em segurança do trabalho. Segundo ele, novas tecnologias permitem a automação de tarefas que antes exigiam a presença física de trabalhadores dentro dos silos, como o controle de umidade e fungos. “Mesmo assim, ainda há quem entre nos armazéns, pisa em locais com bolsões de fungo, afunda e acaba sendo soterrado. Por isso, é essencial que todos os equipamentos de segurança estejam instalados e em conformidade com as normas.”
Stangherling ainda destacou que os silos menores, comuns em propriedades com aviários, são os que mais registram acidentes. “O produtor sobe para fazer a manutenção, escorrega ou cai, e acaba sufocado pela poeira ou pelo peso da ração ou dos grãos.”
Segundo ele, o Crea-PR, alinhado às diretrizes nacionais, vem intensificando a fiscalização em unidades de armazenagem, verificando desde a presença de responsáveis técnicos até as condições de manutenção dos equipamentos. O Ministério do Trabalho também tem realizado vistorias e interditado locais que não cumprem as normas mínimas de segurança.